Titular da Segplan, o deputado licenciado é também o principal nome de Marconi Perillo para a discussão de grandes temas e atua nos bastidores para a implantação da frente de governadores e de parlamentares que pode mudar a política no Centro-Norte do Brasil

Thiago Peixoto durante entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Thiago Peixoto durante entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Thiago Peixoto (PSD) sem­pre se caracterizou por procurar e implementar projetos arrojados, de vanguarda. Foi assim quando atuou como secretário estadual da Educação, no terceiro mandato de Marconi Perillo (PSDB): desafiou conceitos já estabelecidos e lutou contra corporativismos sindicais.

Agora, à frente da Secretaria Estadual de Gestão e Pla­ne­ja­mento — e se desobrigando da li­cença para atuar em seu mandato de deputado federal, quando ne­ces­sário —, ele toma a frente do governo em questões de inovação. Atuando nos bastidores, ele é peça importante na consolidação do Consórcio Brasil Central, uma frente idealizada por Marconi e que reúne todos os governadores do Centro-Oeste, mais os de Rondônia (Confúcio Moura, do PMDB) e do Tocantins (Marcelo Miranda, do PMDB).

A nova frente quer, mais do que se posicionar politicamente em conjunto, lutar por uma agenda programática de cooperação. Os oito eixos temáticos estabelecidos para o projeto são: agropecuária, industrialização, educação, inovação, infraestrutura e logística, em­preendedorismo, meio ambiente e turismo. Em entrevista ao Jornal Opção, Thiago Peixoto fala também das perspectivas do Estado, analisa a crise político-econômica e o cenário atual para a su­cessão municipal do próximo ano.

Cezar Santos — A Frente Parlamentar Mista do Brasil Central foi registrada há poucos dias. O que isso vai representar efetivamente para os Estados dessa região?
A Frente é mais um pilar de um projeto importante que está nascendo e que envolve seis Estados que, no meu ponto de vista, representam o Brasil que dá certo. Junto com a Frente, há todo um processo de pensar as políticas públicas, consórcios e sua capacidade de execução. Isso com todo o peso dos governadores desses Estados. Temos essa Frente como o braço político principal para as políticas públicas que vão ser desenvolvidas nessa região.

Cezar Santos — Na concepção dessa Frente há também um consórcio. Como será isso?
Há um ano, fiz uma visita à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Lá, tive uma conversa com o professor Mangabeira Unger [ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos nos governos Lula e Dilma Rousseff], brasileiro que lá leciona. Conversando sobre o Brasil, ele me fez a seguinte análise: faltavam no Brasil movimentos regionais mais fortes. E disse que esses movimentos regionais não podiam seguir a lógica simplesmente oficial da geografia. O Centro-Oeste, por exemplo, é composto por quatro Estados — além de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal, mas outros dois Estados podem ser importantes aliados nesse processo, Rondônia e Tocantins, porque têm características muito próximas a esses outros quatro.

Quando voltei de Harvard, relatei isso ao governador Marconi Perillo (PSDB) e ele se dispôs a começar esse movimento aqui. Coincidentemente, passados alguns meses, Mangabeira se torna ministro da presidente Dilma. Visitei-o, então, e perguntei se não era hora de iniciarmos a efetivação do movimento que ele mesmo havia sugerido; informei-o que o governador Marconi topava e perguntei se ele teria condições de lançá-lo conosco em Goiás. Mangabeira veio, lançou e, mais que isso, começou a percorrer outros Estados defendendo a ideia. Depois de constituído o movimento, chamado de Brasil Central, como fórum de governadores [o lançamento foi no dia 3 de julho, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia], surgiu a ideia de não ser simplesmente um movimento como palco político, porque seria muito importante que tivesse conteúdo programático no aspecto de políticas públicas para essa região, e que tivesse capacidade de executar isso.

Então, surgiu a ideia de montarmos uma agência, na forma de um consórcio, que teria dois papéis: fomentar políticas públicas para a região e executá-las. Isso começou há quatro meses e hoje já é realidade: o Consórcio Brasil Central está pronto, foi criado por esses seis Estados, é uma ferramenta única e se constitui no primeiro consórcio interestadual do País, com o papel de formular políticas para a região e levá-las adiante.

