Distritos Industriais de Goiás refletem o desenvolvimento econômico do Estado
14 abril 2024 às 00h01
COMPARTILHAR
Goiás possui cerca de 19 mil empresas industriais estabelecidas e 22 distritos industriais distribuídos por 19 municípios, gerenciados pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Além dos distritos administrado pela companhia, existem municípios que possuem polos geridos pela iniciativa privada e pelo próprio município, como é o caso de Aparecida de Goiânia.
A Codego colabora com o Governo de Goiás no processo de industrialização estadual. Fundada em 1973 como Goiás Industrial, a empresa estatal foi pioneira na criação dos distritos agroindustriais e tem contribuído consistentemente para atrair indústrias desde então.
A atuação da Codego vai além da industrialização. Através de estudos, a empresa identifica a vocação econômica de cada região e investe em soluções inovadoras para fortalecer a competitividade do estado. Isso cria um ambiente propício para negócios, reduzindo a desigualdade regional e promovendo geração de emprego e renda para os goianos.
Com esse propósito, a Codego oferece consultoria técnica ao Governo de Goiás, prefeituras e empresas interessadas em investir nas áreas sob sua gestão. Assim, a empresa estatal desempenha seu papel social ao impulsionar o desenvolvimento econômico através de iniciativas que fomentam a economia, geram empregos e renda, e promovem a preservação ambiental.
Francisco Junior, presidente da Codego, destaca que nem todos os municípios possuem a vocação ou as condições necessárias para abrigar um distrito industrial. No entanto, existem outras maneiras de estimular o desenvolvimento econômico dessas cidades. Ele menciona: “Por exemplo, a Codego recentemente iniciou a construção de outlets em Jaraguá, Teresópolis e Goianira, valorizando e ampliando o potencial da produção local. A Codego analisa e identifica as melhores formas de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de cada região do estado.”
Como parte de suas estratégias, a Codego oferece áreas com localização estratégica, logística diferenciada, preços subsidiados e infraestrutura planejada para atrair indústrias para os distritos agroindustriais do estado.
Francisco Júnior afirma que a empresa estatal está conduzindo estudos para a implementação e ampliação de novos espaços. Ele destaca que é parte da rotina da Codego avaliar as melhores oportunidades de mercado para planejar futuros investimentos. “A estatal está atualmente trabalhando na expansão do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) e na criação de um novo distrito em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, devido à alta demanda por áreas nessas cidades”, observa.
O setor industrial goiano apresentou um crescimento de 10,4% em fevereiro, comparado ao mesmo período do ano anterior. Este é o décimo aumento consecutivo, resultando em um acúmulo de 7,3% nos últimos 12 meses, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os setores presentes nos distritos industriais incluem alimentos, itens automobilísticos, construção, farmacêutica, couro, gestão de resíduos, madeira, máquinas e equipamentos, material plástico, metal, químico, minerais não metálicos, movelaria, papel e têxtil. Nesse contexto, alguns municípios goianos têm se destacado, como Anápolis, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Itumbiara, Senador Canedo e Luziânia.
Para entender melhor o funcionamento e a importância desses distritos não apenas para a arrecadação do estado, mas também para os municípios onde estão localizados, a reportagem do Jornal Opção conversou com empresários, representantes políticos e líderes empresariais de algumas das cidades mais importantes.
Anápolis/Daia
O Daia foi estabelecido na década de 70 e é o maior distrito industrial da região Centro-Oeste do Brasil. Em 2026, o Daia celebrará seu 50º aniversário e, para marcar essa ocasião, a Codego, em parceria com o governo de Goiás, lançou nesta sexta-feira, 12, o programa “Daia 5.0” e o “DaiaPlan”, que representa a expansão e a regularização do polo industrial.
Francisco Junior destaca que a regularização fundiária e documental é fundamental, já que a maioria dos terrenos não possui documentação. Além disso, toda a área passará por modernização. O presidente da Codego garante que o processo de regularização será aplicado a todos os distritos industriais do estado.
