Em “Tônus”, Carne Doce foge do óbvio e mergulha na intimidade

10 agosto 2018 às 07h03

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Em seu terceiro disco de estúdio, banda goiana não se acomoda no sucesso de “Princesa” (2016) e arrisca novo caminho ao buscar olhar mais introspectivo

Quando se apresentaram no Festival Bananada, em maio, as três músicas do novo disco que foram incluídas no repertório do show davam a impressão de que o intimismo no qual a banda goiana Carne Doce se jogaria em “Tônus” mostraria um caminho oposto ao bem recebido álbum “Princesa” (2016). Lançado no dia 17 de julho, a divulgação de todas as dez canções que forma a versão em streaming, CD e vinil do terceiro registro de estúdio do grupo confirmava a guinada introspectiva e menos festiva no trabalho do Carne Doce.
Apesar da conexão quase que imediata do público da banda com a faixa “Amor Distrai (Durin)”, que fala de forma aberta de sexo, o todo de “Tônus” caminha para um lado completamente diferente da melodia animada e a letra sacana da canção mais ouvida do disco no Spotify. E toda essa experiência do Carne Doce de olhar para dentro e lidar com os mais diferentes sentimentos poderá ser conferida no show de lançamento do álbum em Goiânia no sábado (11/8), às 21 horas, no Ideologia62, que fica na Avenida Rui Barbosa, no setor Serrinha. Os ingressos, que já estão no segundo lote, custam R$ 25. Na hora da apresentação, o valor cobrado na porta será de R$ 30.
O disco
“Comida Amarga”, que abre o disco, deixa claro que nem mesmo a melodia animada consegue esconder a tristeza da letra composta pela vocalista Salma Jô e o guitarrista e produtor da banda, João Victor Santana. “Nenhum disfarce no teu olhar/Eu já venci/Já não sou mais gostosa/Você goza triste em mim” revelam a constatação de um amor que convive com o desgaste natural do tempo, seja ele ficcional ou real.
Em seguida surge uma música composta por toda a banda. A canção “Irmãs” é assinada por Salma, o parceiro de vida e guitarrista Macloys Aquino, João Victor, o baixista Aderson Maia, que muitos insistem em chamar de Anderson, e o baterista Ricardo Machado. O relato da mulher, provavelmente mais nova, que vê na figura da irmã um misto de inveja e exemplo começa a se mostrar em versos como “Quando eu era pequena/Quando ontem cresci/Cada troca de pele/Eu pensava em ti, irmã” até a descrição seguinte: “Rival e heroína/Dos diários que eu roubei pra ler/Pra aprender as femininas intenções/Pra feminina ser como você“.
A primeira composição do casal Salma e Macloys no disco vem em “Besta”, com melodia mais cadenciada e lenta do que as duas anteriores. “Força/Coragem nessa hora/Levanta e vai embora/Não pague o couvert/Não suporte a cena/Pena” mostram um Carne Doce que arrisca “No artifício/O exercício/O benefício/O vício/De ser besta” e se expor – ou não – na intimidade madura e questionadora da relação que deu início à banda.
Sem chegar perto de ser a música mais animada que a banda já fez, mas com um alto poder de sedução do público do Carne Doce, “Amor Distrai (Durin)” chega cativante e conquista pelo teor safado e direto da como a letra descreve, sobre um ritmo cativante, determinada preferência no sexo: “E não apaga a luz/E nem feche a porta/E vamo descobrir o que me excita/O que te excita/O que fazer pra ser mais foda”. Na primeira participação de Fernando Almeida Filho, o Dinho, do Boogarins, em uma composição no “Tônus”, a vontade descrita pela letra do vocalista e guitarrista da banda amiga, Salma, Macloys e João Victor logo aparece no refrão “Porque eu só gozo assim/Em alto e bom som“.
Muita gente tem cometido o erro de achar que o tema central do álbum pode ser percebido em “Amor Distrai (Durin)”, justamente o ponto fora da curva das discussões introspectivas do disco. Tanto não é o eixo que alimenta o disco que a faixa seguinte, “Brincadeira”, que também tem Dinho na composição ao lado de Macloys, é o retorno à calmaria em “Tônus” e toda a insegurança que vai e volta na temática. “É que às vezes/Eu me sinto bobo/Nesse papo de ser dono de gozo/De tanto desgosto.”
