O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou a legalidade da prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ocorrida no sábado, 14. Bolsonaro destacou em suas redes sociais que a investigação da Polícia Federal (PF), que indiciou 37 pessoas, já havia sido concluída e encaminhada ao Ministério Público há mais de dez dias. “Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir uma investigação já concluída?”, escreveu.

A declaração foi interpretada por especialistas como uma possível mensagem direcionada ao general Braga Netto, sugerindo que ele não coopere em uma eventual delação premiada. Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, é aliado próximo do ex-presidente.

A prisão do general ocorreu no mesmo dia em que Bolsonaro fez a postagem. A ação faz parte das investigações da PF sobre uma suposta tentativa de obstrução de justiça, em meio ao avanço das apurações de atos antidemocráticos e tentativas de golpe. A reação de Bolsonaro foi amplamente debatida no cenário político e jurídico, com interpretações variadas sobre o teor e a intenção da mensagem.

Conforme publicou Andréia Sadi da GloboNews, a avaliação entre militares e investigadores é que dificilmente Braga Neto optará por uma delação, devido à sua lealdade militar. Além disso, o general conta com apoio político, incluindo o de Bolsonaro e de parlamentares que expressaram solidariedade, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que chamou a prisão de um “atropelo”.

No entanto, para alguns investigadores, a delação ainda não está descartada completamente, levando em conta o caso de Marielle Franco, em que o assassino confesso, Ronnie Lessa, se tornou delator após uma negociação aparentemente impossível e entregou os mandantes do crime.

A apresentadora também destacou que, diante da possibilidade de penas mais severas, outros generais poderiam optar por fazer uma delação, especialmente após a prisão de Braga Neto. Uma possível delação seria a do general Mário Fernandes, acusado de integrar um grupo que planejou a morte de Lula e Alckmin.

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