Empório valoriza a sustentabilidade e oferece capacitação ao audiovisual goiano
24 maio 2014 às 14h48
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Em sua 11ª edição, o projeto do Sebrae, em parceria com Secult e Senac, valoriza os empreendimentos da área cultural goiana
Yago Rodrigues
Há quatro anos, Frederic Monart vive no Brasil. Veio de terras belgas. Da mistura, o nome “Brazbel”, da construtora que empreendeu na capital goiana. A empresa produz artefatos de concreto. A matéria-prima vem das caçambas de entulho espalhadas pelas ruas, dos resíduos sólidos encontrados. É um trabalho ligado ao meio ambiente, explicou ele, num português com sotaque francês.
Pela concorrência que encontrou no mercado da construção civil, o então engenheiro Frederic procurou um escape: ele desenvolveu um projeto para reciclagem dos resíduos que tal mercado gera. A oportunidade surgiu. Frederic participou da Rio+20 com apresentação de uma casa sustentável, no Shopping Flamboyant, em 2012. Nesta semana, o trabalho ganha as ruas de um lugar histórico: a cidade de Goiás.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado (Sebrae-GO) realiza, a partir da quarta-feira, 28, até o sábado, 31, no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), a 11ª edição do Empório Sebrae Fica. Frederic participará do Empório apresentando seus produtos ecologicamente corretos, derivados de concreto, tijolos ecológicos e o piso drenante feito de material reciclado de resíduo de marmoraria –– o suprassumo da Brasbel, que foi desenvolvido por ele.
“Estamos muito empolgados”, disse ele, no objetivo de propagar seu trabalho que propõe algumas soluções aos vários problemas ambientais existentes no Brasil. “O que podemos fazer com os resíduos?”, indaga. Assim, ilustra-se um dos objetivos que tem a proposta do Empório Sebrae: valorizar a sustentabilidade.
Há cinco anos, no Centro-Oeste, surgiu a, até hoje, única empresa que faz tratamento de lâmpadas, a Lumitech. A ideia se concretizou na região com o empreendedor Wilson Batista dos Santos. Antes, a técnica se reduzia ao Estado de São Paulo. Com uma concessão, o caminho se abriu. O trabalho se chama Papa Lâmpadas e é feito pela empresa em todo Brasil.
A parceria com o Sebrae começou dois anos depois da existência da Lumitech. O Serviço convida a empresa para os eventos. É uma forma de mostrar, como disse Wilson, uma empresa que lucra com sustentabilidade. “Pela quantidade de lâmpadas que é produzida no Brasil, não fazemos nem 3% ou 4% do aproveitamento dos resíduos. Muitas ainda são descartadas no lixo”, disse o empresário; o que mostra um mercado fértil, cuja ação é em benefício do meio ambiente.
É o segundo ano em que a empresa participa do Empório Sebrae Fica. A vontade continua, como afirma Wilson: “Nossa esperança é alcançar uma boa fatia do mercado, para contribuir com a sustentabilidade e com a preservação”. No ano passado, já conseguiram boa aceitação, tanto pelo caráter ambiental do Festival, quanto por seu alcance internacional. Nesta edição, explicou ele, a máquina que tritura as lâmpadas e um vídeo explicativo do processo estará no stand para conhecimento do público.
A expectativa é grande, comentou. O Fica é uma vitrine, por isso, a oportunidade de um mercado “maravilhoso”, no caso, aberto ao mundo. Sobre o Empório, Wilson reconhece a importância: “Quanto mais se falar em meio ambiente, em proteção e preservação, melhor para o futuro. As empresas que não considerarem a sustentabilidade retrocederão. O Empório e o Fica têm janelas abertas para isso”.
O alcance é valioso quando se pensa no público. Especificamente sobre a Lumitech, o empreendedor sublinha: “Não jogue lâmpadas no lixo. Procure postos de coleta, para que seja feito um descarte correto” e, assim, uma nova consciência, que se espalha através do Empório, como diversas outras atitudes, positivas, pensadas por esses empreendedores apoiados pelo Serviço.
Cultura
Num outro aspecto, também comum ao Fica, o Empório propões ações para área audiovisual. Foi assim que surgiu o projeto, no início do século. As festas populares, a música, o audiovisual eram eixos iniciais que o Serviço procurava valorizar pelo Estado. “O Empório Sebrae Fica foi uma materialização do apoio que o Sebrae dava aos pequenos negócios do segmento cultural”, explicou o gestor do projeto, o analista José Amorim, do Escritório Sebrae – Regional Oeste.
“O Sebrae está presente em todas as Regiões do Estado de Goiás e do Brasil para atender a diversidade dos negócios”, pontuou o diretor-técnico do Sebrae-GO, Wanderson Portugal Lemos. A diversidade é o que move a atuação do Serviço, afinal, as microempresas e empresas de pequeno porte estão por todos os lados e em todos os nichos de negócios. “Desta forma, a realização do Empório Sebrae no Fica tem sido exemplar para outros Estados, porque trata-se de um evento diferenciado e que reúne milhares de empreendedores voltados para a cultura, a arte e o meio ambiente” afirmou o diretor.
“Nada melhor que o Fica, um evento já consolidado para fazer uma exposição do trabalhos, dos resultados”, explica Amorim do nascedouro do projeto. A atuação sempre focou esses segmentos, porém sem deixar de atender outras ideias, como ligadas à literatura. O artesanato é ressaltado, disse ele, por ser uma riqueza do Estado. Por muito tempo, foram realizadas oficinas, com duas temáticas principais: o cinema e o meio ambiente. Com, no máximo, 12 horas propostas. Há palestras e mesas redondas. Daí, ações para capacitação do público, que tem uma ou outra ideia ligada a tais áreas.
