Em show agressivo, Red Fang conquista público dominado pelos Hellbenders
27 março 2018 às 17h29
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Apresentar-se em Goiânia depois do principal representante do rock da capital não é uma missão fácil. Mas atração americana soube arrebatar plateia com sequência de hits
O quarteto americano Red Fang, representante de Portland (Oregon) do stoner metal, não tinha uma missão fácil na capital goiana. Bryan Giles (vocal e guitarra), Aaron Beam (vocal e baixo), David Sullivan (guitarra) e John Sherman (bateria) chegaram a Goiânia no final da tarde de quarta-feira (21/3) dispostos a ganhar o público. Desde o início da noite, os integrantes fizeram questão de estar no meio das pessoas que pagaram para ver o show deles à meia-noite no Diablo Pub, no setor Sul. Até ocuparam uma das mesas no Diablo Bar, ao lado da casa noturna, momentos antes da primeira banda, a goiana Hellbenders, subir ao palco.
Com 18 minutos de atraso, Diogo Fleury (vocal e guitarra), Braz Torres (vocal e guitarra), Augusto Scartezini “Chita” (baixo) e Rodrigo Andrade (bateria) abriram o show da Hellbenders às 22h48 com a última faixa do primeiro disco da banda: “Smashing Cars Chasing Stars”. Sem pausa para nada, emendaram “Brand New Fear”, também do álbum “Hellbenders” (2013).
Das novidades apresentadas pelo grupo em 2017, “Predictable Ways” manteve a agressividade do show, que ia do palco para o público, que cantava ainda timidamente parte das músicas. “Valeu, caralho. Obrigado”, agradeceu Braz aos presentes, que já eram quase todas as 400 pessoas que passaram pela casa noturna na última quarta-feira.
Foi em “No Thinking”, do disco de estreia, que o público se soltou e começou a fazer da noite uma daquelas memoráveis já vividas pelo Diablo Pub, com diversas atrações nacionais e internacionais do rock, como era a proposta inicial do espaço: um lugar para que bandas e artistas se apresentassem ao vivo. “Olha a galera cantando”, comentou um amigo impressionado.
A mais recente “No Hero”, do refrão “Too any stories/Too Many stories“, também arrancou um coro até considerável. E aos poucos o público se soltava. O vocalista e baixista Aaron Beam e o baterista John Sherman, da Red Fang, saíram do camarim e observavam do alto da escada, bem discretos, o show da banda goiana. Foi só começar “Hurricane” e os dois estavam igual ao público, batendo cabeça.
Só que quem estava na pista ultrapassava o modesto balançar da cabeça em sinal de que a música era boa. Abriu-se a primeira roda da noite em “Hurricane”, que continuou em menor tamanho quando os goianos começaram “Outburst”. “Prazer enorme estar aqui”, disse Diogo.
Como o show era de abertura, a banda logo anunciou que tocaria as duas últimas. E foi “Bloodshed Around” a única escolhida do disco “Peyote” (2016) para entrar no repertório da noite na qual a estrela principal era a americana Red Fang. Mas os goianos da Hellbenders não ficaram devendo em nada ao vivo ao quarteto de Portland.
“Vamos moer essa desgraça agora.” A frase dita por Braz parecia uma convocação para a euforia coletiva vinda com o último som da apresentação, a música “Holy Whiskey”. “Nós somos o Hellbenders”, decretou fim ao show Diogo às 23h28.
Pausa para a cerveja
Tempo curto, mas suficiente para ir até a parte descoberta da casa noturna beber uma cerveja. Naquela pista transformada em inferno pelo calor e agitação da plateia ainda passaria a banda que atraiu 400 pessoas ao Diablo Pub numa noite de quarta-feira.
E foi pontualmente meia-noite de quinta-feira quando os quatro integrantes da Red Fang subiram ao palco. Um minuto depois e o público já estava aos berros no refrão de “Blood Like Cream”, do disco “Whales and Leeches” (2013). Aaron era acompanhado por gritos de fãs empolgados que cantavam com todo fôlego “Turn it up, turn it up, turn it up/Turn it up, turn it up, turn it up/Turn it up, turn it up, turn it up/Just before I take you“.
Nem deu tempo de o público se recompor da euforia. “Malverde” e a voz sombria de Bryan Giles levaram os presentes à imersão mais profunda e obscura do metal vindo do álbum “Murder the Mountains” (2011). E a vibração se manteve a mesma com a forte “Crows in Swine”. Logo depois Aaron cumprimentou o público as berros de “Goiââânia, obrigado” em português.
O disco mais recente, “Only Ghosts” (2016), apareceu no show com “Not For You”, cantada em melodia mais cadenciada por Aaron depois de duas canções sombrias na voz de Bryan. E a Red Fang se manteve no álbum com qual tem viajado o mundo ao iniciar a tenebrosa “No Air”. “How did I end up here? Watch my soul disappear/All I want’s away, away from you.”
Se era peso e densidade que a banda queria mostrar, “Into the Eye”, que tem o vocal alternado entre Bryan e Aaron, trouxe o que o disco “Murder the Mountains” tem de melhor. Veio a nova “Antidote”, incluída nos shows em 2017 e neste ano, responsável por abrir a roda na pista. A canção mais recente da banda antecedeu o mar de celulares e a retomada do coro mais forte com “Wires”, também do álbum de 2011. Foi quando a plateia puxou o coro “hey, hey, hey” no início da melodia da música.
Goiânia foi a única das cinco cidades pelas quais a Red Fang passou na turnê pela América Latina em que a canção “Number Thirteen” não foi incluída no show. Depois da euforia causada por “Wires”, Aaron perguntou ao público se alguém gostava de animais. Era a deixa para começar a tocar “Sharks”, de melodia rápida e punk do disco “Red Fang” (2009).
Quando o hit dançante “Cut it Short” recolocou o álbum mais recente em evidência ao vivo, o público já aceitava o que viesse, totalmente entregue aos americanos. Mas o metal super potente “The Smell of the Sound”, vindo do baixo de Aaron, nem precisava de uma plateia hipnotizada para conquistar nem os mais desatentos. “Oh, you will never be alone now/I am always there.”
“Acho que dá para tocar mais três músicas”, disse em inglês Aaron. E pediu “caipirinha” com dificuldade na pronúncia do nome da bebida antes do início à sequência “Dirt Wizard”, de 2011, “Flies”, de 2016, e “Prehistoric Dog”, música do primeiro disco que transformou a pista em uma grande festa de vibrações, empolgação, berros, coro e muita gente pulando.
A Red Fang saiu do palco, mas não demorou a voltar para “mais duas músicas”. “Hank is Dead” fez o público vibrar bastante antes do depressivo final com “Throw Up”, que foi a quinta canção do “Murder the Mountains” a entrar no show de quarta. Para um início de madrugada de quinta-feira, 1h17 quando a apresentação dos americanos acabou, os presentes resistiram bastante. Ainda teve muita gente que esperou para tirar fotos com parte dos integrantes do grupo, que ficou na frente do palco para atender a cada um dos fãs que se aproximava. Era hora de mais uma cerveja, dormir um pouco e encarar a rotina na manhã seguinte.