“Já Passou”, a gravação mais simples e rústica de todas as músicas do terceiro trabalho de estúdio do Carne Doce, volta às atenções do disco ao casal Salma e Macloys ainda com mais intensidade. A suavidade da voz da cantora, que tem aprimorado a afinação desde os registros do EP “Dos Namorados” (2013), ganha ainda mais destaque no acompanhamento apenas no violão do parceiro. “Meu bichinho, venha cá/Não tem tempo ruim/Vem comigo/Me diz onde dói” é cantado com leveza em meio à dor da letra. Ao mesmo tempo, os versos “E eu tenho medo também/Mas também tenho você/E o nosso abraço pode adormecer/Toda dor” dão a noção de que há o conforto da busca pela solução.
Quando chega a faixa-título “Tônus”, a composição do casal ganha a força de uma canção pop bem ritmada que ajuda a demonstrar uma relação de reconhecimento de limites e o olhar que da disputa psicológica com a imagem do outro traduzida em mera insegurança. “Uma menina/Naquele short/Que mostra a bunda/Tal criatura inunda/A minha solidão.” É claro que você tem o direito de discordar de tudo que foi dito e entender de outra forma. Nada garante que eu também não tenha ressignificado todas as letras.
“Os cachorros dos outros não são tão divertidos/Já os nossos ex são todos iguais.” A melancolia que abre “Ossos”, de Salma e Macloys, dá o tom da incompletude que segue com “Quase todos os ossos não foram quebrados/Quase todo café da manhã foi feliz/Quase todos tiveram seus sonhos sonhados/Só quem foi escolhido que foi visitado“. Quem ouve na sequência das faixas de “Tônus” o disco até sua oitava música percebe que a mudança de rumo entre o álbum “Princesa” e este, lançado em julho, é grande.
“Nova Nova”, que ganhou um clipe baseado no projeto gráfico do disco, é marcada pelo sintetizador, que marca as viradas e tomadas de rumo da melodia. Do tom sofrido do início da música, como em “Era linda sua nova namorada/Foi feliz, foi bem aceita em sua casa/Foi boa nora, boa cunhada/Quase uma filha, era engraçada“, a inveja dá espaço a uma cadência que cresce depois de virada a fase dolorosa por um novo momento de descoberta, mesmo que incompleto. “Mas por sorte é um ovo essa cidade/Você logo encontrará sua metade/Com seu talento e criatividade/Com sua entrega pela metade.”
“Golpista”, de nome sugestivo, é a maior canção do “Tônus”, com 5 minutos e 19 segundos. E fecha o disco com uma mistura de experiências pessoais e datas da história recente do País, como a referência discreta às manifestações de junho de 2013 em “Com voz sagrada/Letra vadia/Fiz o meu junho/Faço os meus dias/Rumei meus punhos/Cacei fé com fé“. E que continua no reflexo daquele tempo, descrito no refrão “Flores em fogo/Tédio na brisa/Tudo traz ânsia/Nada sacia/Houve um surto de bege euforia/E por fazer nada estive golpista“.
O inconformismo de antes se torna o resultado da descrença de hoje, um possível reflexo da ressaca do impeachment: “Fora de forma/Deito em agosto/Tudo tem gosto de paralisia/Ninguém se cansa de tanta notícia/Mas não precisava ter tanto artista“. Ou pode ser tudo um mero diálogo ou um desabafo pela pressão de como o trabalho anterior da banda foi interpretado, e a resposta seria a estrofe final do terceiro álbum, que diz “A terra ainda é boa/Dá plantas que curam/Dá hinos e fugas/De tudo dá“.
“Tônus” pela banda
Macloys diz que não houve um processo elaborado para que se chegasse a um disco necessariamente intimista. Tudo aconteceu naturalmente e de forma despropositada. “Chegamos no final do ano passado e o ‘Princesa’ tinha quase um ano meio do lançamento. No nosso mercado de nicho, era necessário ter um produto novo, seja um disco ou um single.” Foi aí que a banda teve a ideia de tentar entrar no edital da Natura Musical para 2018. “Com o projeto aprovado, a gente se dedicou ao disco, à composição. Acabou que ele saiu do jeito que saiu”, descreve.
O guitarrista e parceiro de Salma afirma que o “Princesa” tinha mais chances de ser objetivado por contar com duas canções como “Artemísia” e “Falo”, que tiveram uma forte identificação feminista. “Não é à toa que ele teve leitura política, foi lido politicamente, muito mais do que o ‘Tônus’ vai ser. O ‘Tônus’, por outro lado, é um disco muito mais subjetivo, que fala mais para si. É uma conversa mais íntima mesmo.”
