Com séries que conquistam fãs no mundo inteiro, serviço de streaming mais conhecido vem ganhando mercado e preocupando concorrentes de todos os lados, mas também tem suas limitações

Divulgação

Gilberto G. Pereira

A Netflix está incomodando todo mundo, da indústria de cinema aos conglomerados de mídia como a Globo, no Brasil. A preocupação mais recente, que fez o Grupo dos Marinho mexer os calcanhares, foi o anúncio de que a empresa americana poderá transmitir a Fórmula 1, ao vivo. Os executivos da companhia brasileira se preocuparam.

Mas a Netflix também tem seu calcanhar de Aquiles. Até agora, não acertou uma sequer na produção cinematográfica. Só faz coisas estranhas como “A história real de um assassino falso”, com Kevin James, e filmes com Adam Sandler, coisas mais estranhas, e por aí vai. A expectativa é que “Bright”, com Will Smith, previsto para estrear no dia 22 de dezembro, seja melhorzinho.

Tem um acervo de cinema comprado que dá para o gasto, apesar da au­sência de clássicos como Kuro­sa­wa, Fellini, Bergman e Truffaut. Há tam­bém alguns bons documentários. Mas quando se trata de séries, ela possui um catálogo inteiro de produções próprias que arrasa quarteirões. A­lém disso, séries geniais, da Fox, da Spa­ce, da AXN, da Universal, da BBC (veja “Luther”), bem escritas e bem dirigidas, conquistaram a preferência de um público cada vez mais exigente neste quesito, e muitas delas estão no streaming da empresa americana.

São as séries que põem o ponteiro para cima. Muitos dos assinantes buscam o serviço para ver, por exemplo, “Breaking Bad”, e rever até se cansar, “Walking Dead”, “Better call Saul” e “House of Cards”. Esta úl­tima era a menina dos olhos da Ne­tflix, justamente por ser uma produção própria que deu super certo (mas parece que Kevin Spacey conseguiu pô-la abaixo; sairá de cartaz após a sexta temporada, segundo a produtora).

No rastro de “House of Cards”, vieram muitas outras, como “Black Mirror” (direitos comprados da inglesa Channel 4), pelo menos uma do conjunto de super-heróis da Marvel, “Demolidor”, além de “Mind hunter”, “Marco Polo”, produção maravilhosa, mas que era cara e não alcançou o sucesso desejado. Foi cortada. O novo xodó é “Stranger Things”, que chegou à segunda temporada com muita badalação (veja texto abaixo).

Criada em 1997, a Netflix pode não acertar em tudo, mas está abrindo um caminho sem volta. Outros streamings já surgiram como Google Play, Amazon e mais uns 40, alguns com produções próprias, além dos sistemas piratas, que mataram as videolocadoras. Tudo isso são razões pelas quais as grandes produtoras de cinema e os mega canais de TV devem se preocupar.