O senador eleito afirma que pretende levar a ideia do Centro de Atenção ao Diabético para todo o país e diz que não aprova a Reforma da Previdência

Jorge Kajuru, senador eleito por Goiás: “Aprovo a indicação de Sergio Moro para ministro da Justiça, mas estranho o fato de condenar petistas e não condenar tucanos” | Foto: Fernando Leite

Jorge Kajuru é vereador em Goiânia e senador eleito por Goiás. Filiado ao PRP, o jornalista avalia o resultado eleitoral para o Senado, o qual vai frequentar pelos próximos oito anos, como um recorde em termos de renovação (60%). Ele sublinha que, se a votação do reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal ocorresse neste novo cenário, o projeto jamais seria aprovado.

Uma conquista que orgulha o senador eleito, o Centro de Atenção ao Diabético será expandido aos demais cidadãos brasileiros, se depender de sua atuação no Senado.
Outro projeto a ser implementado por Kajuru é uma crítica cerrada à “bancada da bola”. Ele pretende contribuir para a abertura da caixa preta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O parlamentar acrescenta que pedirá a prisão do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira.

Quanto as expectativas de futuro do governo capitaneado por Jair Bolsonaro, o vereador afirma que a equipe montada até o momento lhe traz esperanças, principalmente pela presença do economista Paulo Guedes, que conhece pessoalmente, e a indicação do juiz federal Sergio Moro para o Ministério da Justiça.

Como vereador, o sr. apresentou projetos para a área de saúde e viabilizou o Centro de Atenção ao Diabético em Goiânia. Como será a atuação no Senado?
Primeiro quero estender o projeto — único no Brasil — para todas as regiões do Estado de Goiás, com o objetivo de facilitar a locomoção e a reduzir a burocracia para pessoas que precisam de uma cirurgia de emergência por causa de diabetes ou obesidade. Também já estou conversando com senadores eleitos e acredito que terei apoio absoluto para estender os centros para o Brasil inteiro. As cirurgias desses pacientes são muito caras e é preciso que seja feita pelo Sistema Único de Saúde. Na saúde, este é o primeiro objetivo. Já formei um Conselho de Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente e Esportes. Junto ao conselho vou conversando sobre novos projetos para apresentar.

O sr. falou recentemente ao Jor­nal Opção sobre a bancada da bola…
Faz parte do Conselho de Esportes que estou montando com o senador Romário, a senadora eleita Leila do Vôlei e o senador Randolfe Rodrigues. Futuramente será acrescentado mais membros, como o jogador de futebol Zico. O objetivo é abrir, de uma vez por todas, a caixa preta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Eu vou propor, inclusive, a prisão do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira. Não é possível ver tanta gente presa no país — como o ex-deputado federal Eduardo Cunha, o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula da Silva — e Ricardo Teixeira ficar livre. Trata-se de um gângster, que está solto como se nada tivesse feito.

Sobre as reformas paradas no Con­gres­so, o sr. já tem algum posicionamento?
Conversei com o Conselho Econômico e os senadores Cristovam Buarque, José Reguffe e Randolfe Rodrigues sobre a Reforma Tributária, porque é urgente no país e nada se faz. Todo ano se discute antes de terminar o resultado da eleição e depois não se fala mais nisso. Não tem condições de o Brasil continuar sendo campeão mundial de impostos e os empresários sem ter condições de pagá-los. Os pobres e a classe média pagam os impostos porque já vem descontado no salário. A Reforma Tributária é uma obrigação. A Reforma Trabalhista precisa ser reavaliada, porque a aprovada não é a ideal. Sou rigorosamente contra a Reforma da Previdência que estão propondo. Os senadores que fazem parte do Conselho também são. Por isso vamos apresentar emendas e outras propostas. O projeto encaminhado por um presidente que se aposentou aos 56 anos de idade não pode passar em hipótese alguma.

Como avalia o resultado eleitoral para o Senado?
A renovação de 60% foi a maior da história do Senado. Estou otimista desde que fui eleito. Converso todo dia com no mínimo cinco senadores novos. Tenho me encantado com cada um pelos discursos e diálogos. Tenho certeza que, se fosse hoje, o Senado eleito jamais iria dar aumento aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Essa é a diferença de uma renovação verdadeira para uma mentirosa. Em algumas renovações trocam-se apenas seis por meia dúzia. Troca-se a coleira, mas o cachorro é o mesmo.