Amaury Esberard é empresário no setor farmacêutico e presidente do Conselho Empresarial pelo Daia (Consedaia). Ele se mudou de São Paulo para Anápolis no início dos anos 2000, atraído pela localização geográfica e pelos incentivos fiscais oferecidos. Amaury informa que atualmente existem 161 empresas industriais ativas no Daia, com diversificação em setores como farmacêutico, automobilístico, alimentício e construção civil.
O distrito gera aproximadamente 30 mil empregos diretos, sendo a indústria farmacêutica a maior empregadora com 12 mil vagas. Amaury destaca que, enquanto um líder de produção recebe em média R$ 5.180,00, seus subordinados têm salários em torno de dois salários-mínimos.
Amaury enfatiza que o programa “DAIA 5.0” tornará o distrito mais inteligente e seguro, com instalação de câmeras de monitoramento, um portal de entrada, revitalização das ciclovias e melhoria na iluminação com lâmpadas de LED, entre outras melhorias.
O empresário ressalta que o “DaiaPlan” representa a expansão do Daia, oferecendo mais espaços para instalação de novas empresas e possibilitando às empresas já estabelecidas no polo a expansão de suas operações. “O espaço abrigará cerca de 100 novas empresas, gerando mais empregos e renda para o estado e o município, e estará completamente regularizado”, conclui Amaury.
“A regularização dos lotes é um sonho antigo de todos os empresários do Daia, pois facilitará para os empresários adquirirem empréstimos junto às instituições financeiras. Outro desejo que será realizado é o cercamento de todo o perímetro do Daia, tornando-o de fato um condomínio”, aplaude.
A produção do distrito é consumida principalmente no Brasil; no entanto, cerca de 5% são destinados à exportação. Em relação à mão de obra, Amaury Esberard explica que, principalmente na indústria farmacêutica no Daia, são requisitadas habilidades essenciais como organização, gestão de tempo, atenção aos detalhes, trabalho em equipe, habilidades manuais, adaptabilidade, controle de qualidade, inovação e tecnologia, conhecimento regulatório e disposição para o aprendizado contínuo. Essas competências são cruciais para profissionais em áreas como auxiliares de produção, controle de qualidade e gestão na indústria farmacêutica.
“Cada vez mais, a mão de obra deve ser treinada e especializada. Muitas empresas preferem preparar o trabalhador para exercer essas funções que exigem mais do colaborador. Temos instalado aqui no Daia o Colégio Tecnológico (Cotec), que forma pessoas que ainda não estão empregadas aqui, mas também prepara os que já estão empregados nas empresas para essa qualificação. Além disso, o Serviço Social da Indústria (SESI) estará em breve se fixando no local”, sublinha.
Amaury relata que encontrar mão de obra qualificada é quase impossível e, quando conseguem, há uma rivalidade entre as empresas que oferecem mais para aquele empregado, levando-o embora. “Os empresários ficam ‘pescando’ no aquário do outro. O profissional qualificado é cobiçado.”
Amaury destaca que a qualificação dos profissionais está resolvendo um problema, mas gerando outro. “Estamos observando a exportação desses profissionais para outros estados com déficit de mão de obra. Ou seja, estamos qualificando e posteriormente perdendo esses profissionais porque a oferta salarial de São Paulo, por exemplo, é bem superior à nossa. Isso é ruim, mas também qualifica o Daia como formador de mão de obra”, observa.
Amaury acredita que Goiás tem crescido industrialmente acima da média nacional e destaca que os incentivos recebidos pelo empresariado do estado e município têm evitado que empresários migrem para outros estados, como Espírito Santo e Minas Gerais, como ocorria no passado recente. Contudo, ele ressalta a importância do término do aeroporto de carga e da efetivação da ferrovia norte-sul. “Quando esses dois modais estiverem operacionais, Goiás se tornará imbatível”, acredita.
Amaury Esberard reitera que a arrecadação do distrito representa dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do estado. Ele destaca que a tendência é de aumento desses números. “Somente a CAOA, que está com um projeto de lançamento de carros elétricos, abriu mais de 1.500 novos postos de trabalho e as contratações já estão em andamento.”