Cezar Santos — Quais áreas serão priorizadas por esse consórcio?
Vamos trabalhar algumas, especificamente, entre as quais eu destacaria o empreendedorismo, a inovação, o meio ambiente e uma, que é fundamental — contributiva para que tudo isso aconteça —, que é a logística. Vamos ter uma carteira de projetos em cada uma dessas áreas e o consórcio é que vai executá-los. Aí surge a ideia de termos também o apoio político para isso tudo. Têm-se o apoio político dos governadores e, agora, também o apoio político no Congresso. Aproveitei minha volta à Câmara durante algumas semanas para apresentar emendas ao Orçamento e também iniciar o processo de criação dessa Frente Parlamentar.

Frederico Vitor — Essa iniciativa não vem um tanto tardiamente, em relação ao que já existe, por exemplo, na política do Nordeste?
Sem dúvida, é algo que poderia ter acontecido antes. Mas há duas questões importantes: existem fóruns tradicionais de diversas regiões, do Nor­des­te, do Sul, do Sudeste, mas são simplesmente palcos políticos, ficam limitados a pautas do momento, não têm conteúdo nem capacidade de execução. São atos políticos que se manifestam so­bre algumas coisas. O que estamos criando tem muito mais peso do ponto de vista de políticas públicas que po­dem ser encaminhadas nesses Estados. Esse é o diferencial importante.

Claro que teremos também esse outro papel: além de formular e executar políticas públicas, vamos gerar peso político para a região, porque temos seis governadores, mais uma bancada no Congresso [18 senadores e 57 deputados federais], além de 161 deputados estaduais, 658 prefeitos e 6.540 vereadores.

Outra questão: por ter capacidade de execução, esse movimento muda a lógica de política regional. Por exemplo, hoje essa política é discutida de cima para baixo pelo governo federal, por meio da Sudeco [Superin­tendência de Desenvolvi­mento do Centro-Oeste], no nosso caso. Estamos propondo virar a mesa: quem vai pautar as políticas regionais são os governadores, os Estados, que saem de uma postura reativa para uma postura proativa muito forte.

Outro fator que mostra que isso nasceu na hora certa, como eu já disse: esses Estados formam o Brasil que deu certo, o Brasil do superávit de exportação, que, apesar da crise, ainda consegue segurar a economia brasileira.

E, nesse momento, há uma necessidade muito grande de lideranças nacionais. Até alguns anos atrás, tínhamos governadores que pautavam a política nacional, o que deixou de existir. Então, nosso movimento surge como um peso muito forte com seis governadores de Estados importantes e que vão ser protagonistas da política nacional. Nesta crise que vivemos, fala-se muito do déficit fiscal, mas o mais grave é o forte déficit de lideranças, o que pode ser superado pela iniciativa do Brasil Central.

Também é importante destacar que a agenda do Brasil Central não é a agenda da crise, mas sim da superação da crise. Hoje, em Brasília, no Con­gresso, no Palácio do Planalto, só se fala em crise, fazendo com que ela se retroalimente. Ninguém fala em superar a crise. E esse movimento, com o consórcio e a frente parlamentar, se dispõe a ser uma agenda de superação.

galeriaEuler de França Belém — A Sudeco não foi criada com esse espírito?
Ela foca no Centro-Oeste, mas nunca, em meu ponto de vista, formulou políticas públicas nem as executou da forma que deveria. No planejamento estratégico da Sudeco, que me parece ser anual, é simplesmente um processo de copiar e colar do ano anterior. Ninguém ali pensa em políticas públicas. Com o consórcio, os governadores vão até provocar a Sudeco a cumprir esse papel importante — como também a Sudam, porque há Estados do Centro-Oeste, mas também do Norte.

Euler de França Belém — O FCO [Fundo Constitucional do Centro-Oeste] não é bem trabalhado?
Não é. Penso que esses fundos deveriam ter investimentos estratégicos, o que não acontece. A maior parte dos recursos do FCO sai via Banco do Brasil. A análise que se faz não é de potencial de investimento no Estado ou na região, mas, sim, simplesmente de crédito. Então, algo que deveria fomentar o desenvolvimento acaba sendo mais um crédito que o banco oferece, assim como oferece outros produtos bancários, seguro etc. O FCO deveria ser usado de forma muito mais estratégica. Dou um exemplo prático: esses dias, vi aqui em Goiânia uma placa em um restaurante em reforma. A placa dizia: “Este restaurante está sendo reformado com recursos do FCO”. Ora, isso não pode ser papel do FCO, que deveria ser um capital de risco voltado ao desenvolvimento e não um crédito normal tratado pelo Banco do Brasil.

