Ibama diz que determinação de devolução de capivara é “informação falsa”
30 abril 2023 às 18h19
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O Ibama publicou uma nota negando a informação de que a Justiça havia determinado a devolução da capivara ao influencer e fazendeiro Agenor Tupinambá. Na madrugada deste domingo, o juiz federal Márcio André Lopes Cavalcante decidiu conceder a guarda provisória da capivara a Agenor.
“Percebe-se, portanto, que não é a Filó que mora na casa de Agenor. É o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos da Amazônia, realidade muito difícil de ser imaginada por moradores de outras localidades urbanas do Brasil”, afirma o juiz.
Disse também que o influencer vive “em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta e com os animais”. Tupinambá é suspeito de maus-tratos, abuso e exploração de animais no interior do Amazonas e ficou famoso por vídeos publicados em seus perfis nas redes sociais junto à capivara Filó.
O Ibama multou o influenciador em R$ 17 mil e determinou a remoção de vídeos publicados com o animal em suas contas nas plataformas. O órgão voltou a se manifestar sobre o caso depois que um vídeo circulou pela internet mostrando manifestantes na porta do Ibama em Manaus comemorando uma suposta decisão da Justiça do Amazonas que determina a devolução do animal ao influenciador.
Veja a íntegra da nota do Ibama, publicada em sequência de posts no Twitter pelo perfil oficial do órgão:
Nota de esclarecimento
É falsa a informação divulgada neste sábado (29/4) em redes sociais de que haveria decisão judicial determinando a devolução de uma capivara ao infrator Agenor Tupinambá.
O animal havia sido entregue ao Ibama na última quinta-feira (27/04) e está sob cuidados no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Manaus.
Agenor foi autuado em R$ 17 mil por diversos crimes ambientais, entre eles matar espécie da fauna silvestre (preguiça real), praticar abuso (capivara) e manter em cativeiro para obter vantagem financeira (capivara e papagaio).
Decisão judicial publicada na tarde deste sábado apenas autoriza que integrantes da Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) acompanhem os trabalhos no Cetas relacionados à capivara resgatada.
A deputada Joana Darc foi ao local, observou o animal e divulgou informação falsa de que haveria vacinas vencidas. O protocolo clínico veterinário determina que não se imuniza animais silvestres.
O objetivo do Ibama após avaliação técnica é devolver a capivara à natureza garantindo o seu bem-estar e o cumprimento da lei.
Os Cetas funcionam como unidades para tratamentos e reabilitação de animais vítimas do tráfico ou resgatados. O Cetas-AM é especializado na reabilitação e soltura do sauim de coleira, espécie que só ocorre em Manaus e está ameaçada de extinção. É um trabalho delicado e longo.
Movimentação de pessoas no local, como ocorreu neste sábado, pode prejudicar a reabilitação, retardando o processo e causando estresse desnecessário a animais que já passaram por bastante sofrimento.
Desde janeiro deste ano, os Cetas do Ibama já devolveram à natureza, após reabilitação, 5,6 mil animais no país. O trabalho desses centros é fundamental para a proteção da fauna brasileira e manutenção do equilíbrio ambiental.