Amaury Esberard ressalta que Anápolis possui um PIB per capita de cerca de R$ 46 mil. “Isso consolida Anápolis como uma cidade de classe média e o Daia é responsável por esse número. Sem o distrito, Anápolis não seria essa potência financeira. Apenas os funcionários diretos e indiretos superam muitas cidades goianas”, afirma.
Roberto Naves, (Republicanos), prefeito de Anápolis, destaca a importância inestimável do Daia para o município. “Sem dúvida alguma, o Daia é a principal fonte de renda e o maior empregador da cidade. O emprego gera riqueza e contribui para uma população feliz. Além disso, o percentual de arrecadação da prefeitura é significativamente alto”, ressalta.
Roberto Naves menciona que o município mantém parcerias com o distrito, fornecendo serviços como manutenção de vias, iluminação com lâmpadas de LED e oferecendo incentivos fiscais para novas empresas. “A partir de agora, as novas empresas que se estabelecerem no Daia serão isentas de impostos municipais, como IPTU e ISS, por um período de dez anos”, informa.
Rogério Gonzaga Nunes Pontes, diretor de operações da Pontes Indústrias Metalúrgica, destaca que a empresa é genuinamente goiana, originária de Bela Vista de Goiás. “Meu pai era funcionário da empresa como vendedor e, após os antigos proprietários declararem falência, ele comprou o negócio, passando de empregado a proprietário”, relembra.
A empresa opera sob a gestão dos novos proprietários há 37 anos, inicialmente em um espaço pequeno e acanhado. “Nunca imaginamos que cresceríamos até alcançar o tamanho atual. Já expandimos nossas instalações várias vezes, e agora não há mais espaço para crescer aqui”, afirma Rogério.
Rogério Gonzaga destaca que o DaiaPlan veio para resolver esse problema. “Atendemos todo o território brasileiro e contamos com 90 profissionais diretamente envolvidos. Nossa área está totalmente ocupada, e a possibilidade de expandir dentro do mesmo local, sem a necessidade de mudança, é muito importante para nós.”
Rogério ressalta que o Daia favorece a instalação de indústrias, pois oferece as condições necessárias para trabalhar com tranquilidade em um estado que valoriza o trabalho. “A localização do Daia é crucial, pois otimiza a logística, facilitando nosso atendimento em todo o país.”
Paula Crispim, CEO da BRG Geradores, destaca que a empresa é genuinamente goiana e está estabelecida em Anápolis há 20 anos, sendo que no Daia há 12 anos. A indústria é fabricante de geradores, com filiais em Manaus-AM e Luiz Eduardo Magalhães-BA, e com plantas em expansão nas cidades de Cuiabá-MT e São Cristóvão-SE, atendendo todo o território nacional e alguns países da América Latina.
Paula Crispim informa que a mão de obra é toda regional, porém, a empresa possui um corpo de assistência técnica composto por engenheiros distribuídos pelo Brasil para atender suas mais de 2.000 máquinas espalhadas pelo país. Paula Crispim destaca que planeja expandir a produção em breve. “Para este ano de 2024, temos em nossa base orçamentária um investimento na ordem de 40 milhões de reais e aproximadamente 200 novos empregos, e queremos ampliar nossa capacidade de fabricação de grupos geradores”, revela.
Questionada sobre se é vantajoso ser empreendedor em Goiás, a CEO responde que ser empresário no Brasil é um desafio à parte. “Só quem vivencia as dificuldades do empreendedorismo consegue compreender o tamanho do sacrifício e da dedicação. É uma grande responsabilidade ter mais de mil colaboradores indiretos que dependem da sua empresa. Por isso, buscamos constantemente melhorar e estudar para nos desenvolver e entregar uma empresa lucrativa, gerando assim mais renda e expansão para nossos negócios e para outras empresas também”, define.
