Notícias
Vereador de Palmas afirma que saída foi golpe político que pode aumentar o desgaste do governo, pois dificilmente terá apoio da sociedade, que ainda não compreendeu o desdobramento dos novos fatos
Com a responsabilidade de conduzir a eleição do novo governador depois da renúncia de Siqueira Campos e João Oliveira, a Assembleia Legislativa vira o centro do poder
Com um governo irreconhecível, ex-governador Siqueira Campos sacrifica mandato para tentar manter o seu grupo no poder. Inicialmente, saída foi saudada como jogada de mestre, mas agora há sérias dúvidas sobre isso
O deputado Júnior Coimbra (PMDB), se fosse candidato de verdade, agregaria muito ao seu partido. Ele é o peemedebista que atrai mais gente do governo para suas reuniões, portanto é o “oposicionista” que mais tem apoio na base do governo. Ou é o contrário, o governista que mais tem votos na oposição? De qualquer forma isso não é para qualquer um.
[caption id="attachment_1625" align="alignleft" width="156"]
Foto: Clayton Cristus[/caption]
É no mínimo preocupante a declaração do presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Osires Damaso (foto), do DEM, que diz que depende dos deputados para não haver aliciamento durante a eleição indireta. Se depender dos deputados vai haver. Siqueira elegeu apenas 9 dos 24 deputados e assim mesmo um deles fez campanha em separado porque era de oposição. Hoje o governo tem dois terços da Assembleia e manda e desmanda no Parlamento. E como construiu esta maioria absoluta se não por cooptação e aliciamento? Não é difícil prever o que os deputados vão ganhar em troca para eleger o novo governador. Bastar lembrar o que os parlamentares da época Gaguim receberam dele para fazê-lo governador.
O deputado José Bonifácio, que passou a ser um duro crítico do governo Siqueira Campos, avalia que a renúncia abre um precedente importante. O fim da era Siqueira e o início de um novo tempo. Para o deputado, Siqueira fez um governo fraco, sem obras, bem distante dos anteriores. Bonifácio afirma que Siqueira ficou no passado e que o momento oferece oportunidades para novos líderes.
Mas o governo também foi derrotado na defesa da tese de que Eduardo Siqueira pode ser candidato ao governo do Estado sem necessariamente o pai, Siqueira Campos, renunciar. Siqueira deixou o governo alegando oferecer condições para o filho ser candidato. A tese de Eduardo foi derrotada e descartada.
O governador interino Sandoval Cardoso (SDD) e o ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB) não podem concorrer a eleição indireta para governador. Quem alerta é o procurador eleitoral Álvaro Manzano, que ressalta que para a eleição indireta aplicam-se as mesmas regras da eleição direta.
[caption id="attachment_1616" align="alignleft" width="300"]
Prefeito Carlos Amastha: “Não entendo as reclamações, foi melhor assim”[/caption]
O governo já conquistou a primeira vitória com a renúncia de Siqueira Campos e o seu vice, João Oliveira (DEM). Fez a oposição, que vinha promovendo um verdadeiro arrastão pelo interior, descer do palanque. Pelos próximos 20 dias líderes oposicionistas estarão ocupados assistindo o governo vencer uma eleição de cartas marcadas.
O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PP), acompanha de longe, mas não indiferente, o desdobramento da eleição indireta. Destoando da maioria dos líderes de oposição que questionaram os motivos da renúncia, o prefeito diz que não consegue entender as reclamações. Para ele a renúncia demorou. “Foi um governo que terminou sem nunca ter começado, melhor assim”, comenta. Amastha, que é o coordenador da terceira via, anuncia que deve reunir os partidos para tomar uma decisão. O grupo formado por PP, PT e PCdoB deve bancar a candidatura de Paulo Mourão.
Amastha se deu conta que a candidatura de Marcelo Lelis (PV) vem crescendo e que representa uma ameaça para 2016. Daí o discurso raivoso que não combina com o seu perfil contra Lelis e a senadora Kátia Abreu (PMDB). Amastha não pode repetir o erro do deputado Júnior Coimbra, que na ânsia de combater os adversários internos virou defensor do siqueirismo.
