O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está agendado para prestar um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira, 11.

A oitiva está relacionada à suposta articulação de um golpe de Estado no final do mandato de Bolsonaro em 2022, sendo parte de um acordo de delação premiada homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2023.

A convocação de Cid pelos investigadores ocorreu na última semana, após o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército até o final de 2022, ter prestado seu depoimento à PF. Fontes ligadas à investigação indicam que o depoimento de Freire Gomes implicou Bolsonaro nas discussões sobre o golpe.

Espera-se que durante o depoimento, Cid seja questionado sobre o papel do ex-capitão na trama golpista, incluindo sua possível orientação para a manutenção dos acampamentos em frente aos quartéis no final de 2022. O ex-mandatário, no entanto, nega qualquer envolvimento contra a democracia.
Recentemente, a Operação Tempus Veritatis avançou nas investigações, revelando uma reunião ministerial onde auxiliares de Bolsonaro discutiram a possibilidade de tomar alguma ação. Discussões sobre minutas golpistas também foram identificadas em conversas por aplicativos de mensagem, incluindo um áudio enviado por Cid ao general Freire Gomes, indicando alterações feitas por Bolsonaro em uma das propostas de minuta.

“E hoje ele mexeu naquele decreto, né. Ele reduziu bastante e fez algo muito mais direto, objetivo, curto e limitado”, disse o militar a Freire Gomes, em 9 de dezembro – dois dias depois da reunião de Bolsonaro com os militares no Palácio da Alvorada.

Além disso, Cid será questionado sobre a participação de outros militares da cúpula das Forças Armadas nas discussões do plano golpista. No mês passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra 16 militares, incluindo os generais e ex-ministros Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno.

Como colaborador, Cid está obrigado a responder a todos os questionamentos sob pena de ter o acordo cancelado, após passar cinco meses preso preventivamente antes de optar pela delação premiada. O depoimento de Freire Gomes também implicou Bolsonaro nas discussões sobre o golpe, conforme fontes próximas à investigação.