Fio elétrico de empresa mata homem e juiz diz que “R$ 50 mil é muito” para indenizar família

22 junho 2023 às 11h31

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Durante o julgamento de um processo judicial que envolvia o pagamento de indenização por morte, danos morais e materiais, a declaração do desembargador Mário-Zam Belmiro causou revolta. Ao expressar sua opinião, Belmiro defendeu a redução do valor da indenização e insinuou que R$ 50 mil, quantia sugerida por outro juiz, era um valor elevado demais para pessoas que residem em áreas rurais.
Ele afirmou que “para uma pessoa que vive em áreas rurais, receber R$ 50 mil significaria ter que trabalhar a vida inteira para talvez juntar esse dinheiro. Aqui, ela receberia de uma só vez. Portanto, para mim, R$ 50 mil já seria um valor muito significativo. Não tenho condições de concordar com um valor maior que isso”.
Essa declaração do desembargador foi feita durante uma audiência realizada na 8ª Sessão Ordinária da 4ª Turma Cível do TJDFT, no final de maio. Na quarta-feira, dia 21, o desembargador e outros quatro magistrados reavaliaram o caso para decidir se o valor previamente estabelecido por eles, de R$ 80 mil, deveria ser reduzido para R$ 40 mil, como sugerido por Mário-Zam.
Na sentença proferida no mesmo dia, os desembargadores decidiram que a tragédia enfrentada pela família seria compensada com um pagamento máximo de R$ 80 mil. No entanto, é importante ressaltar que o valor inicial pleiteado no processo era de R$ 1,5 milhão.
O caso
Em 2020, a família autora do processo vivenciou horas de horror após o rompimento de um cabo de alta tensão matar um parente e partir em dois o fêmur de um segundo. Em 23 de setembro de 2020, três integrantes de uma mesma família foram atingidos por uma intensa voltagem elétrica após um cabo de alta tensão da empresa Enel Distribuição Goiás cair sobre a casa e a energizar por completo. À época, os familiares residiam na cidade de Padre Bernardo (GO).
Moravam na casa uma senhora de 88 anos, o filho dela, de 58, e a filha cadeirante, de 71.Após ser gravemente eletrocutado, o homem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A mãe dele, por sua vez, teve o fêmur partido em dois e sofreu uma contusão no quadril.
Pelo fato de o imóvel ter ficado energizado, a idosa e filha dela, que precisa de cadeira de rodas por não ter as pernas, não conseguiram se mexer e permaneceram ao lado do cadáver por 12h, até a chegada dos bombeiros e de funcionários da Enel.