Sobre Goiás, Paula Crispim reafirma que é uma terra de oportunidades e destaca as vantagens devido às posições estratégicas do Estado, que permitem o escoamento para diversos territórios brasileiros. “Sou, talvez, uma otimista por natureza, mas acredito que com os pés no chão e sem expectativas exageradas, o Brasil possui muitos privilégios. Independentemente das circunstâncias, acredito no crescimento do Brasil”, conclui.
Consultas
Várias empresas estão aguardando com expectativa a expansão do Daia. O Café Rancheiro planeja aumentar sua produção em dobro; o Ypê está planejando investir R$ 500 milhões em melhorias logísticas; Adubos Araguaia vai duplicar sua capacidade de produção; a Geolab está buscando uma nova área para expansão; e uma Indústria de Gases Hospitalares planeja estabelecer sua primeira unidade fabril em Goiás.
Aparecida de Goiânia
Aparecida de Goiânia em breve acolherá o segundo polo administrado pela Codego, o Distrito Agroindustrial Norberto Teixeira (Dianot), com potencial para se estabelecer como o segundo maior distrito agroindustrial de Goiás. O Dianot contará com infraestrutura completa para a instalação de indústrias, incluindo iluminação pública, pavimentação asfáltica de qualidade, e estações de tratamento de água e resíduos industriais, tornando o local atraente para investimentos em Goiás.
As obras estão previstas para começar no segundo semestre de 2024, e uma primeira etapa deverá ser lançada em 2025 para a instalação de indústrias. O Dianot deverá abrigar cerca de 200 empresas e gerar 30 mil empregos diretos e indiretos, representando um avanço significativo na industrialização de Goiás. O distrito possui 2 milhões de metros quadrados de área, com uma localização estratégica na região metropolitana da capital e na zona leste de Aparecida de Goiânia, próximo à rodovia BR-153 e ao Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Daiag), também administrado pela Codego.
A cidade já conta com o Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Daiag), inaugurado em 1989, que possui aproximadamente 1,1 milhão de metros quadrados e está localizado próximo à BR-153, facilitando o escoamento da produção. Atualmente, mais de 30 indústrias dos segmentos de construção civil, como artefatos de cimento, tintas e vidros temperados, além de alimentos e fertilizantes, estão instaladas no local, gerando mais de 1 mil empregos.
Além do Daiag, há três distritos industriais administrados pelo município: o Distrito Industrial Municipal de Aparecida de Goiânia (Dimag), o Polo Empresarial Goiás e o Parque Industrial Vice-presidente José Alencar. Existem também três polos industriais privados: a Global Park Empresarial, o All Park Empresarial e o Antares Polo Aeronáutico, que está em fase avançada de implantação. “No total, os polos de Aparecida geram 120 mil empregos diretos com carteira assinada, além dos empregos indiretos”, afirma o Secretário de Indústria e Comércio de Aparecida de Goiânia, Felizmar Antônio.
Felizmar Antônio destaca a importância desses distritos não apenas para a arrecadação, mas também para a geração de emprego e renda. “São distritos que impulsionam a economia local e destacam o município no comércio exterior”, diz ele. O secretário explica que a contrapartida da prefeitura é a desburocratização. “A prefeitura, em colaboração com as associações empresariais, estabeleceu o Comitê Permanente de Desburocratização (CPD) para simplificar e agilizar os processos de abertura, alteração e encerramento de empresas. A tramitação de documentos, como alvarás e licenças, é integrada com todos os órgãos da prefeitura, evitando burocracia e atrasos no atendimento”, esclarece Felizmar.
Goiânia
O atual Plano Diretor de Goiânia, em vigor desde setembro de 2022, introduz políticas de desenvolvimento econômico que incluem a criação de Polos de Desenvolvimento Econômico no município. Este plano estabelece o Polo Tecnológico Samambaia, situado no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás; o Polo Tecnológico e de Inovação, próximo à Estação de Tratamento de Esgoto Dr. Hélio Seixo de Brito; Polos Industriais, Empresariais e de Serviços, a serem estabelecidos em áreas de Outorga Onerosa de Alteração de Uso; um Polo Industrial, Empresarial e de Serviços nas proximidades do Aeródromo Nacional de Aviação; a Aerotrópole, próxima ao Aeroporto Santa Genoveva; e o Polo de Logística de Combustíveis e Terminal de Armazenamento, nos setores Jardim Novo Mundo, Chácara Botafogo, Vila Martins, Chácara Santa Bárbara e Jardim Califórnia Industrial.
