Bastidores
O conselheiro Kennedy Trindade será o novo presidente do Tribunal de Contas do Estado.
O ex-deputado vai substituir Carla Santillo.
Kennedy Trindade é apontado como um dos conselheiros mais articulados do TCE. Engenheiro for formação, político por vocação, tem se revelado um dos conselheiros tecnicamente mais competentes.
[caption id="attachment_46672" align="alignleft" width="620"] Marconi Perillo, Aécio Neves e José Eliton | Foto: Wilder Barbosa[/caption]
Não há quem não diga a mesma coisa: o vice-governador José Eliton (PSDB), agora secretário de Segurança Pública, é um político habilidoso, com grande capacidade de articulação.
Aos poucos, com ações efetivas e lealdade, conquistou o apreço do governador Marconi Perillo. Em seguida, aproximou-se dos marconistas históricos, como Giuseppe Vecci e Jardel Sebba. Ao mesmo tempo, buscou novos aliados para compor, por assim dizer, seu grupo.
Com trânsito livre na base aliada, sem arestas (talvez precise apenas fortalecer o diálogo com o PSD de Vilmar Rocha) com políticos e grupos. Relaciona-se bem com deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores e demais líderes municipais.
O ex-prefeito de Goiânia Nion Albernaz mantém relacionamento cordial com José Eliton, assim como a senadora Lúcia Vânia, que sempre diz respeitá-lo.
Resistências, como se vive numa democracia, sempre há, mas cada vez menores.
José Eliton, Thiago Peixoto, Ana Carla Abrão e João Bosco são vistos como proativos e como auxiliares que resolvem os problemas

[caption id="attachment_59757" align="alignright" width="620"] Iris Rezende, Waldir Soares, Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi, Giuseppe Vecci, Luiz Bittencourt e Virmondes Cruvinel: diferentes perspectivas de como gerir Goiânia[/caption]
Goiânia está assistindo, na campanha eleitoral deste ano — que já começou, menos para os que não entendem de política —, um embate entre as forças do populismo, representadas por Iris Rezende, do PMDB, e Waldir Delegado Soares (sem partido), e as forças dos gestores-modernizadores, representadas por Giuseppe Vecci, do PSDB, Vanderlan Cardoso, do PSB, Luiz Bittencourt, do PTB, Virmondes Cruvinel (ou Francisco Júnior), do PSD, e Adriana Accorsi (ou Luis Cesar Bueno), do PT.
As pesquisas que circulam nos bastidores apontam que os populistas são, por enquanto, favoritos. Motivos principais: são políticos mais “visíveis” e em geral apresentam propostas mais espetaculares. Populistas tendem a aparecer aos olhos dos leitores como políticos que resolvem qualquer coisa e, por vezes, com uma canetada. Mudanças assim não são substantivas, mas parte do eleitorado parece acreditar em propostas radicais e em soluções miraculosas. Um dado curioso a respeito de Iris Rezende — um cientista político diria que é sua contradição básica — é que, apesar de populista, é um gestor experimentado (dado a deixar a dívidas pesadas para os sucessores). Waldir Soares não tem experiência em termos de gestão e faz o gênero populista da linhagem de Jânio Quadros, o presidente que renunciou em 1961.
Giuseppe Vecci é o exemplo cabal de gestor, de político modernizador, com formação técnica de primeira linha. Exatamente por isso tem dificuldade com o discurso populista e não se entusiasma com tapinhas nas costas. Dada sua experiência como planejador de vários governos, desde o governo de Henrique Santillo, na década de 1980, seu projeto de governo tende a ser crível. Vanderlan Cardoso mostrou eficiência como prefeito de Senador Canedo e no mundo empresarial. Luiz Bittencourt é engenheiro, foi presidente do Crea e da Assembleia Legislativa e deputado federal. É experimentado. Virmondes Cruvinel e Francisco Júnior têm menos experiência administrativa, mas têm visões técnicas apuradas — assim como Adriana Accorsi e Luis Cesar Bueno.

