“Entre quatro paredes”, um clássico moderno da dramaturgia francesa, estará em cartaz neste fim de semana, no Teatro Sonhus (Lyceu de Goiânia)

Lara Moura, Fernando Alves e Sarita Paiva estão em cartaz com peça que lida com o problema da alteridade e da liberdade | Foto: Malu Nunes

Nos dias 24, 25 e 26 de novembro, um grupo de atores goianienses vai encenar a peça “Entre quatro paredes”, de Jean-Paul Sartre (1905 –1980), no Teatro Sonhus, que fica dentro do Lyceu de Goiânia. A peça é um clássico moderno da dramaturgia francesa.

Sartre foi um filósofo existencialista francês que usou a literatura e o teatro como plataforma de debate político e filosófico. Seus romances, contos e peças são marcados pelo engajamento artístico e intelectual. Por causa disso, as máximas sartreanas são muito citadas pelo público comum. Muitas delas saem da filosofia para entrar na tessitura orgânica do teatro, como “o homem está condenado à liberdade.”

Dirigido por Bruna Isac, o elenco da peça de um ato só é formado pelas atrizes Lara Moura, Malu Nunes e Sarita Paiva e pelo ator Fernando Alves, que representam os únicos quatro personagens, Inês Serrano, Estelle Rigault, Joseph Garcin e o criado (ou criada). Eles morreram estão numa sala de espera, onde procuram saber a razão de estarem ali, só os quatro, isto é, os três que chegam e o criado que lá já está.

“Entre quatro predes” lida com a questão da subjetividade e sua capacidade articuladora do mundo, ou a incapacidade de encarar o julgamento moral do outro. É sobre como o eu lida com o medo em relação ao outro, sobre o olhar alheio sobre o que fazemos e pensamos. Há uma situação de enclausuramento nesse drama existencial, uma vez que não se pode ignorar a presença do outro na caixa de ressonância do mundo.

Em outra máxima da filosofia existencialista de Sartre, lemos o seguinte: “Não importa o que fazem do homem. O importante é o que o homem faz do que fizeram dele.” Assistir a “Entre quatro predes”, com o intuito de observar como se move intimamente a subjetividade humana, nas grades da existência, é importante, tanto para a autorreflexão quanto para a reflexão sobre o outro que também somos. O outro é quem acusa sempre. Logo, “o inferno são os outros”, eis a máxima fulcral presente no desfecho de “Entre quatro paredes”.

A peça lida com o problema da alteridade e da liberdade, esta, um quiproquó existencialista por excelência. Ninguém foge dele, quando se busca explicação atrás de explicação sobre se o homem é capaz de ser completamente livre ou não. A vida prática às vezes nos enquadra. Nem mesmo Sartre escapou da armadilha.

Em 1964, Sartre ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Tomado pela liberdade de dizer não, alegando coerência com suas severas críticas a esse tipo de coroação, que escolhe uma obra em detrimento de tantas outras de merecimento igual, ele não quis receber o prêmio. Mas, consciente de que a liberdade é um troço questionável, sentiu-se preso à necessidade do dinheiro do prêmio, e disse sim ao cheque de US$ 1 milhão.

Malu Nunes no cenário de “Entre quatro paredes”: peça é sobre como o eu lida com o medo do outro, o olhar, o julgamento do outro sobre o que fazemos e pensamos

Serviço:
Entre Quatro Paredes
Data: 24, 25 e 26 de novembro
Local: Teatro Sonhus (Lyceu de Goiânia) Rua RA-18, esq. com a Rua 21 (Centro)
Horário: 20h30
Ingressos (no local): R$20,00 (inteira), R$10,00 (meia).
OBS: Venda de ingressos na bilheteria do teatro, 1 (uma) hora antes do espetáculo.

Ficha Técnica:

Espetáculo: Entre Quatro Paredes
Texto: Jean Paul Sartre
Direção: Bruna Isac
Assistência de direção: Marcus Pantaleão
Elenco: Fernando Alves, Lara Moura, Malu Nunes e Sarita Paiva.
Cenografia: Cadu Matutino
Iluminação: Marcus Pantaleão
Figurino: Bruno Amaral e Juliana Franco
Material Gráfico: Marcela Suedson