Cezar Santos — O Consórcio Brasil Central já decidiu, pelo menos preliminarmente, quais obras maiores, estruturantes, serão priorizadas?
Primeiro fizemos a definição temática e as principais obras de grande vulto e mais estratégicas são na área de logística, de infraestrutura. As federações de indústria dos Estados fizeram, há dois anos, um estudo de logística de cada Estado. Nós pegamos esses estudos e estamos montando uma análise total. A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), do governo federal, também tem um estudo muito bom para essa região. Então, partimos desses estudos para estipularmos uma carteira preliminar de projetos prioritários. Por exemplo, muito se fala do trem Goiânia-Brasília. Se formos aguardar o governo federal para isso, não vai acontecer, mas se existir uma decisão dos governos de Goiás e do Distrito Federal, por meio do consórcio, eles podem fazer uma concessão dessa ferrovia. Isso poderá ser feito com pontes entre Mato Grosso e Goiás, com rodovias e ferrovias entre os Estados, enfim, muitas obras que vão trazer avanços para a nossa região.

Euler de França Belém — O sr. falou há pouco em ferrovia. Qual o papel da Norte-Sul?
Ela é fundamental, passa por Tocantins e Goiás, mas ainda não é utilizada como deveria no escoamento da produção, porque os ramais que poderiam alimentá-la não estão prontos. Então, a ferrovia fica altamente subutilizada, para não dizer sem utilidade nenhuma. Isso também será objeto de discussão do Consórcio Brasil Central.

Euler de França Belém — O presidente da Frente Parlamentar Brasil Central será definido neste mês. O sr. será o presidente?
Não, não vou ser. Para sua criação, era preciso estipular um presidente, o que então me coube. Mas não vou ser o presidente, até porque não vou estar exercendo o mandato. É muito natural que o presidente seja o deputado Ro­gério Rosso (PSD-DF), que cooperou bastante para a formação da Frente.

Cezar Santos — Esta representação terá coesão? Ela não poderá causar conflitos internos políticos?
Hoje você ficaria impressionado com o nível de coesão dos governadores. Como é uma agenda positiva e apartidária, entendo que conseguiremos, sim, ter esta força que conseguimos ter no consórcio também na frente parlamentar. O que falta é uma causa. Agora temos um motivo para que os deputados e bancadas caminhem juntos. Como é um projeto de superação da crise, entendo que é uma agenda que chegará muito forte.

Euler de França Belém — Há quem diga que a crise está instalada e não será fácil superá-la.
Concordo. A maior dificuldade que temos hoje na crise é a falta de perspectiva, ou seja, sair dela. A crise hoje se autoalimenta. A crise política alimenta a crise econômica. Todos os indicadores econômicos do País são os piores possíveis. Os juros estão subindo, o emprego caindo e a inflação aumentando. Não existe nenhuma agenda para tirar o País disso. O ajuste fiscal não é a agenda que vai tirar o País da crise, ele é apenas meio. Em Goiás, temos um ajuste fiscal levado muito a sério e feito com muito cuidado. Mas, paralelamente a isso, temos uma agenda de desenvolvimento olhando para frente. O maior símbolo da agenda de superação hoje é o Inova Goiás.

Euler de França Belém — De onde será retirado este R$ 1 bilhão do Inova Goiás e como ele será investido?
Este bilhão é um gasto de maior qualidade, um grande remanejamento de recursos do FCO. O grande papel que ele terá é de fomentar este desenvolvimento. Este orçamento é um recurso já carimbado. Já consta no PPA [Planejamento Plurianual], no orçamento do Estado, ou seja, é um recurso garantido. Claro que nós vamos buscar recursos extras, que podem somar mais de R$ 1 bilhão.

Euler de França Belém — Este recurso será investido em quê?
Em polos de fomentação de inovação. Polos tecnológicos, novas formas de gestão, que atendam à sociedade e à comunidade de diversas formas, sempre com forte aspecto de inovação. É um papel estratégico do governo, esse de fazer inovação tecnológica

Euler de França Belém — Qual será o papel da iniciativa privada?
Será de muita importância. Existem polos tecnológicos de diversos setores. Cada polo tecnológico terá uma relação muito forte com os setores da iniciativa privada daquela área de sua atuação. Terá de haver sintonia total entre o setor produtivo e o governamental.