[caption id="attachment_59754" align="alignright" width="620"] Sandes Júnior, Silvio Benedito e Pedro Canedo: vices em Goiânia, em Aparecida e em Anápolis? O primeiro é mais certo. O segundo e o terceiro são dúvidas. Cúpulas querem a aliança[/caption]
O senador Wilder Morais, presidente do PP em Goiás, só pensa em duas coisas na vida: dinheiro e reeleição. Dono da Construtora Orca, de vários imóveis — como shoppings, dezenas de lotes e apartamentos —, o empresário não tem problema com dinheiro. Na área financeira, sua vida está resolvida. É no campo da política que tenta “acertar-se”. Em Brasília, é apontado como um dos “darlings” do presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB. Porém, como aprendeu que só é forte na Corte quem é forte na província, o político goiano “grudou” no governador Marconi Perillo, do PSDB.
Na eleição para prefeito, seu projeto número um é manter-se unido ao tucano, bancando seus candidatos e exibindo lealdade em tempo integral. Em especial nas três principais cidades de Goiás — Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis —, o PP deve acoplar-se ao projeto tucano.
Em Goiânia, o deputado federal Sandes Júnior, a pedido de Wilder Morais, pode retirar sua candidatura a prefeito para ser vice do candidato do PSDB, Giuseppe Vecci. Sandes e Vecci são amigos e, em Brasília, são inseparáveis. Popular na capital, se for indicado para vice, servirá como contraponto ao discurso mais técnico do tucano. Mas há quem aposte que o vice do parlamentar será Luiz Bittencourt, do PTB.
Em Anápolis, Pedro Canedo, do PP, pode ser vice de Fernando Cunha Neto, do PSDB. Se tem mais estatura política do que Cunha Neto, o médico Pedro Canedo não tem um partido forte a bancá-lo.
Em Aparecida de Goiânia, o PP tem pré-candidato a prefeito. Trata-se do cartorário Tanner de Melo. Mas é provável que o coronel Silvio Benedito seja convidado a filiar-se ao PP para ser vice do candidato do PSDB — Alcides Ribeiro ou Ozair José. A mulher de Silvio Benedito, Iracema Borges (gerente da Caixa Econômica Federal do Setor Pedro Ludovico), é presidente do PSDB de Aparecida. Mas a cúpula tucana não quer chapa pura na cidade — o que tende a empurrar Silvio Benedito para o PP.
Nas demais cidades de Goiás, o PP, com Wilder apostando na sua aliança de 2018 — planeja ser candidato a senador, ao lado do governador Marconi Perillo (comenta-se que pode ser seu suplente) —, vai fazer o jogo do PSDB. Porém, onde o PSDB não tiver candidato, o PP vai procurar emplacar seus nomes. É o caso de Inhumas, onde o partido planeja emplacar o ex-prefeito Abelardo Vaz (que rejeita a incumbência, mas vai acabar sendo imposto pelo grupo do deputado Roberto Balestra). Em Rio Verde, cidade mais importante do Sudoeste goiano, o PP deve apostar todas as suas fichas na candidatura do deputado Lissauer Vieira.
Os apoiadores de Iris Rezende acenderam as luzes amarelas. Suas pesquisas indicam uma ascensão perigosa e vertiginosa do deputado federal Waldir Delegado Soares. Os iristas não entendem direito o que está acontecendo, por quais motivos, o delegado Waldir está consolidando-se, de maneira rápida, na disputa pela Prefeitura de Goiânia. [relacionadas artigos="59750"] Mas as pesquisas recentes sugerem duas coisas. Primeiro, a segurança pública está na ordem do dia e o discurso de Waldir Soares é preciso e duro a respeito. A população exige uma segurança pública mais eficiente e firme — o discurso do delegado parte disso. Quer dizer, corresponde ao anseio da sociedade. Aposta-se que a posição independente de Waldir Soares em relação aos grupos poderosos, com uma atitude desafiadora, está contribuindo para sua ascensão. Com diz um marqueteiro, não se deve superestimar nem subestimar Waldir Soares. Ele representa uma força considerável e ainda não decifrada integralmente por cientistas políticos, marqueteiros, pesquisadores e políticos. É um fenômeno popular, com profunda sintonia com determinados setores da sociedade goianiense, que, possivelmente, não se sentem representados por nenhum político ou grupo político.