Sobre o tom de tristeza transmitido por parte das letras, Macloys explica que é algo natural pelo momento de vida. “A gente já passou dos 30 anos, eu já estou chegando nos 40. Essas coisas batem assim. Não temos mais essa ansiedade e esse impulso adolescente. É outra energia.” Já Salma, ao falar sobre as letras de “Tônus”, diz acreditar que a interpretação de que seria um disco triste parece apontar para um rumo do casal. “Fiquei com a impressão pela sua pergunta de que a gente está terminando por causa das músicas. Só que a gente está bem, firme e forte, apaixonado um pelo outro”, observa a vocalista.
E Salma continua: “O Tom de tristeza tem outro sentimento que é de insegurança, insuficiência. Está nessas músicas, talvez em ‘Comida Amarga’, ‘Nova Nova’, falando de término, rejeição e falta, de não ser mais desejada”. Ela explica que acaba por ser um reflexo de outras questões, como o momento pessoal e político, a “ansiedade e a falta de sentido das pessoas parecidas com a gente”. A vocalista levanta também a possibilidade de “Tônus” ter um pouco de resposta ao “Princesa”.
“Uma coisa que me fez apaixonar pelo Mac foi justamente a sinceridade, o jeito aberto e despachado. Ele é um cara muito aberto, fácil de conversar, sem tabus ou amarras. Isso eu sempre admirei e de certa forma foi uma inspiração também para as letras, desde o EP ‘Dos Namorados’.” Para Salma, desde 2013, na música “Dos Namorados”, essa visão “muito crua, muito sincera, muito direta”, que vem da forma como a vocalista vê o companheiro, já estava presente nas letras da banda “e é uma maneira que a gente tem de levar a relação também”.
Composições conjuntas
Ter os cinco compondo juntos, como na faixa “Irmãs”, ou o fato de ter João Victor como parceiro na hora de escrever é algo comemorado por Macloys. “Eu acho ótimo, porque é cada vez mais o resultado de um trabalho em grupo. Essas contribuições que apareceram do João e dos meninos tendem a tomar conta de todo o processo. Isso é muito positivo porque diversifica também o processo de composição, de escolha de temática e de caminhos para as canções. Espero que o próximo disco seja mais plural no sentido da composição.”
Não é a primeira vez que o vocalista do Boogarins compõe junto com o Carne Doce. Desde o primeiro disco, quando Dinho e o guitarrista Benke Ferraz fizeram a canção “Benzin” em parceria com Salma e Macloys, que a proximidade entre as duas bandas se faz presente. “Dinho é um compositor inveterado e faz parcerias onde quer que ele esteja. Ele está o tempo inteiro compondo, soltando canções. Compôs com Céu, Ava Rocha, Bonifrate, com o Benke e o Raphael Vaz (Boogarins)”, diz Macloys. Para o guitarrista da Carne Doce, ter Dinho no disco é um prêmio. “Não é uma questão de incluir, é uma questão de aproveitar. A gente até devia aproveitar mais, porque ele é realmente muito frutífero”, explica.
Durante a produção do disco, a novidade foi, já com as músicas prontas, que João Victor começou a gravar a banda em casa. “Ele gravou bateria em casa com pouquíssimos recursos. Isso serviu para a gente como um processo de pré-produção. João gravava, mixava, arranjava em casa, trazia para a gente ouvir e ter uma ideia cada vez mais clara do caminho que a música estava tomando.” De acordo com Macloys, isso fez como que o processo no estúdio fosse mais fácil porque as canções já estavam prontas. O guitarrista João Victor produziu os três álbuns da Carne Doce.
Braz Torres Neme e Pedro Zamboni ficaram responsáveis pela gravação do disco nos estúdios Up Music e Complexo, de março a maio deste ano. Ficou a cargo de Braz a mixagem, que contou com a assistência de João Victor. A masterização foi feita por Felipe Tichauer.
As fotos surgiram, depois de todo processo de pesquisa, em uma noite de bebedeira do casal Salma e Macloys em casa. “Ela já estava buscando imagens que pudessem inspirar a gente a desenhar uma proposta estética para o disco. Salma viu uma foto de uma modelo, um ensaio com meia arrastão branca sob luz negra com blackout. É mais ou menos o que a gente fez, um pouco mais tosco.”