Euler de França Belém — Quando converso com jornalistas de fora todos me perguntam o segredo pelo qual Goiás não entrou em uma crise tão séria, ou seja, em um buraco econômico, como em outros Estados. Qual seria o segredo?
O primeiro ponto é a liderança. Aqui, ao contrário do que existe nacionalmente, não há déficit de liderança. Mar­coni é um líder consolidado, ma­du­ro. Segundo, uma relação muito for­te com a sociedade civil organizada. Ter­ceiro, temos um ajuste fiscal desde meados do ano passado. Tudo isso fez com que Goiás não tenha sofrido tantas consequências da crise nem vivido um colapso como outros Estados estão tendo, como Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Euler de França Belém — Mas o governo só era retratado numa agenda negativa. O sr. acha que isso está mais controlado?
Acho que sim. Falar em ajuste fiscal remete à crise. Mas, a partir do mo­mento em que o governador pautou Goiás numa agenda positiva, no Inova Goiás, a crise começa a ficar superada.

Euler de França Belém — Há um comentário constante de que o sr. voltaria para a Câmara. Isso procede?
Eu tenho mandato, posso servir o Estado na Câmara dos Deputados, mas hoje, dentro do grupo político que represento, na boa relação que tenho com o governador, entendo que posso ser mais útil em Goiás. Portanto, não há nenhuma definição de minha volta para a Câmara, a não ser para projetos pontuais, como esses no mês passado.

Cezar Santos — Os eventuais financiamentos para esses projetos vão ficar com o governo federal ou os Estados terão uma atuação mais decisiva também nessa área? As parcerias público-privadas (PPP) são algo a ser buscado?
Essa Frente tem a iniciativa dos governos, mas já nasce com uma vocação muito forte da participação do setor privado. Todo o custeio do consórcio será feito pelos Estados, será feito um rateio ano a ano para bancá-lo. Mas vai haver uma parceria com o setor privado para desenvolver projetos em diversas áreas, além de possíveis concessões, PPPs e outros modelos de concessões para desenvolver os projetos. O governo ou os consórcios terão o papel de formular e de ser o órgão executor, mas sempre com parcerias público-privadas.

Frederico Vitor — O ex-ministro Manga­beira Unger sempre diz em suas entrevistas que existem no Brasil dois modelos desenvolvimentistas arcaicos, denominados por ele de “são-paulismo” e “pobrismo”. O primeiro tenta copiar o processo de industrialização de São Paulo; o outro é baseado em políticas assistencialistas. Afinal, qual deve ser o modelo de desenvolvimento a ser seguido pelo Centro-Oeste?
Primeiramente, é preciso haver um novo modelo. A política de de­sen­volvimento de São Paulo está ul­trapassada, é do século passado. A po­lítica que devemos aplicar ao Centro-Oeste tem de ser pioneira e altamente de vanguarda. Não pode ter lastros do passado, do ponto de vis­ta de copiá-lo. Os principais pontos que precisam avançar é a logística, a questão educacional e o empreendedorismo com inovação. Somos de uma região com uma vocação empre­endedora muito forte que, se bem planejada, pode ser uma nova fronteira de desenvolvimento para o nosso País.

Frederico Vitor — Pesa o fato de que o Centro-Norte, seja a região menos populosa do País?
Não. Apesar de sermos a região me­­nos populosa, somos a que mais exporta no País e temos outras características que pesam. A população vai se movimentar à medida que se avance em desenvolvimento. Não é algo impeditivo.

Euler de França Belém — Seu pai, Flávio Peixoto [ex-secretário de diversos governos estaduais], sempre disse que a economia de Goiás não é agrícola. O que o sr. pensa sobre isso?
Penso que ela é agrícola, mas não no aspecto tradicional. Nós somos o Brasil que dá certo, temos a questão agrícola como fundamental, mas nossa característica é a do agronegócio. No meu ponto de vista, não é agrícola do ponto de vista rudimentar. Temos um potencial muito grande de gerar produtividade nesta vocação para o agronegócio que temos. Por exemplo, se formos analisar os níveis de renda da maioria dos produtores, perceberemos que a maioria tem uma faixa muito baixa de renda, porque tem baixa produtividade. Se conseguirmos ser inovadores e levar novas técnicas para quem tem essa baixa produtividade hoje, poderemos ter um aumento de produtividade, de renda e pode nascer daí uma nova classe média rural no País.