Ante o crescimento do deputado federal Waldir Delegado Soares, que parece ter conquistado o apoio dos deserdados mas também dos jovens que militam na internet — e que podem ser tudo, menos deserdados —, cientistas políticos e pesquisadores começam a avaliar a possibilidade de um segundo turno entre o delegado e um candidato da base do governador Marconi Perillo. [relacionadas artigos="59735"] A tese é a seguinte: Waldir Soares e Iris Rezende estão disputando praticamente o mesmo eleitorado. Durante a campanha, a partir de certo momento, é possível que um passe a “canibalizar” o outro. O resultado é que um vai crescer mais e o outro tende a ser puxado para baixo. Aí poderá ocorrer uma surpresa: um candidato da base governista pode, por exemplo, suplantar Iris Rezende — se este for o canibalizado no processo — e disputar o segundo turno com o delegado Waldir Soares. Quando se fala “base do governador Marconi Perillo” devem ser incluídos Giuseppe Vecci, do PSDB, Luiz Bittencourt, do PTB, e Virmondes Cruvinel (ou Francisco Júnior), do PSD. Mas não se pode descartar Vanderlan Cardoso, do PSB, que está meio em cima do muro. Quer pertencer à base do tucano-chefe, mas sabe que os espaços estão fechados, dada a quantidade de candidatos governistas. Porém, se Iris Rezende for arrancado do páreo, por um possível crescimento vertiginoso de Waldir Soares, não está descartado, logicamente, que Vanderlan poderá disputar com o líder do PSB o segundo turno. A disputa pela Prefeitura de Goiânia, daqui a sete meses — que passam rapidamente, quase num passe de mágica —, pode reservar surpresas. Poucas ou muitas, não se sabe.

[caption id="attachment_59746" align="alignright" width="620"] Divulgação[/caption]
De um experimentado analista político: “Ao aceitar o desafio de gerir a Secretaria de Segurança Pública, o vice-governador José Eliton saiu da zona de conforto para a zona de risco. Porém, se melhorar a segurança pública do Estado, notadamente em Goiânia, sai consagrado e se tornará um candidato a governador, em 2018, dos mais consistentes e competitivos”.
Quando o procurador de justiça Demóstenes Torres assumiu a Secretaria de Segurança Pública, com um rigoroso de apoio à polícia, muitos de seus críticos sugeriram que, se tinha alguma pretensão política, estaria começando a enterrá-la. Ledo engano. O procurador consagrou-se e, em seguida, elegeu-se e reelegeu-se senador.
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O que não se pode é assumir o cargo de secretário e não entender a especificidade do que é a polícia. Se o secretário é proativo, se não procura ficar enviando policiais para a Corregedoria, por motivos sem importância, a segurança pública melhora rapidamente.
No entanto, se o secretário quiser posar de mocinho dos direitos humanos para as redes sociais e as mil ONGs de desocupados, vai contribuir para paralisar a polícia e, portanto, para aumentar a criminalidade.
O secretário José Eliton, ao contrário de outros técnicos, entende isto muito bem. Seu discurso inicial foi extremamente bem recebido pelos policiais. Aliás, os policiais sabem que, como vice-governador, ele terá mais autoridade para pressionar o governo do Estado na busca por recursos e mais mão de obra qualificada.
Por sua capacidade de articulação — tem se revelado um diplomata eficiente, abrindo portas (e nunca arrombando portas abertas) —, José Eliton também poderá melhorar as relações com o governo federal.
[caption id="attachment_59558" align="alignleft" width="621"] Foto: Jornal Opção[/caption]
A entrada de um grupo tido como mais duro no comando a Polícia Militar é apontada, por um ex-secretário de Segurança Pública, como meio caminho andado para conter ou pelo menos reduzir a violência em Goiás.
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A Polícia Militar e a Polícia Civil agem com mais eficiência e rigor quando sentem que o secretário de Segurança apoia suas ações legais com firmeza.
No combate ao crime, e não há outra saída — a polícia dos Estados Unidos, por exemplo, é uma das mais duras e, por isso, eficazes —, a polícia ser tão protegida quanto o cidadão comum, de bem. Se os policiais são pressionados, e se são levados à Corregedoria pelos motivos menos comezinhos, a tendência é que peguem mais leve com os bandidos.
Rigoroso, com formação jurídica de primeira linha, o secretário José Eliton é uma legalista. Mas sabe que, no combate ao crime, não há meio-termo. É preciso ser duro. Duríssimo. De cara, a polícia apreciou suas declarações e, por isso, vai agir com rigor e a eficiência tende a anotar.

[caption id="attachment_59743" align="alignright" width="620"] Montagem/Jornal Opção[/caption]
Em Anápolis, segundo especialistas políticos, o quadro será mais ou menos o seguinte: o deputado estadual Carlos Antônio, do Solidariedade, tende a sair em primeiro lugar e, aos poucos, vai se desidratando. Um de seus problemas é que mantém aliados empregados tanto na Prefeitura de Anápolis, administrada pelo petista João Gomes, quanto no governo de Goiás, gerido pelo tucano Marconi Perillo. Como vai fazer para criticar o candidato João Gomes se participa de seu governo? É um “drummond” no meio do caminho.
Como o PT e o PSDB têm mais estruturas na cidade — o que quer dizer maiores saldos financeiros e militâncias mais aguerridas —, a possibilidade de segundo turno entre o prefeito João Gomes e Fernando Cunha Neto (PSDB) é mais plausível. O nome chave da disputa é o governador Marconi Perillo. O grupo de João Gomes disseminou a informação de que o tucano-chefe poderia apoiar sua reeleição. Porém, está definido que ele vai apoiar Cunha Neto na disputa.