O deputado Marcelo Lelis, do PV, pré-candidato ao governo do Estado, já decidiu que não vai mudar em nada a sua agenda política em função da eleição indireta. O deputado explica que vai continuar participando dos encontros promovidos pelo seu partido pelo interior sem descuidar do plenário da Assembleia, onde serão tomadas as decisões com vistas à eleição indireta que vai escolher governador para mandato-tampão.
Já são nove os pré-candidatos a eleição indireta até o momento. Os deputados José Augusto Pugliesi (PMDB), Marcelo Lelis (PV) e Sargento Aragão (Pros), além do senador Ataídes Oliveira (Pros), do deputado federal Irajá Abreu (PSD), do servidor público Nuir Júnior (PMN), do ex-prefeito Paulo Mourão (PT) e do governador interino Sandoval Cardoso (SDD) e ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB), novos nomes devem surgir na esteira do movimento popular “eu quero ser candidato a governador”, que busca despertar o interesse da sociedade para a eleição indireta que vai escolher o novo mandatário do Estado para os próximos oito meses.
Perplexidade. Esta é a palavra que melhor define o sentimento geral que tomou conta do Estado depois da renúncia inesperada do ex-governador Siqueira Campos (PSDB) e do seu vice, João Oliveira (DEM). A incerteza que já era grande em função da letargia do governo está aumentando. Ninguém sabe quem será o governador daqui a 20 dias.
O empresário e marqueteiro Jorcelino Braga é possivelmente o aliado mais articulado do pré-candidato do PSB a governador de Goiás, Vanderlan Cardoso. O presidente do PRP em Goiás diz que o “Reino da Fofocolândia”, numa espécie de “jogo dispersivo”, sugere que Vanderlan pode apoiar “A” ou “B”, quando, na verdade, não apoiará ninguém, “pois está mais definido do que nunca como candidato. Ninguém pode vetá-lo ou impedir sua candidatura”.
“Vanderlan será candidato ainda que apenas três partidos, PSB, PRP e PSC fiquem ao seu lado. Com dois ou três minutos na televisão, vamos disputar. Eduardo Campos foi eleito governador de Pernambuco com dois minutos de tevê. Nós queremos crescer com qualidade, de maneira sólida. A população não aprova o uso de partido político para barganhas”, garante Braga. “Observe que Vanderlan está visitando várias cidades de Goiás, conversando com a população diretamente e com os setores organizados. Só quem não quer ver e escutar não percebe que a população observa os políticos do PSB com outros olhos. Marina Silva aparece numa pesquisa com 27% das intenções de voto e, em Goiás, Vanderlan, mesmo com estrutura menor e menos destaque na imprensa, está em segundo lugar, com cerca de 20% das intenções de voto.”
Braga contesta aqueles que dizem que Vanderlan não tem apoios consistentes. “Não estamos apostando em medalhões, mas o procurador federal Aguimar Jesuíno, sem qualquer mácula, é um grande nome para o Senado. Nos debates, ele vai mostrar que tem conteúdo e que representa a modernidade política.” O marqueteiro insiste que, este ano, não se terá uma campanha definida pela “estrutura”. “O eleitor, desconfiado das grandes e caríssimas estruturas, vai optar pelas ideias, por projetos transparentes e críveis.”
Raramente Braga gosta de opinar sobre partidos e políticos adversários. Instado a falar sobre a crise do PMDB, que tem dois pré-candidatos, Iris Rezende e Júnior Friboi, em guerra aberta, o marqueteiro apresenta sua opinião: “Iris tem uma história, por isso resta perguntar: o PMDB vai ficar com a história, com o nome que ajudou a construi-lo, ou com a estrutura? O eleitor, tudo indica, vai optar pelas ideias, projetos”. A Vanderlan, assegura Braga, “não importa quem vai enfrentar, quais serão os adversários”.
O discurso da renovação tende a ser “apropriado” por quais candidatos? “A rigor, só três candidatos podem adotar o discurso da renovação — Antônio Gomide (PT), Júnior Friboi e Vanderlan. O governador Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende, se candidatos, não poderão adotá-lo. Gomide não é fraco, como alguns pensam; ocorre que o PT, se for sozinho, terá certa dificuldade. Mas, sim, o petista pode ser visto como ‘a novidade’, como uma delas.”
