Sobe, desce, levanta, pula, corre, puxa, carrega peso… no CrossFit, a única regra proibida é ficar parado. Devido a essa alta performance, esse novo tipo de exercício tem sido muito procurado por pessoas que buscam melhorar rapidamente, de forma eficaz e segura, sua condição física.

Matheus Ribeiro, jornalista, político e empresário, tornou-se praticante de CrossFit há pelo menos dois anos e não se arrepende. ‘Eu até estou competindo e já participei de dois campeonatos até agora’, destaca ele. O jornalista revela que na adolescência enfrentou problemas de obesidade justamente por não gostar de exercícios físicos. ‘Quando eu era criança, fiz natação, tentei capoeira, fui para a musculação, mas nenhuma dessas práticas me atraiu’, conta. Matheus Ribeiro diz que, com o passar do tempo e o trabalho na televisão, mantinha uma rotina esportiva por necessidade profissional.

O jornalista enfatiza que costumava ir para uma academia comum, mas não tinha o compromisso necessário para obter os resultados desejados. O jornalista menciona que já havia feito algumas aulas de CrossFit, mas não se empolgou com a modalidade. No entanto, decidiu dar uma nova chance. ‘Dessa segunda vez, encontrei-me no esporte. Tem hora para começar, hora para terminar, é um esporte de alto gasto calórico. Percebi que não só trouxe benefícios para minha autoestima, mas também para o foco, disciplina e resistência necessários para realizar as atividades do dia a dia.’

Matheus Ribeiro esclarece que não foi apenas pela estética do corpo ou vaidade. ‘Claro que há um pouco disso, mas não foi o ponto decisivo’, assegura ele. Ele explica que os principais benefícios que o CrossFit tem lhe proporcionado são a constância e o foco no que faz, além de melhorias significativas em sua saúde. O jornalista relata que o esporte o ajudou a reduzir o estresse, aliviar tensões e trazer uma sensação muito positiva de bem-estar.

Ele defende o esporte, alegando que muitas pessoas dizem não gostar porque acham que ele causa lesões, e é por esse motivo que o CrossFit é demonizado. “Essas pessoas precisam experimentar e talvez não se apaixonem como aconteceu comigo. Meu amor pelo esporte veio na segunda tentativa e veio para ficar”, declara ele.

Matheus Ribeiro faz questão de deixar claro que as mudanças em seu corpo são resultado da disciplina nos treinamentos e não têm nada a ver com esteroides, anabolizantes, hormônios ou qualquer outro tipo de tratamento. “Quem usa essas coisas está se enganando e correndo sérios riscos de ter problemas graves de saúde. As mudanças visíveis não aconteceram da noite para o dia, são resultado de dois anos de prática.”

Matheus Ribeiro jornalista e crosfiteiro | Foto: Acervo Pessoal

O político também elogia o CrossFit porque, ao contrário das academias tradicionais, não é necessário se prender a dietas rigorosas para perder peso. “Eu sempre comi bastante. Muito arroz, feijão, carne, aquela comidona mesmo (risos). Continuo comendo muito. Hoje, a Dona Ninha – minha avó de Piracanjuba – é quem prepara minhas marmitas para todos os dias da semana. Ela me ajuda com a dieta, mas a quantidade continua a mesma.”

Origem e popularidade

O CrossFit é uma marca de programa de fitness criado por volta dos anos 2000 pelo americano Greg Glassman, na Califórnia, com o objetivo de combinar competição esportiva e estilo de vida em uma atividade física. O método utilizado se assemelha muito aos treinamentos militares. Apesar de ser um esporte voltado para atletas de alto rendimento, a prática tem conquistado adeptos na sociedade em geral, sendo praticada por homens, mulheres, idosos, crianças, adolescentes, jovens, ou seja, por pessoas de todas as faixas etárias.

Mas qual é a diferença entre a academia tradicional e o CrossFit? Segundo especialistas, na academia convencional, o foco está na musculação, visando o fortalecimento e a resistência, além de desenvolver regiões específicas do corpo, com ênfase na individualidade. Geralmente, é praticada em espaços com muitos aparelhos.

Por outro lado, o CrossFit geralmente oferece aulas de, no máximo, uma hora, voltadas para o corpo como um todo, sem divisões de grupos musculares. Todos os exercícios são de alto impacto e realizados em equipe. O objetivo é a união dos participantes e o trabalho em conjunto, e as atividades ocorrem em locais chamados “Boxes”. A marca chegou ao Brasil em 2009 e, atualmente, conta com cerca de 600 Boxes credenciados, sendo o quinto país com maior número de Boxes.

Gabriel Siqueira professor de CrossFit | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Gabriel Siqueira, de 25 anos, é formado em Educação Física, com especialização em CrossFit, e é atualmente professor dessa modalidade. O profissional ressalta que, para se tornar professor de CrossFit, é necessário ter no mínimo essa qualificação, que permite ao interessado conhecer toda a metodologia. Ele afirma que sem esse curso, ninguém está apto a ministrar aulas de CrossFit.

