A Secretaria Municipal de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra) informa que deu início, nesta terça-feira, 5, à segunda etapa de intervenções na Marginal Botafogo para manutenção de trechos e reparo dos danos causados pelas fortes chuvas das últimas semanas. Agora, as equipes da Prefeitura de Goiânia se concentram na recuperação do processo erosivo sob a ponte da Avenida Segunda Radial, e na sequência partem para recuperação do processo erosivo sob a ponte da Rua 10. Apesar das intervenções, não há previsão de interdição das pistas. 

Ao Jornal Opção, o engenheiro e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea/GO), Lamartine Moreira, avalia o impacto da obra no cotidiano do cidadão. “Os fiscais do  Crea-GO estiveram na Marginal Botafogo para avaliar a extensão dos danos causados com as últimas chuvas”, disse. O presidente do Crea/GO conta que foi apontada falta de intertravamento entre as pedras após local de curva (com alta velocidade das águas) e deslocamento de terra e pedras de gabião em alguns  outros trechos. “Ambos reforçam a estrutura de contenção da via o que pode comprometer a segurança”, resumiu.  

Apesar das obras pontuais em andamento, Lamartine reforça que os alagamentos e enxurradas acontecem devido a uma soma de fatores, e justamente por isso, a atuação para prevenção deve ser contínua e ampla. Para ele, as mudanças climáticas (que trazem maior volume de chuvas) somada à ação humana (que impermeabiliza o solo, retirando a cobertura vegetal) acaba por intensificar os problemas da cidade com drenagem, causando acidentes, danos materiais e afetando o trânsito da capital. 

“Goiânia foi a capital que mais choveu acima da média em outubro”, coloca o presidente do Crea/GO. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que, enquanto a média nacional de precipitação para o mês de outubro foi de 144,1 milímetros, Goiânia registrou 336,7 milímetros. 

“ É muita água. Por isso é preciso que a drenagem urbana de toda a cidade seja eficiente. Para que menos água chegue aos pontos mais baixos da cidade e evite alagamentos, como é o caso da Marginal Botafogo”, resumiu.  

Lamartine Moreira l Foto: Divulgação.

Bairros como Vila Nova, Jardim Goiás, Vila Redenção e Alto da Glória, mais elevados, acabam direcionando grande volume de água para a Marginal Botafogo. As obras pontuais na via é para garantir o trânsito daqueles que passam por ali, entretanto, resolver a questão dos alagamentos e enxurradas envolve ações sistêmicas em todas essas regiões, já quase totalmente impermeabilizadas.  

Lamartine é categórico ao afirmar que “isso depende do poder público e da população”. Enquanto a Prefeitura de Goiânia deve garantir obras de drenagem urbana  (construção de galerias e caixas de retorno, por exemplo), a população deve trabalhar na reeducação de alguns costumes. É essencial, por exemplo, parar de jogar lixo nas ruas e buscar manter seus terrenos minimamente permeáveis. 

Atuação 

O presidente do Crea/GO garante que profissionais da entidade estão atuando junto de órgãos do poder público e pesquisadores da UFG para elaborar plano que contemple tanto o período de seca quanto o chuvoso em Goiânia. Ele avalia que o problema central é a “falta de drenagem urbana da Capital”, que eventualmente esbarra em dois pontos dificultadores: “falta de obras e políticas públicas para minimizar o problema em algumas regiões da cidade e a falta de coletividade da população ao adotar medidas sustentáveis”. 

Para além do cuidado com o descarte dos resíduos sólidos e com a permeabilidade do solo, a orientação que Lamartine dá à população é “não transitar” durante chuvas intensas e, especialmente, em regiões mais baixas da cidade, como a Marginal Botafogo. “Não é possível precisar se a quantidade de água que chegará ao canal provocará ou não o transbordamento do córrego”, explicou.

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Marginal Botafogo deve ser completamente liberada ainda nesta segunda-feira, 4