Macloys conta que os dois estavam no shopping fazendo o credenciamento do Festival Bananada de 2018 e Salma resolveu comprar uma meia arrastão. “Neste dia mesmo a gente chegou em casa e começou a beber. Eu estava com a câmera do Aderson em casa, uma Nikon semiprofissional. Ela falou ‘vamos fazer esse ensaio agora’.” De acordo com Macloys, os dois fecharam uma sala para evitar a entrada de luz e criaram o clima de blackout.
“Fui ao mercado perto de casa e comprei duas lâmpadas de luz negra e a gente começou a fazer as fotos. Fomos entrando na noite com esse ensaio, os dois meio bêbados. Salma foi deitar. Quando vi o resultado fiquei super impressionado, achei incrível e fui editar naquele momento mesmo, madrugada a dentro”, lembra. Macloys diz que achou tudo muito bonito. “No dia seguinte, pegamos as fotos e ficamos muito animados. A gente mostrou para alguns amigos e todo mundo gostou muito. Pensamos ‘então vai ser isso, né? Já está feito’. E foi assim.”
Identidade visual nos shows
Das fotos e arte, de Salma e Macloys, ao projeto gráfico, feito pelo baixista da banda, a ideia era transformar tudo isso em proposta de identidade do show. Foi quando chamaram o iluminador Hugo Aboud, que conseguiu refazer tudo ao vivo com um par de ribaltas com projeção de luz negra. “Hugo desenvolveu um sistema e consegue ativar as ribaltas de luz negra da mesa de luz. Esse cara é um nerd, um pesquisador da iluminação. Ele é incrível”, elogia. Quando esse sistema de iluminação é possível de ser utilizado no local do show, todo o processo é usado na apresentação.
“Se o sistema de luz não for equipado o suficiente a gente dá um jeito. Salma consegue ativar essa ribalta com um comando do lado do pedal dela. A gente está aproveitando isso no show.” Macloys revela que nada disso foi planejado. “Essas coisas foram surgindo. Hugo apareceu com a ideia de fazer isso ao vivo. A gente executou isso a primeira vez em Santos duas semanas atrás. Depois a gente fez isso no Centro Cultural São Paulo e deu muito certo porque o sistema de iluminação deles era muito bom. Quando Hugo dava o blackout no palco inteiro e ativava as ribaltas de luz negra, Salma já estava com a meia, o efeito era incrível.”
Mesmo sendo uma banda de Goiânia, o Carne Doce tem mais público em São Paulo. Tanto que o primeiro show da turnê do “Tônus” foi realizado no litoral paulista e seguiu para a capital daquele Estado. “Os shows aparecem mais em São Paulo para a gente do que em outro lugar do Brasil. A gente tem mais aceitação e mais público em São Paulo do que em qualquer outra cidade do Brasil”, explica Macloys.
Nos shows do “Tônus”, a maior parte do repertório é composto por músicas do terceiro disco do Carne Doce. A apresentação, que já passou por Santos, São Paulo, Sorocaba (SP), Londrina, Ponta Grossa e Curitiba (PR), e que será realizada em Goiânia neste sábado, conta com apenas uma canção do álbum “Carne Doce”. Macloys afirma que algumas faixas do “Princesa” são executadas ao vivo neste novo show. “Mas o set é o ‘Tônus’. A maior parte do set são as músicas do ‘Tônus’. O figurino é diferente, a Salma está com essa meia, ela está usando uma indumentária diferente, da identidade do disco, tem a luz.”
Preconceito
“Uma coisa que é super recorrente é a pergunta ‘como é fazer indie rock ou o tipo de música que vocês fazem em Goiânia sendo a cidade o celeiro da música sertaneja no Brasil?’ ou coisa parecida. Essa pergunta sempre acontece e a gente sempre se vê obrigado a responder”, lamenta Macloys. Apesar de nunca ter sido uma barreira para o Carne Doce ser da capital goiana, o guitarrista diz que percebe alguma diferença no tratamento.
A primeira vez que a banda se apresentou em São Paulo, no início de 2015, foi no Sesc Belenzinho. “Tem um painel enorme na entrada com todas as atrações impressas. E o nosso nome estava lá, junto com a foto, e estava escrito ‘Carne Doce – indie rock goiano’. A gente ficou rindo daquilo. Se fôssemos uma banda de São Paulo estaria escrito simplesmente ‘Carne Doce – indie rock’.”
