Kajuru vai pedir a prisão de Ricardo Teixeira e afirma que Paulo Guedes é competente
11 novembro 2018 às 00h00
COMPARTILHAR
O senador eleito afirma que pretende levar a ideia do Centro de Atenção ao Diabético para todo o país e diz que não aprova a Reforma da Previdência
Jorge Kajuru é vereador em Goiânia e senador eleito por Goiás. Filiado ao PRP, o jornalista avalia o resultado eleitoral para o Senado, o qual vai frequentar pelos próximos oito anos, como um recorde em termos de renovação (60%). Ele sublinha que, se a votação do reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal ocorresse neste novo cenário, o projeto jamais seria aprovado.
Uma conquista que orgulha o senador eleito, o Centro de Atenção ao Diabético será expandido aos demais cidadãos brasileiros, se depender de sua atuação no Senado.
Outro projeto a ser implementado por Kajuru é uma crítica cerrada à “bancada da bola”. Ele pretende contribuir para a abertura da caixa preta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O parlamentar acrescenta que pedirá a prisão do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira.
Quanto as expectativas de futuro do governo capitaneado por Jair Bolsonaro, o vereador afirma que a equipe montada até o momento lhe traz esperanças, principalmente pela presença do economista Paulo Guedes, que conhece pessoalmente, e a indicação do juiz federal Sergio Moro para o Ministério da Justiça.
Como vereador, o sr. apresentou projetos para a área de saúde e viabilizou o Centro de Atenção ao Diabético em Goiânia. Como será a atuação no Senado?
Primeiro quero estender o projeto — único no Brasil — para todas as regiões do Estado de Goiás, com o objetivo de facilitar a locomoção e a reduzir a burocracia para pessoas que precisam de uma cirurgia de emergência por causa de diabetes ou obesidade. Também já estou conversando com senadores eleitos e acredito que terei apoio absoluto para estender os centros para o Brasil inteiro. As cirurgias desses pacientes são muito caras e é preciso que seja feita pelo Sistema Único de Saúde. Na saúde, este é o primeiro objetivo. Já formei um Conselho de Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente e Esportes. Junto ao conselho vou conversando sobre novos projetos para apresentar.
O sr. falou recentemente ao Jornal Opção sobre a bancada da bola…
Faz parte do Conselho de Esportes que estou montando com o senador Romário, a senadora eleita Leila do Vôlei e o senador Randolfe Rodrigues. Futuramente será acrescentado mais membros, como o jogador de futebol Zico. O objetivo é abrir, de uma vez por todas, a caixa preta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Eu vou propor, inclusive, a prisão do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira. Não é possível ver tanta gente presa no país — como o ex-deputado federal Eduardo Cunha, o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula da Silva — e Ricardo Teixeira ficar livre. Trata-se de um gângster, que está solto como se nada tivesse feito.
Sobre as reformas paradas no Congresso, o sr. já tem algum posicionamento?
Conversei com o Conselho Econômico e os senadores Cristovam Buarque, José Reguffe e Randolfe Rodrigues sobre a Reforma Tributária, porque é urgente no país e nada se faz. Todo ano se discute antes de terminar o resultado da eleição e depois não se fala mais nisso. Não tem condições de o Brasil continuar sendo campeão mundial de impostos e os empresários sem ter condições de pagá-los. Os pobres e a classe média pagam os impostos porque já vem descontado no salário. A Reforma Tributária é uma obrigação. A Reforma Trabalhista precisa ser reavaliada, porque a aprovada não é a ideal. Sou rigorosamente contra a Reforma da Previdência que estão propondo. Os senadores que fazem parte do Conselho também são. Por isso vamos apresentar emendas e outras propostas. O projeto encaminhado por um presidente que se aposentou aos 56 anos de idade não pode passar em hipótese alguma.
Como avalia o resultado eleitoral para o Senado?
A renovação de 60% foi a maior da história do Senado. Estou otimista desde que fui eleito. Converso todo dia com no mínimo cinco senadores novos. Tenho me encantado com cada um pelos discursos e diálogos. Tenho certeza que, se fosse hoje, o Senado eleito jamais iria dar aumento aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Essa é a diferença de uma renovação verdadeira para uma mentirosa. Em algumas renovações trocam-se apenas seis por meia dúzia. Troca-se a coleira, mas o cachorro é o mesmo.