Gabriel Siqueira esclarece que qualquer pessoa pode praticar o esporte, desde crianças a partir de seis anos até idosos. “Oferecemos aulas para crianças e adolescentes, além de aulas específicas para idosos. Temos alunos com 66 anos e até mais de 70. É claro que é necessário ter os devidos cuidados e realizar os exercícios corretamente, principalmente para o público mais velho.”

O professor garante que não há contraindicações em relação a problemas de saúde. Ele destaca que a academia sempre entra em contato com o médico do aluno que possui alguma doença para programar quais exercícios essa pessoa pode realizar. “O CrossFit é adaptado para cada indivíduo, levando em consideração suas particularidades, então todos podem se exercitar.”

Gabriel Siqueira ressalta que as pessoas em geral têm uma visão equivocada do esporte e pensam que ele é destinado apenas a atletas, que consiste apenas em levantamento de peso e que é necessário ter um bom condicionamento físico para começar a praticar. “Na verdade, é o contrário. Tanto que mais de 80% do nosso público na academia são mulheres e mães, com mais de 40 anos, que simplesmente querem melhorar sua qualidade de vida.”

O professor explica que é outra visão equivocada dizer que o CrossFit causa mais malefícios do que benefícios, como machucados, rompimento de tendões, fraturas ósseas ou lesões graves. “Isso é um grande equívoco, pois na verdade qualquer atividade física pode causar algum tipo de lesão. No entanto, existem estudos que comprovam que o futebol causa mais lesões do que o CrossFit quando praticado pelo mesmo período de tempo. O que diminui esse risco é a forma como é realizado e se há acompanhamento adequado por profissionais”, defende.

Inclusive, de acordo com o professor, muitos acidentes relacionados a treinamentos de alto impacto ocorrem porque o praticante não está sendo orientado por um profissional qualificado. Há muitos locais que se autodenominam CrossFit sem ter a qualificação exigida. “É importante deixar claro que ter um diploma em Educação Física não é suficiente para qualificar alguém nesse sentido”, alerta. Ele aconselha aqueles que desejam praticar o esporte a procurar um Box credenciado pela marca CrossFit.

Núbia Moura, de 42 anos, advogada, afirma que a prática do esporte não apenas melhora a condição física, mas também a mental. “O CrossFit reduz a ansiedade e o estresse. Por esse motivo, prefiro treinar de manhã. Após o meu treino, percebo que as coisas fluem melhor durante o restante do dia. Parece que tudo melhora. Antes, eu costumava sentir sono ao longo do dia, mas agora tenho muito mais disposição para tudo”, enfatiza. Praticando a modalidade há dez anos, a advogada relata que antes tinha problemas de sono e ansiedade, além de dificuldade para perder peso. No entanto, desde que começou a praticar o esporte, tudo melhorou. “Hoje durmo bem e não tenho problemas com sobrepeso.”

Jordana Moraes, engenheira agrônoma, pratica o esporte enquanto grávida | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Jordana Moraes, de 30 anos, engenheira agrônoma e atualmente com cinco meses de gravidez, é uma praticante de CrossFit. “Comecei antes de engravidar e continuei os exercícios, é claro que removi alguns que poderiam ser prejudiciais para mim. A academia está bem preparada para receber gestantes como alunas. Os treinos são adaptados para todas as pessoas, minha frequência cardíaca é monitorada constantemente e está tudo correndo bem”, diz ela, entusiasmada. Ela afirma que pretende ter um parto normal e sua obstetra a autorizou a continuar os exercícios até o dia do parto.

Mariana Pontes, de 37 anos, é professora de CrossFit há 12 anos. Ela destaca que nunca enfrentou problemas em sua profissão por ser mulher. “Até agora tenho sido respeitada tanto por homens quanto por mulheres. Além disso, as mulheres invadiram os boxes, então está quase meio a meio.”

Ana Lúcia Prudente, de 66 anos, advogada, fala com entusiasmo sobre ser uma praticante de CrossFit há dez anos. “Já frequentei academias convencionais, mas o CrossFit é outro nível, não há comparação. Aqui, devido aos exercícios serem muito variados, nos sentimos muito mais motivados – nunca é a mesma coisa, cada aula é diferente. Outro fator muito importante para mim é a união e amizade que desenvolvemos entre nós. Não consigo me ver fazendo qualquer outro tipo de atividade física além dessa”, reitera com alegria. Ana Lúcia destaca que, após o treino, gosta de conversar com as colegas e garante que sua disposição física é incrível e sua saúde vai muito bem.

Rodrigo Jasbick, de 45 anos, é médico cardiologista e intensivista, além de representante do CrossFit Health no Brasil. O médico se considera um praticante de CrossFit desde 2016, influenciado por sua esposa, que também é médica cardiologista e praticante de CrossFit. “Eu costumava correr nas ruas como uma forma de melhorar minha saúde, pois sofria de hipertensão. Me envolvi com o CrossFit ao acompanhar minha esposa e decidi experimentar alguns exercícios, e acabei me encantando pelo esporte.”

