Por que números tão divergentes nas pesquisas Serpes/Acieg e Directa/Jovem Pan?
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Cada instituto tem metodologia própria para aferir o humor do eleitorado em relação aos candidatos, mas como justificar que os dois institutos apresentem resultados tão diferentes se a conceituação é idêntica?
Afonso Lopes
Primeiro saiu a pesquisa Serpes a pedido da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). Logo depois, a Directa, em parceria com a rádio Jovem Pan local, também publicou um levantamento. As duas pesquisas têm um ponto em comum entre elas: a data de realização, mais ou menos a mesma. Há também outras duas coincidências: os dois líderes, para o governo do Estado e para a primeira vaga do Senado, são Ronaldo Caiado e o governador Marconi Perillo, respectivamente. Daí em diante acabam as coincidências e surgem as diferenças, algumas delas simplesmente incríveis. Há alguma explicação lógica para isso mesmo levando-se em conta a regra máxima de que não se deve comparar resultados de institutos diferentes? Se existe uma explicação ninguém a mostrou.
Para o Serpes/Acieg, Ronaldo Caiado lidera a preferência neste momento, e em uma simulação com confronto direto apenas entre os três candidatos mais citados, com 44%, com Daniel Vilela em segundo, com 12,1%, e José Elton, com 6,2%. Essa mesma simulação obteve resultados muito diferentes na pesquisa Directa/Jovem Pan: Caiado líder com 32,7%, José Elton em segundo, com 19,6%, e Daniel, com 14,2%. Como as duas pesquisas foram feitas praticamente nos mesmos dias e com aplicação no mesmo universo eleitoral, no caso todo o Estado de Goiás, é difícil entender as diferenças nos percentuais de cada candidato. Do Serpes para a Directa, Caiado perde 11,3% das intenções de voto, enquanto José Elton aumenta 13,4% e Daniel cresce 2,1%. A variação do peemedebista frequenta a margem de erro admitida pelos institutos, mas as diferenças encontradas com Ronaldo Caiado e José Elton extrapolam essa margem em vários pontos porcentuais.
Discrepância
Também para o Senado a discrepância é brutal. No Serpes, Marconi lidera com 13,6% e sobe para 28,2% no Directa. Lúcia Vânia passa de 9,5% no Serpes para 18% no Directa. O vereador Jorge Kajuru também apresenta números completamente diferentes. Para o Serpes, ele teria somente 7,8%, insignificantes 0,8% em relação ao resultado de dona Iris Araújo, que jamais levantou a possibilidade de disputar o Senado. Ela trabalha candidatura a deputada federal. Já os números do Directa colocam Kajuru, com 18,1%, e Lúcia Vânia, com 18%, empatados tecnicamente. No Serpes, Lúcia é a segunda colocada, meio ponto a mais que Maguito Vilela. Como na aferição para o governo do Estado, as diferenças entre os dois institutos explodem os tetos das margens de erro.
Quem está errado? Pesquisas são sempre uma grande complicação, mesmo em casos gritantes como esse. Pode ser que um dos levantamentos tenha cometidos erros entre a coleta de informações e a conclusão das tabelas. Mas, dentro das probabilidades, pode ser que ambos erraram. Ou até que os dois institutos estejam certos, e as variações sejam justificáveis pela falta de cristalização da opinião geral do eleitorado.
De qualquer forma, existem alguns fatos que despertam minimamente a curiosidade. O Serpes, embora também tenha atuação independente, é o instituto que normalmente costuma divulgar suas pesquisas, mesmo aquelas que não são fruto da parceria entre as empresas, no jornal “O Popular”. Desta vez, o máximo que se percebeu foi uma nota aqui ou um mero registro ali. No levantamento para o Senado, é muito difícil compreender a multidão de nomes pesquisados, como o de Maguito Vilela, que seria plano B apenas para o governo do Estado pela impraticabilidade de pai e filho aparecerem na chapa majoritária, dona Iris, que é apontada como uma das favoritas para a Câmara dos Deputados, Flávia Morais, candidata à reeleição como deputada federal, e até a secretária de Estado da Educação, Raquel Teixeira. Essa multiplicação de nomes pulveriza a real potencialidade de cada candidato que realmente tem condições de estar na disputa do ano que vem.
Por fim, a explicação de um dos diretores da Acieg para justificar o patrocínio da entidade para uma pesquisa eleitoral coroou o rol de estranhezas. Ele disse que o objetivo foi o de “medir” a potencialidade de cada candidato porque a entidade pretende levar as suas propostas para todos eles. Seria mais inteligente apenas acompanhar o noticiário político, e mais econômico também. A não ser que além desse fato exista alguma outra razão. E mesmo assim, continua sendo parte do jogo democrático. l