Além dos polos, a legislação também cria e consolida Arranjos Produtivos Locais do Agronegócio ao longo da Avenida Castelo Branco, da Moda Goiânia e Atacadista de Campinas. Até o momento, apenas o Polo Industrial, Empresarial e de Serviços nas proximidades do Aeródromo Nacional de Aviação, situado na região Oeste da cidade, e o APL da Moda Goiânia estão regulamentados. Os demais estão em fase de estudos técnicos para regulamentação pela administração municipal.
Conforme estabelecido pelo novo Plano Diretor de Goiânia, cada polo e arranjo é definido de acordo com suas vocações econômicas. Os incentivos fiscais concedidos pela administração municipal são específicos para cada um e estão instituídos no Código Tributário do Município. Além disso, os polos e arranjos podem contar com parâmetros urbanísticos específicos a serem estabelecidos por legislação.
Itumbiara
O Distrito Agroindustrial de Itumbiara (Diagri), gerido pela Codego, opera como um condomínio fechado, todo murado e com controle de acesso. Recentemente, obras de recapeamento foram concluídas em todo o distrito, realizadas pela CODEGO. No mês passado, a GOINFRA assinou uma ordem de serviço para obras de pavimentação e drenagem, visando completar 100% da infraestrutura no distrito, já que algumas ruas ainda não possuem essa estrutura.
Outro investimento significativo foi a construção do portal de entrada em frente ao Diagri, obra realizada pela Prefeitura no valor de R$ 2 milhões. O Estado reconstruiu a Avenida Modesto de Carvalho, segmento urbano da GO-206. A Prefeitura realizou o paisagismo em 7 Km da avenida e instalou iluminação em LED. Existem também duas áreas industriais que abrigam 90% das indústrias da cidade.
Os outros dois polos estão situados nas BRs 153 e 452, a maioria das áreas pertence ao município e foi doada para a instalação de empresas. A Prefeitura também cuidou de toda a infraestrutura. Na prática, funcionam como distritos industriais, embora não sejam estruturados como o Diagri. A prefeitura informa que mais de 100 empresas estão instaladas nesses distritos.
Erivaldo Máximo, secretário de comunicação da prefeitura, destaca que os polos são fontes significativas de renda para o município. “Eles têm um grande impacto. O setor industrial de Itumbiara emprega 8.230 trabalhadores com carteira assinada. As empresas no Diagri e nas duas áreas industriais geram cerca de 7 mil empregos diretos e muitos outros indiretos, já que a maioria das indústrias terceiriza serviços em diversas áreas”, afirma.
Em relação à arrecadação, as indústrias são importantes produtoras de derivados de soja, milho e cereais, além de couro, sementes, latas de alumínio para bebidas, geradores de energia, ferro, ligas e muitos outros produtos. “O PIB de Itumbiara em 2021 foi de R$ 5,3 bilhões, e a indústria contribui com mais de 30% desse valor”, ressalta.
Erivaldo Máximo reitera que o município tem um papel crucial na promoção desses empreendimentos industriais, seja por meio da disponibilização de áreas, infraestrutura ou incentivos fiscais municipais. “Também estamos fortemente envolvidos na capacitação profissional, oferecendo centenas de vagas em cursos de qualificação profissional, com as mensalidades financiadas pelo município. Somente em 2023, a Prefeitura investiu R$ 972 mil em cursos de qualificação no SENAI.”
Grandes empresas estão estabelecidas nessas áreas industriais. A maior empresa do município é a Caramuru Alimentos, uma empresa 100% nacional com várias unidades no município que atuam no processamento de soja, milho, girassol, proteína concentrada de soja e outros produtos. Outras empresas nacionais de destaque são Stemac (grupos geradores), AlcaFoods (cereais matinais), Maquigeral (grupos geradores), Comfrio (armazenamento de sementes), Açofergo (tubos e perfilados), Almad (processadoras de algodão), Nutrata (ração animal), Panomora (usina de açúcar e etanol), Gen (fertilizantes), Thermal Bioenergy (bioenergia), Rai Industrial (ingredientes e aromas), entre outras.
