Durante a sessão da Comissão de Cultura (CC) realizada nesta segunda-feira, 7, o vereador Anselmo Pereira (MDB) sugeriu a criação de uma biblioteca na Câmara Municipal de Goiânia. A proposta surgiu após a divulgação de pesquisa nacional que apontou Goiânia como a capital onde menos se lê livros. Os integrantes fomentaram a criação de um requerimento sobre com a assinatura de todos os membros da comissão.

Segundo o decano da Casa, o plano é criar um espaço físico dentro do prédio da Câmara Municipal e um virtual para abrigar os livros e outros materiais de leitura. Em entrevista para o Jornal Opção, ele contou que levará a proposta ao presidente Romário Policarpo (PRD). O seu plano é aprovar o requerimento em agosto, após o recesso parlamentar.

“Vamos levar ao nosso presidente porque sei que ele vai aceitar”, afirmou Pereira, a respeito do requerimento. “Queremos destinar, na reforma desta Casa que está sendo concluída, uma sala para a biblioteca, tanto física quanto virtual. Vamos materializar isso: Goiânia precisa sair dessa péssima e sofrível estatística nacional de ser a capital que menos lê no Brasil. Vamos superar isso até o fim do ano, dando o primeiro exemplo com a Câmara inaugurando sua biblioteca física e virtual”, acrescentou.

O presidente da comissão, vereador Fabrício Rosa (PT), considerou preocupantes os dados divulgados pela pesquisa do Instituto Pró-Livro, em parceria com a Fundação Itaú e o IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). Ao mesmo tempo, ele anunciou que criará o projeto “Estante Cidadã”, que disponibilizará livros doados nas dependências do prédio da Câmara.

“A Comissão de Cultura dará andamento ao projeto ‘Estante Cidadã’, que consistirá na disponibilização de livros doados em um espaço físico nas dependências da Câmara. Em consonância com a recente reforma da Casa, também será implementada uma biblioteca municipal no âmbito do parlamento. Essa iniciativa visa atender a uma preocupação relevante, considerando que Goiânia foi recentemente classificada como a capital com o menor índice de leitura do Brasil”, afirmou o parlamentar, em entrevista ao Jornal Opção.

Biblioteca Antônio Almeida

Pereira defende que o nome do espaço homenageie um grande fomentador da leitura e da cultura em Goiás. Ele afirmou que fará a sugestão de Antônio Almeida, considerado o maior editor de livros da história do estado. Editor da Editora Kelps, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas. Almeida faleceu em agosto de 2020, aos 69 anos, vítima de câncer na coluna.

“O homem que mais publicou livros em Goiânia e Goiás”, ressaltou Pereira. “Vou sugerir inclusive o nome dele para a biblioteca: Biblioteca Antônio Almeida. Ele foi um verdadeiro ‘mecenas’, e seus filhos continuam esse trabalho, produzindo livros para a sociedade goiana e para o Brasil. Então, este é um dos primeiros nomes que vou sugerir, e tenho certeza de que contará com o apoio de diversos segmentos culturais da nossa cidade”, finalizou.

Pesquisa

A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada entre abril e julho de 2024 pelo Instituto Pró-Livro mostrou que Goiânia ocupa a última posição entre as capitais brasileiras no hábito de leitura. Apenas 40% da população com 5 anos ou mais declarou ter lido, inteiro ou em partes, ao menos um livro (impresso ou digital) nos três meses anteriores à entrevista. Esse índice é o mais baixo entre as 27 capitais do país.

Em contraste, João Pessoa lidera o ranking, com 64% de leitores, seguida por Curitiba (63%) e Manaus (62%).

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