Também são oferecidos atendimento, durante o Fica, para que os empreendedores da cidade, os participantes do evento, tenham consultorias empresariais. Mais especificamente, consultorias comuns ao eixo cultural. “São rápidas”, advertiu. Ainda é proposta uma mostra nesta edição, e Frederic e Wilson apresentarão seus trabalhos. “Procuramos levar para esse espaço, da mostra, o que tem de melhor, apoiado pelo Sebrae”, disse Amorim.
A mudança está nessa apresentação das empresas que têm parceria com o Sebrae. “Praticamente 100% do espaço é destinado às empresas, que de uma forma ou de outra trabalham com a sustentabilidade”, disse o gestor do projeto, na novidade da participação no stand. A programação, nesta edição, propõe várias atividades com objetivos diferentes. Amorim comemora essa diversidade, comum à natureza cultural, com uma organização diferente dos anos anteriores. As ações de capacitação se distribuem pelo período matutino dos dias do festival –– confira a programação no quadro abaixo.
Os locais das ações oferecidas pelo Empório seguem o eixo: Quartel do XX, Praça do Chafariz e o Colégio Sant’Ana, da Unidade Sant’Ana da Universidade Federal de Goiás (UFG). Nesses locais, o serviço prestado é aberto ao público e gratuito, tanto as mostras, oficinas e atendimento. Amorim destaca das edições anteriores o auxílio oferecido na constituição de alguns empresários dessa área de cultura, além de alguns resultados imensuráveis, por ser um festival internacional, donde o conhecimento se espalha.
“De um tempo para cá, percebemos uma formalização dos empreendimentos, na área de cultura”, afirmou o gestor sobre essa contribuição para a área, pois abre portas para que os empresários comercializem com outras empresas, que exigem o registro, além de poderem recorrer aos editais. Por isso, disse, é disponibilizado o atendimento no Empório, para que os visitantes procurem contadores e saiam da informalidade.
O Empório propõe atuações na área do design, criação, produção, imagem e som e demais áreas presentes nos diferentes elos da cadeia produtiva de negócios que compõem o setor de audiovisual. Assim, disse Wanderson, o empresário que participar do projeto encontrará soluções que contribuem, sobremaneira, para o sucesso do seu negócio.
Parcerias
Fotografia, edição e tratamento de imagens, photoshop, edição de vídeo são expertises levadas pela seccional goiana do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-GO), através do Empório. Há nove anos existe esta parceria entre o Sebrae e o Senac. O foco é a capacitação na área do audiovisual. Aulas teóricas e práticas e, no final, uma exposição dos trabalhos produzidos durante as oficinas, no Fica.
“O Senac fomenta a área de audiovisual no Estado. Atualmente, é o principal capacitador das pessoas que trabalham na área”, disse o gerente-adjunto do Senac Elias Bufáiçal e coordenador do projeto no Empório Fica, Rodrigo Troian. Sobre a área, ele explica da necessidade de equipamentos que o audiovisual, o cinema, exige dos profissionais. O Senac dispõe dessas ferramentas, aí está a importância do Serviço com as oficinas e trabalho realizado.
Troian destaca a oportunidade do Fica, que é um festival de cinema e que atrai cineastas, roteiristas, câmeras, entre outros profissionais, não só de outros Estados e países, por ser internacional, e sim local. Fomenta a capacitação da área no Estado, de municípios que não ofertam tais cursos. A demanda se distribui nas unidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia. “Caso surja uma necessidade, iremos para esses locais levar capacitação.”
Outra parceria do Sebrae é com a Secretaria de Cultura (Secult-GO) feita na quinta edição do Empório. O objetivo é ter, no espaço do Sebrae, a participação e presença de empresas, que atuam na área, em cursos, oficinas, palestras, debates numa contribuição para o audiovisual do Estado, explica Rodrigo Santana, da Secult-GO.
“A parceria vem crescendo com o Festival, ao longo dos anos”, disse. Projetos como os de Frederic e Wilson são valorizados por atuarem na área de sustentabilidade. Essa é uma vertente do Sebrae de apoio a essas empresas e disponibiliza, assim, ao público o acesso a esses trabalhos, informa Santana, o que é mais um ponto positivo para o Estado. “Essas empresas mostram o que têm de mais novo na área sustentável e isso tem como palco Goiás.”
A parceria é de mão dupla, pois agrega valor ao Festival e traz temas que são de primeira ordem do Fica: o cinema e a questão ambiental. Para Santana, quando alguém atua na área de formação, capacitação e, ao mesmo tempo, leva conhecimento e disponibiliza as tecnologias, ele atua na criação de possibilidades para que as pessoas cresçam no audiovisual. “E o Empório Sebrae e o Festival têm sido importantes para a área, com essas iniciativas.”
Vários profissionais que não conheciam nada sobre cinema no início do Fica, constata ele, hoje têm produções e filmes premiados. Como é temático, o Festival utiliza a linguagem audiovisual como instrumento para sensibilização e formação de uma consciência ambiental. Sobre os espaços, Santana comenta das parcerias, como do Instituto Federal de Goiás e da UFG, que contribuem para que o todo seja possível.
Por fim, ele faz um convite para o Fica, para o Empório. Serão seis dias de muito cinema, muita arte e cultura e há toda uma equipe para receber e mostrar o melhor do cinema que é feito em Goiás e no Brasil. “Estamos fazendo o melhor para produção cinematográfica e esperamos o público com uma energia muito boa.”