Rodrigo Jasbick, médico cardiologista | Foto: Leoiran / Jornal Opção

O cardiologista menciona que foi convidado pelo fundador da Punk, Ricardo Prudente, para participar de um encontro com o criador do CrossFit, Greg Glassman, em um evento no Brasil, onde o americano faria uma palestra exclusiva para médicos interessados em saber mais sobre a modalidade. Segundo ele, a palestra tinha como objetivo desmistificar a imagem negativa do esporte entre a comunidade médica. No entanto, Rodrigo Jasbick não pôde comparecer ao evento, mas Greg Glassman ofereceu o curso de Level One para todos os médicos convidados.

Rodrigo Jasbick faz algumas críticas aos colegas médicos que falam mal do CrossFit sem realmente conhecer o funcionamento do esporte. “Só podemos falar bem ou mal de algo quando já vivenciamos ou participamos da atividade em questão. Muitos colegas criticam a modalidade sem conhecer realmente sua funcionalidade. Com o curso de nível um, posso até mesmo dar aulas.”

O cardiologista revela que começou a estudar sobre o assunto há sete anos e já concluiu 12 dos 14 cursos oferecidos pelo CrossFit. “Hoje em dia, não apenas falo sobre o CrossFit, mas falo com propriedade para indicá-lo”, declara. Rodrigo Jasbick enfatiza que, dos três medicamentos que costumava tomar para pressão arterial, agora só toma um – o CrossFit – todos os dias, seis vezes por semana.

O médico explica que ele não ministra aulas, mas prescreve o esporte para seus pacientes sem nenhum problema. “Os médicos não são profissionais da saúde, mas sim da doença. Não fornecemos saúde, mas sim combatemos a doença. São os treinadores e os profissionais de nutrição que promovem a saúde. Hipócrates, pai da medicina, dizia o seguinte: se você encontrar a dose adequada de exercício físico e nutrição, terá encontrado o caminho mais curto para alcançar a saúde.”

Bruno Sizo, de 43 anos, é sócio-proprietário da Punk CrossFit em Goiânia. Fundada há dez anos a partir de uma experiência vivida nos Estados Unidos pelo outro sócio, Ricardo Prudente, a academia hoje possui três unidades na capital goiana, com o objetivo de tornar a vida das pessoas mais feliz. Segundo Bruno, é impossível ser feliz sem saúde, e o CrossFit proporciona essa saúde.

Bruno Sizo menciona a afirmação do criador da modalidade, o americano Greg Glassman, de que o CrossFit é a maior plataforma de saúde existente no mundo. Outro benefício não menos importante, de acordo com Bruno, é a experiência de comunidade, que leva os participantes a terem uma convivência social saudável em um mundo extremamente individualista. Essa é um dos pilares mais fortes do CrossFit, juntamente com a segurança, que é a base fundamental.

Bruno Sizo garante que essa estrutura de comunidade leva os alunos a terem maior frequência e, consequentemente, mais resultados. Em relação às preocupações sobre possíveis lesões, Bruno Sizo defende que o aluno faça algumas ressalvas em relação à idoneidade da academia escolhida. “No caso da Punk, somos uma academia certificada, o que nos dá autoridade e responsabilidade para garantir que todos os processos sejam devidamente respeitados.”

Para Bruno Sizo, existem apenas três maneiras de se lesionar nesse esporte: fazer exercícios de forma incorreta, com pessoas inadequadas e em lugares inapropriados. “Não é a modalidade em si que oferece riscos, mas sim quem está oferecendo”, enfatiza. Bruno destaca a importância de pesquisar no navegador digitando a palavra CrossFit, pois a própria empresa fornecerá um mapa da região com academias credenciadas para oferecer esse tipo de trabalho.

Bruno Sizo faz um alerta sobre algumas academias ou professores de Educação Física que prestam serviços semelhantes, muitas vezes com nomes semelhantes, como Cross Training, Funcional Fitness, Cross ou qualquer outra nomenclatura que não seja CrossFit. Ele estima que atualmente existam cerca de 11 ou 12 academias afiliadas à marca CrossFit em Goiânia.

Ao término da reportagem, o repórter decidiu arriscar e fazer alguns exercícios executados pelos alunos de CrossFit. Apesar de estar um pouco acima do peso, o desempenho no Push Press, Burpees e Jumping Jacks foi elogiado pelo estagiário de Educação Física, Moisés Montes, que o auxiliava durante a atividade. Falando sério, a sensação foi de muito esgotamento físico e perda de calorias. Em apenas 10 minutos de treino, o suor já começava a escorrer. É por esse motivo que os iniciantes devem começar com moderação. Parabéns, especialmente aos idosos, que praticam esse esporte com tanto entusiasmo e determinação.

Bruno Sizo, sócio proprietário da Punk CrossFit | Foto: Leoiran / Jornal Opção