Também há indústrias multinacionais, como Corteva (sementes de milho), JBS (couro), Cargill, Louis Dreyfsus e Can Pack (fábrica de latas), BP (usina de açúcar, etanol e energia), entre outras. Estão em processo de instalação as gigantes chinesas Weichai e Chint Power, em parceria com a Stemac.
Senador Canedo
A cidade conta com nove distritos industriais, dos quais dois são geridos pela Codego, três são municipais e quatro são privados. Com mais de 200 empresas, essas unidades industriais são responsáveis por mais de 80% do PIB local. “Noventa por cento dos postos de emprego estão nos Distritos Industriais. É crucial que o município apoie a implantação e a manutenção das atividades dessas empresas, oferecendo incentivos como isenção de tributos, formação de mão de obra e subsídio de áreas”, afirma Tomás de Aquino, superintendente de Captação de Recursos.
Os setores moveleiro, de confecção, cartonados, cerâmicas, alimentícias, químicas, entre outros, são os mais destacados na indústria local. Além disso, Senador Canedo abriga o maior polo petroquímico do Centro-Oeste, que é a principal fonte de renda dos habitantes locais. “Senador Canedo também possui distritos industriais consolidados que abrigam empresas dos setores alimentício, de confecção e de cosméticos”, acrescenta Tomás.
Fernando Pellozo (UB), prefeito de Senador Canedo, destaca que a cidade é a que mais cresce no Brasil. “A instalação dessas indústrias aqui traz inúmeros benefícios para a cidade, com foco principal na geração de empregos. Além disso, impulsiona significativamente a economia local, promovendo desenvolvimento e melhorando a qualidade de vida da nossa população. Esses benefícios nos alegram e mostram que Senador Canedo está em crescimento, desenvolvendo-se com mais empregos, mais renda, valorizando nossos trabalhadores e aquecendo a economia local”, observa.
Luís Stefani, proprietário de uma empresa no ramo de fertilizantes instalada no distrito há 28 anos (a empresa existe há 41 anos), explica: “Optei pelo polo devido à disponibilidade de uma área com tamanho adequado para minha indústria. A localização também é um fator crucial, facilitando a mobilidade da mão de obra”. A empresa emprega 149 pessoas.
Ronaldo Thibes, cuja empresa atua na gestão de resíduos, produção de embalagens, reciclagem e incineração, está estabelecido no polo há 19 anos. Ele escolheu o local pela posição geográfica estratégica, oportunidades de investimento e incentivos fiscais. Ronaldo informa que a empresa emprega mais de 800 pessoas entre direta e indiretamente.
Contudo, Ronaldo Thibes faz algumas ressalvas quanto às vantagens de se instalar em um polo industrial. “O estímulo que os distritos proporcionam é essencial. Ao nos estabelecermos, recebemos isenção de IPTU por 5 anos e terrenos a preços subsidiados. No entanto, com o passar do tempo, as cobranças desses impostos superam o valor real dos terrenos, extrapolando a planta de valores. A falta de regras claras para o assentamento e a escrituração causa insegurança para os empresários que realmente investem e contribuem para o progresso do município e do estado”, ressalta.
Luziânia
Segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcos Melo, na cidade existe apenas o Distrito Agroindustrial de Luziânia (DIAL), administrado pela Codego. Ele destaca que o processo de liberação de terrenos é extremamente demorado, o que tem levado muitas empresas a desistirem. “Demora até dois anos para uma empresa obter a liberação de uma área, levando muitos empresários a desistirem.”
Atualmente, o local abriga apenas oito empresas, que empregam cerca de 100 pessoas. Marcos Melo ressalta que a prefeitura oferece a essas empresas isenções e reduções de ISS, alvará de construção e funcionamento, além do Abits, por um período de até 15 anos.
