Maurício Pereira traz seu “Outono no Sudeste” a Goiânia neste domingo (12)

12 agosto 2018 às 15h42

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Conhecido com um dos músicos e compositores mais cultuados da música independente brasileira, o paulistano desembarca no Cafofo Casa Estúdio, no Setor Sul, às 18 horas

Depois de fazer o melhor show do 17º Festival Bananada em 2015 para menos de cem pessoas, o músico e compositor paulistano Maurício Pereira volta a Goiânia neste domingo (12/8) com a turnê de seu novo disco, “Outono no Sudeste” (2018), a partir das 18 horas no Cafofo Casa Estúdio, que fica na Rua 121, no Setor Sul. Os ingressos antecipados custam R$ 15 e na porta R$ 20. A abertura fica por conta da goiana Bruna Mendez e seu show “O Mesmo Mar Que Nega a Terra Cede à Sua Calma” (2016).
Há três anos, Maurício Pereira, criador do grupo Os Mulheres Negras, um dos melhores representantes da MPB brasileira, veio a Goiânia e encantou aos poucos que foram ao seu show, ainda na turnê do disco “Pra Onde Que Eu Tava Indo” (2014), no teatro do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG). Além de composições de músicas da trilha sonora do Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, Maurício é cantor e compositor, além de pai do vocalista Tim Bernardes, a banda O Terno.
Quem perdeu a última passagem do músico por Goiânia terá a oportunidade neste domingo, no Cafofo Casa Estúdio, de ver de perto – e no Cafofo artista e plateia ficam bem perto mesmo – o show “Outono no Sudeste”, que foi lançado em maio. Maurício Pereira terá a companhia de Tonho Penhasco, que acompanhou o paulistano em sua apresentação no sábado (11) no Festival Coma, em Brasília (DF).
Em foto postada no início da tarde nas redes sociais, Maurício Pereira e Tonho Penhasco registraram o momento em que pegaram o ônibus na Rodoviária Interestadual de Brasília rumo a Goiânia. Aliás, “Rumo a Goiânia”, da dupla Leandro e Leonardo, foi a música escolhida pelo artista para divulgar na internet seu show na capital goiana. A imagem usada no vídeo é da Estação Ferroviária, na Praça do Trabalhador.
https://www.instagram.com/p/BmYp2J4hYGv/?taken-by=mauriciopereiramusico
“Outono no Sudeste” é talvez um dos melhores discos do paulistano. Desde a leveza da melodia de “A Mais (Rubião Blues)” ao encanto de “Mulher de Bengalas”, o álbum mais recente de Maurício Pereira revela um compositor cada vez mais seguro de sua qualidade nas letras. Para quem não conhece o cantor, ele é uma espécie de músico narrador de suas histórias em forma de canção. Já deu para perceber parte da inspiração do filho Tim Bernardes em parte das composições dos trabalhos do O Terno e de sua carreira solo.
“Tudo Tinha Ruído”, que mostra Maurício atento aos barulhos mais improváveis e comuns do cotidiano ao nosso redor, revelam a beleza do singelo. Em seguida surge “Cartas pra Ti”, na qual o paulistano se abre em declarações rasgadas, mesmo que em uma letra tão curta. A bem cadenciada e dançante “Florida” descreve uma mulher que seduz pelo simples fato de existir e como seu narrador a descreve.
A animação já contagia o início de “Os Amigos ou O Coração É Um Órgão”, que fala sobre “os membros secretos de uma sociedade de cacheiros viajantes aposentados”, trata da diversidade da rotina paulistana, material que Maurício sabe trabalhar como ninguém. “Mulher de Bengalas” parece, na primeira audição, uma música boba. Mas sua simplicidade é matadora. A faixa-título, “Outono no Sudeste”, começa com um solo de guitarra arrastado e choroso, bem parecido com a estação que dá nome ao disco quando se revela nos Estados do Sudeste e as reações que isso traz para a poesia de Maurício.
“Não Me Incommodity” é mais uma das canções-trocadilho da carreira do músico. Divertida, em alguns momentos boba, simplória, mas sempre muito animada e contagiante. Ela abre espaço para “Piquenique no Horto”, com cara de bolero apaixonado, mas cheio das graças típicas das letras de Maurício Pereira. “Te espero em minha janela/Cantarolando valsinhas/Hoje lavei toda roupa/No meu varal tem calcinhas/O céu coalhado de estrelas/Tem cinco ou seis que são minhas/Queria te ver agora e te espremer/As espinhas.”
O clima de futebol toma conta da melodia de “Quatro Dois Quatro”, formação que o compositor adota em um samba bem cadenciado, descrito por “Trabalhar essa bola sem pressa“. “Sonhar e deixar sonhar/Sentir que tudo tem seu tempo/Vislumbrar/Prever o futuro/Levantar a cabeça e imaginar/Imaginar saber/Descrever parábolas/Fazer com a bola um risco no céu/E deixar a beleza correr” canta Maurício na sua visão poética de uma partida emocionante.
“Maldita Rodoviária”, que há pouco o músico teve de enfrentar para chegar a Goiânia, começa com a descrição das “dores na carcaça” e as cicatrizes na vida deixadas por uma estação de ônibus e as suas viagens. “Nada/Longe ou perto/Ir derreter no futuro incerto/Salve, Santa Clara/Guardo o que é de valor na mala/Quilos de bagagem/Dez mil antídotos pra saudade.” O disco acaba com a barulhenta “Uma Pedra”, em um jazz confuso que se rompe pela voz de lamúria de Maurício: “O meu silêncio/Machuca/Um homem me tem nas mãos/Machuca/Atirada prum canto qualquer/Machuca“. A pedra jogada fora por alguém se assemelha a uma vida em sofrimento.
Bruna Mendez
Dona de uma das vozes mais intensas da música independente, Bruna Mendez dispensa apresentações. Seu show é conhecido de quem frequenta as apresentações e festivais realizados em Goiânia. Acaba de voltar de um show bastante aplaudido no Centro Cultural São Paulo, no dia 21 de julho, na abertura do lançamento de “Tônus”, terceiro disco da banda goiana Carne Doce. E é ela a responsável por fazer o show antes da apresentação do compositor de “Trovoa”, que já foi regravada por Juçara Marçal, do Metá Metá, e Maria Gadú.
Serviço
Maurício Pereira em Goiânia
Data: domingo (12/8)
Horário: a partir das 18 horas (abertura da casa), shows às 20 horas
Local: Cafofo Casa Estúdio
Endereço: Rua 121, número 126, Setor Sul
Atrações: Bruna Mendez e Maurício Pereira com Tonho Penhasco
Ingressos: R$ 15 antecipado (clique aqui para comprar) e R$ 20 na porta