[caption id="attachment_58178" align="alignright" width="620"] Montagem[/caption]
Instados a examinar o quadro político de Goiânia, pesquisadores e cientistas políticos concluíram a mesma coisa: se der Iris Rezende (PMDB) e Waldir Delegado Soares no 2º turno, a tendência é que o primeiro seja vitorioso. Por quê? No momento, estão praticamente empatados tecnicamente. Mas Iris tem o diferencial da experiência e é mais palatável à classe média. Os especialistas sugerem que Vanderlan Cardoso (PSB) e Giuseppe Vecci (PSDB) terão dificuldade de ir para o segundo turno. Porém, se forem, terão mais condições de derrotar Iris Rezende. O motivo? São bem diferentes do peemedebista e, como gestores qualificados, têm forte apelo na classe média.
Os especialistas sublinham que o eleitorado de classe média é decisivo nas eleições de Goiânia. Ela prefere votar em políticos que são mais gestores e que apresentem ideias consistentes e críveis sobre como gerir a prefeitura e a cidade.

[caption id="attachment_59739" align="alignright" width="620"] Reprodução[/caption]
O PSDB decidiu desafiar o poder do dinheiro de Victor Priori e bancou o vereador Vinicius Luz para candidato a prefeito de Jataí. A tendência é que o tucano dispute contra Leandro Vilela (PMDB), apontado como o nome mais competitivo, e Gênio Eurípedes (ou Vinicius Maia, do PTC).
Em Rio Verde comenta-se que o deputado federal Heuler Cruvinel, do PSD, é o autêntico cavalo paraguaio. É o que dizem experts na política do mais importante município do Sudoeste goiano.
Quer dizer: Heuler Cruvinel vai largar na frente, mas, no meio do caminho, tende a desidratar e ser passado para trás. O Ministério Público por certo vai ficar atento a um possível derrame de dinheiro no município.
Especialistas na política de Rio Verde avaliam que, ao final da disputa, ninguém deverá ficar surpreso se o eleito for Lissauer Vieira ou Paulo do Vale (se puder disputar), do PMDB.
O empresário Joaquim Guilherme, do PR, não quer aceitar a candidatura de sua mulher, Eneida Figueiredo, do PSDB, para prefeita de Morrinhos. A cúpula tucana luta pela candidatura de Eneida Figueiredo. Mas o veto de Joaquim Guilherme é tido como incontornável. Mesmo pressionado pela cúpula do PR (leia-se deputada federal Magda Mofatto), Joaquim Guilherme também não aceita disputar. Ele deve apoiar a candidatura de Élvio Rezende, do Pros. Este é respeitado na cidade, mas não tem a experiência do político que está no poder. Sem contar que um prefeito anterior desacreditou a figura do “novo” na cidade. Teme-se que aconteça o mesmo em 2 de outubro. Daí a tendência a se optar pelo tradicional. O resultado de tanta “desistência” é que o prefeito de Morrinhos, Rogério Troncoso (PTB), tem chance de ser reeleito. O petebista é visto como um político durão, até meio grosso, mas, ao mesmo tempo, é apontado como um gestor eficiente e criativo. Mesmo na crise, dirige bem o município. O que Joaquim Guilherme não entende é que a sociedade e os políticos não perdoam nem toleram líderes que são omissos e, por isso, aos poucos vão deixando de ser líderes.

O vereador Djalma Araújo, “cansado” da Câmara Municipal, pretende disputar a Prefeitura de Goiânia pela Rede. O “drummond” no meio do caminho é Aguimar Jesuíno, o chefão da Rede em Goiás, que também pretende disputar a prefeitura. Djalma Araújo tem dito que, se quiser disputar, Aguimar Jesuíno sai do páreo e aceita até ser seu vice, no caso de chapa pura. As chances de Djalma Araújo são mínimas, mas o ex-petista provavelmente quer criar uma estrutura mais ampla e se tornar mais conhecido para disputar mandato de deputado estadual ou federal em 2018. O vereador aposta que, na próxima eleição, Marina Silva, da Rede, será fortíssima candidata a presidente da República e, com isso, vai “puxar” políticos estaduais.