O que espera do governo de Jair Bolsonaro?
Pelo nome do Paulo Guedes, ministro da Fazenda, que é quem eu conheço mais. Conheço a família em Minas Gerais — desde sua cunhada Cláudia, seu concunhado Nazareno e sua mulher, Maria Cristina. Convivendo com a família do Guedes, aprendi a admirá-lo em todos os sentidos. Bolsonaro não é um homem culto, mas não tem nada a ver. Lula não é culto e, no primeiro governo, montou uma boa equipe e fez um bom governo, só depois virou aquela roubalheira. Antecipei que Bolsonaro poderia montar uma boa equipe. Paulo Guedes representa para mim uma grande esperança no governo por sua competência. O juiz federal Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública também representa esperança. Não da mesma forma como Paulo Guedes, porque conheço bem ele e toda sua família. Apesar de não conhecer Sergio Moro, conheço suas atitudes até agora e são inquestionavelmente justas. Portanto, a indicação para a Justiça é positiva. Só lamento que Moro que nunca tenha colocado na cadeia um político tucano, mas eu o admiro. Ainda não consegui entender porque não prendeu nenhum tucano. Vários tucanos deveriam estar na mesma condição do Lula. Não hás nenhuma diferença entre Lula e eles. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também deveria estar preso. Se hoje discute-se a prisão do Lula por causa de um tríplex no Brasil, no Guarujá, FHC tem um tríplex em Paris, na França. Evidentemente que esse tríplex não foi comprado por ele ser sociólogo. Não conheço nenhum sociólogo que tenha um tríplex em Paris. Essa é a questão que me preocupa no Moro. O fato dele ser ligado aos tucanos. Mesmo assim, acredito nele e admito que foi uma boa escolha. Bolsonaro tem condições de fazer um bom governo, principalmente se não interferir no trabalho do Paulo Guedes. Em relação ao Onyx Lorenzoni, pode interferir a vontade. Eu jamais escolheria ele para ser meu ministro da Casa Civil, já que é réu confesso de recebimento de propina da Friboi.
“Vou deixar o PRP por causa da cláusula de barreira”
O partido do sr. é relativamente pequeno. Pode mudar de legenda devido a cláusula de barreira?
Já está decidido. Antes da eleição, eu disse que não continuaria no PRP. O presidente estadual, Jorcelino Braga, já está cuidando da fusão do partido. Temos três propostas do Podemos, do PSB e do Patriota. A gente analisa as propostas e as companhias, principalmente. Mas não estarei no PRP por causa da cláusula de barreira. O partido está sendo procurado por outros partidos por sua posição e por ser menos problemático que muitas legendas.
O sr. tem proposto o fim de regalias no Congresso. Outros políticos pensam o mesmo? Com a renovação, haverá espaço para levar o debate adiante?
Nenhum político propôs o fim de regalias. O único se chama Jorge Kajuru. Eu fiz um registro em cartório abrindo mão de todas as regalias, direitos e benefícios. Vou usar apenas 50% do salário para custear minhas despesas. Eu farei jus ao salário e trabalharei de segunda a sexta. Não serei daqueles senadores turistas. Tais políticos estão jogando para a galera. Os outros 50% do meu salário serão dedicados à Educação. Falar é uma coisa, registrar em cartório, em caráter revogável, é bem diferente.
O deputado federal Delegado Waldir Soares afirma que também apoia este projeto.
Delegado Waldir ficou quatro anos lá na Câmara dos Deputados e não abriu mão de nada. Quero ver abrir mão quando isso for adiante. Eu desafio todos eles — como fiz na campanha. É muita balela e conversa fiada. Ninguém aceitou meu desafio de abrir mão das regalias. Quero ver é quando começar o mandato no ano que vem, quem vai encaminhar ofício ao Senado ou à Câmara abrindo mão de auxílio-moradia, carro oficial, celular, motorista, gasolina, segurança, verba indenizatória e de gabinete. Eu tive essa coragem e está registrado em caráter irrevogável. Não tenho como voltar atrás. Estou cheio de conversa fiada em política. Até como vereador, eu desafiei e ninguém fez.