Rio Verde
Em Rio Verde, a capital do agronegócio, há oito distritos industriais, incluindo dois estaduais e seis municipais, totalizando 320 empresas instaladas. O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, destaca a importância desses distritos para o município. “Os distritos industriais representam mais de 90% do PIB industrial de Rio Verde e contribuem significativamente para a arrecadação de impostos; atualmente, Rio Verde é o segundo maior município em participação no Coíndice do ICMS em Goiás, ficando atrás apenas da capital, Goiânia.”
O secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Denimarcio Borges, ressalta outro aspecto relevante nesse cenário. “Iniciamos as operações do complexo de combustíveis em outubro de 2023, fornecendo combustíveis para toda a região. Assim, o município se posiciona como uma alternativa ao complexo instalado em Senador Canedo.”
Denimarcio explica que o município oferece diversas contrapartidas para atrair essas empresas:
- O Distrito Municipal de Pequenas Empresas (Dimpe) disponibiliza terrenos para instalação de micro e pequenas empresas atuantes nos segmentos de indústria e serviços de médio e alto impacto ambiental. Este distrito abriga empresas que suportam a cadeia industrial e a produção rural.
- O Programa de Desenvolvimento Econômico de Rio Verde (PRODEN-RV), instituído por lei em 2018, oferece segurança jurídica e doação de áreas para novos projetos e expansão de empresas já estabelecidas no município. Este programa atraiu a Rumo Logística para Rio Verde, estabelecendo o maior complexo ferroviário da Ferrovia Norte-Sul no município, com mais de 25 milhões de toneladas transportadas por trem, equivalente à carga de mais de 600 mil caminhões. Desde sua criação, o programa gerou mais de 18 mil novos empregos formais.
Denimarcio informa que várias empresas multinacionais operam nesses distritos, como BRF, Crown, Cargill, LDC, Klabin, Mosaic, Bunge, Nutrien, Caramuru, além de revendas das principais marcas de máquinas agrícolas e veículos.
Essas empresas produzem uma variedade de alimentos prontos para consumo, como leite, queijos, pizzas, lasanhas, linguiças, embutidos, empanados, óleo de soja, cortes de aves e suínos, derivados de soja, milho, embalagens metálicas, fertilizantes, biológicos, máquinas agrícolas, ração para pets e animais de grande porte.
Denimarcio destaca que o Distrito Municipal de Pequenas Empresas (DIMPE) está em expansão, com a implementação de novos distritos, como o Distrito Agroindustrial & Logístico, próximo à Plataforma Logística Multimodal, que é o maior complexo de terminais ferroviários da Ferrovia Norte-Sul.
Paulo do Vale observa que a principal demanda dos empresários é a qualificação da mão de obra. Por isso, o município criou o Programa QUALIFICA Rio Verde, o maior programa municipal de aprimoramento profissional por meio de cursos profissionalizantes e técnicos em Goiás, oferecidos gratuitamente. Em parceria com o SESI/SENAI, a iniciativa da Prefeitura de Rio Verde está qualificando 1.680 trabalhadores para a indústria e outros 1.500 para o comércio e prestação de serviços em colaboração com o SESC/SENAC, ambos com 100% de investimento municipal”, afirma.
Veja lista dos municípios onde estão instalados os Distritos Indústrias:
- Abadiânia
- Anápolis (Daia e Daia Norte)
- Aparecida de Goiânia (Daiag)
- Bela Vista
- Catalão (Dimic)
- Goianésia
- Goianira
- Inhumas
- Itumbiara (Diagri)
- Luziânia
- Mineiros (I e II)
- Morrinhos (Daimo)
- Orizona
- Pontalina (Dapo)
- Porangatu
- Rio Verde (Darv I e Darv II)
Leia também:
Comigo anuncia investimento de R$ 1,3 bilhão em expansão agrícola e comercial
Governo de Goiás lança programa Daia 5.0
Com investimentos de R$ 40 milhões, Caiado lança Daia 5.0/DaiaPlan