Para Macloys, “Tônus” é o melhor álbum do Carne Doce. “É o nosso disco mais maduro, mais bem feito, mais bem concebido. É o disco que eu mais gosto de ouvir. Gosto muito do humor das músicas, da textura, da mix em algumas músicas, da sonoridade, da interpretação da Salma.” Além de ser um disco introspectivo, o guitarrista destaca que há “essa força de chamamento para o eu”. “É um disco que te leva a refletir sobre si mesmo. Muito mais do universo feminino por conta da perspectiva da Salma, mas é um disco mais contemplativo”, define.
De acordo com Macloys, há um impulso dançante na sonoridade. “Sempre imagino esse disco sendo dançado de uma maneira um pouco triste, uma dança solitária. Uma dança você sozinho no seu quarto escuro ouvindo esse disco e dançando.” Sobre o momento do Carne Doce, ele descreve como vivendo uma situação nova, que é de consolidação. “É difícil falar isso hoje, ainda mais para uma banda do nosso tamanho, que é uma banda de nicho, restrita e pouco conhecida, mas a gente se sente consolidado no nosso nicho. Esse disco trouxe essa segurança para nós”, comemora.
Antes do lançamento de “Tônus”, o guitarrista afirma que havia uma insegurança pelo resultado do álbum anterior. “A gente estava com uma expectativa de que o disco seria bem aceito, mas teria um tempo de digestão muito mais lento do que o ‘Princesa’. Mas acabou que o disco na verdade está sendo super bem aceito e as pessoas estão se identificando rapidamente com as letras e com os sentidos das músicas. Se não estão se identificando estão num esforço de ressignificar as canções e as músicas, e tudo isso é muito bom para nós porque as músicas estão batendo, elas não estão passando despercebidas.”
Banda rotulada
“Por conta de duas faixas no ‘Princesa’, que é um disco de onze canções, todo o disco, e a banda, a nossa história, toda nossa biografia foram entendidas como um esforço feminista. Quando na verdade não. O ‘Princesa’ é muito mais complexo do que isso. Tem onze canções, tem músicas que falam de memórias do passado, tem músicas que falam de amor. Não tem nada a ver com feminismo.”
Segundo Macloys, o disco anterior todo foi rotulado pelo “discurso político e essa inflamação toda”, que marcaram o álbum e a banda. “Isso acontece normalmente, às vezes por uma leitura mais imediata, mais rasa, menos criteriosa. ‘Amor Distrai’ é a música que parece que até agora impregnou mais rápido nas pessoas, do ‘Tônus’. E é a única música do disco que fala de sexo de uma maneira bem vulgar, escrachada. E algumas pessoas estão achando agora que o Carne Doce é uma banda que fala sobre sexo de uma maneira vulgar, escrachada.”
Ele explica que não. “‘Amor Distrai’ é uma faixa do disco, ela não encerra o álbum, que é muito mais complexo, traz muito mais elementos do que isso. ‘Amor Distrai’ não dá a ideia do disco. Dentro do contexto, ela é a mais excêntrica. Só que chegou mais rápido. Tem um apelo maior. As pessoas entendem assim, como se ela fosse capaz de encerrar todo o disco. Mas não é verdade”, observa Macloys.
E continua: “No primeiro disco, em 2014, a gente já tinha feito músicas tipo ‘Passivo’, que eram até mais vulgares. ‘Passivo’ é muito mais vulgar, muito mais apelativa, mais agressiva do que ‘Amor Distrai’. Essa coisa está na gente já tem muito tempo. Acho que é uma leitura mais imediata. É o tempo da internet, né? Não porque a gente se coloca para o acordo. Na internet é só soltar e está pronto”.
De acordo Macloys, o nome errado do baixista Aderson, que muitas vezes é chamado de Anderson, acabou por se tornar uma piada na banda. “A gente até falou para ele botar o nome artístico como Anderson Maia, mas ele não topou.” O percussionista Gabriel Cruz participa como músico convidado nos shows. Em “Tônus”, Gabriel aparece na percussão e nos efeitos nas faixas “Brincadeira”, “Golpista”, “Amor Distrai (Durin)”, “Irmãs” e “Ossos”.
Serviço
Carne Doce – Lançamento do disco “Tônus” em Goiânia
Data: sábado (11/8)
Horário: 21 horas (abertura da casa)
Local: Ideologia62
Endereço: Avenida Rui Barbosa, setor Serrinha
Ingressos: R$ 25 segundo lote, R$ 30 na porta
Venda online: Sympla (clique aqui)
Classificação indicativa: 18 anos