O que espera do governo de Jair Bolsonaro?
Pelo nome do Paulo Guedes, ministro da Fazenda, que é quem eu conheço mais. Conheço a família em Minas Gerais — desde sua cunhada Cláudia, seu concunhado Nazareno e sua mulher, Maria Cristina. Conviven­do com a família do Guedes, aprendi a ad­mirá-lo em todos os sentidos. Bol­sonaro não é um homem culto, mas não tem nada a ver. Lula não é culto e, no primeiro governo, montou uma boa equipe e fez um bom governo, só depois virou aquela roubalheira. Antecipei que Bolsonaro poderia montar uma boa equipe. Paulo Guedes representa para mim uma grande esperança no governo por sua competência. O juiz federal Sergio Moro no Mi­nis­tério da Justiça e Segurança Pública também representa esperança. Não da mesma forma como Paulo Guedes, porque conheço bem ele e toda sua família. Apesar de não conhecer Sergio Moro, conheço suas atitudes até agora e são inquestionavelmente justas. Portanto, a indicação para a Justiça é positiva. Só lamento que Moro que nunca tenha colocado na cadeia um político tucano, mas eu o admiro. Ain­da não consegui entender porque não pren­deu nenhum tucano. Vários tucanos deveriam estar na mesma condição do Lula. Não hás nenhuma diferença en­tre Lula e eles. O ex-presidente Fer­nan­do Henrique Cardoso também de­ve­ria estar preso. Se hoje discute-se a prisão do Lula por causa de um tríplex no Brasil, no Guarujá, FHC tem um trí­­plex em Paris, na França. Eviden­temente que esse tríplex não foi comprado por ele ser sociólogo. Não co­nhe­ço nenhum sociólogo que tenha um tríplex em Paris. Essa é a questão que me preocupa no Moro. O fato dele ser ligado aos tucanos. Mesmo assim, acredito nele e admito que foi uma boa escolha. Bolsonaro tem condições de fazer um bom governo, principalmente se não interferir no trabalho do Paulo Gue­des. Em relação ao Onyx Loren­zo­ni, pode interferir a vontade. Eu ja­mais escolheria ele para ser meu ministro da Casa Civil, já que é réu confesso de recebimento de propina da Friboi.

“Avalizo Paulo Guedes no Ministério da Fazenda, porque é competente, mas não avalizo a escolha de Ônyx Lorenzoni para a Casa Civil” | Fotos: reprodução

“Vou deixar o PRP por causa da cláusula de barreira”

O partido do sr. é relativamente pequeno. Pode mudar de legenda devido a cláusula de barreira?
Já está decidido. Antes da eleição, eu disse que não continuaria no PRP. O presidente estadual, Jorcelino Braga, já está cuidando da fusão do partido. Temos três propostas do Podemos, do PSB e do Patriota. A gente analisa as propostas e as companhias, principalmente. Mas não estarei no PRP por causa da cláusula de barreira. O partido está sendo procurado por outros partidos por sua posição e por ser menos problemático que muitas legendas.

O sr. tem proposto o fim de re­galias no Congresso. Outros políticos pensam o mesmo? Com a renovação, haverá es­pa­ço para levar o debate adiante?
Nenhum político propôs o fim de regalias. O único se chama Jorge Kajuru. Eu fiz um registro em cartório abrindo mão de todas as regalias, direitos e benefícios. Vou usar apenas 50% do salário para custear minhas despesas. Eu farei jus ao salário e trabalharei de segunda a sexta. Não serei daqueles senadores turistas. Tais políticos estão jogando para a galera. Os outros 50% do meu salário serão dedicados à Educação. Falar é uma coisa, registrar em cartório, em caráter revogável, é bem diferente.

O deputado federal Delegado Waldir Soares afirma que também apoia este projeto.
Delegado Waldir ficou quatro anos lá na Câmara dos Deputados e não abriu mão de nada. Quero ver abrir mão quando isso for adiante. Eu desafio todos eles — como fiz na campanha. É muita balela e conversa fiada. Ninguém aceitou meu desafio de abrir mão das regalias. Quero ver é quando começar o mandato no ano que vem, quem vai encaminhar ofício ao Senado ou à Câmara abrindo mão de auxílio-moradia, carro oficial, celular, motorista, gasolina, segurança, verba indenizatória e de gabinete. Eu tive essa coragem e está registrado em caráter irrevogável. Não tenho como voltar atrás. Estou cheio de conversa fiada em política. Até como vereador, eu desafiei e ninguém fez.