Euler de França Belém — O sr. fala que o Centro-Oeste é o que mais exporta, mas, se compararmos o peso das exportações daqui ao do Sudeste, nossa é taxa muito baixa.
Se pegarmos a balança comercial que salva o País de ter um déficit muito maior do que se tem hoje, quem salvou o Brasil foi a nossa região. É a balança co­mercial, a conta daquilo que você ex­porta e importa. Aqui, nossa capacidade de exportar é muito mais alta do que a de importar. Em 2014, por exem­plo, o déficit da balança comercial bra­sileira foi de R$ 4 bilhões e o superávit do Centro-Oeste foi de R$ 15 bilhões.

Euler de França Belém — Mas em Goiás, diferentemente do que o sr. disse, há grandes produtores e grandes fortunas no ramo do agronegócio.
O que há, na realidade, é uma concentração de grandes produtores, que são os mais inovadores do País e que têm alta produtividade, mas que são poucos. O que temos de fazer é expandir isso para a grande maioria, e isso ocorre por transferência de alta tecnologia. A tecnologia vai gerar mais produtividade. Os pequenos hoje não têm alta produtividade, exatamente o contrário dos grandes.

Euler de França Belém — Se de fato o governo federal vier a acabar com os incentivos fiscais, como fica a economia de Goiás? Qual seria a alternativa?
Não existe uma alternativa clara. Entendo que temos de buscar uma alternativa. O governo e o Estado terão de ter papel de indutor da economia, como houve com os incentivos fiscais. Eu não sou pessimista quanto a isso, até porque a proposta que o governo federal colocou na mesa como ferramenta para suprir a questão dos benefícios fiscais — que viria, por exemplo, com a criação do Fundo Constitucional e com repasses — não vai ser realizada. Hoje, o governo federal não tem condições de bancar esse fundo. Por outro lado, não acho que a política de incentivos fiscais seja equivocada. A própria União pratica incentivos fiscais beneficiando regiões que não a nossa. Quando se tem uma crise na indústria automobilística, logo se vê o governo reduzindo o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], entre outras medidas. É uma grande hipocrisia poder usar esses incentivos com base em pressões políticas do Sudeste e não fazer o mesmo em nossa região. Goiás não seria o que é hoje se não fossem os incentivos fiscais. Então, essa é uma luta que não podemos deixar de lado, ainda que tenhamos de fazer algumas alterações e ponderações visando certo equilíbrio. Mas defendo abertamente os incentivos fiscais como ferramenta.

Euler de França Belém — O ex-deputado federal Valdivino de Oliveira, também economista, insiste em defender os incentivos, citando o exemplo dos Estados Unidos, onde cada unidade federativa tem sua própria política nesse sentido.
Já que você citou os Estados Unidos, o Meio-Oeste norte-americano foi uma das regiões mais prósperas do país durante muito tempo porque tinha uma indústria automobilística e de consumo muito forte e era um grande exportador de commodities. Em um determinado momento, a indústria automobilística se mudou para outros lugares, outros mercados, e a produção de commodities se movimentou para outras regiões, até para o Brasil, e aquele lugar não conseguiu se sustentar na economia dos EUA. Isso tudo ocorreu por retirada de incentivos e por questões corporativas de sindicatos. Ou seja, se não tomarmos cuidado as indústrias vão mesmo embora. É por isso que a política de incentivos fiscais precisa continuar, ser permanente, para manter e até avançar nosso desenvolvimento.

“O que vejo no governo hoje é o isolamento de Joaquim Levy”

Thiago Peixoto ao Jornal Opção: “Não tenho dúvida de que Marconi Perillo está pronto para ser uma liderança nacional"
Thiago Peixoto ao Jornal Opção: “Não tenho dúvida de que Marconi Perillo está pronto para ser uma liderança nacional”

Euler de França Belém — E como fica a questão em termos de segurança jurídica? Ao trazer a empresa e firmar um contrato de 30 anos, como fica uma mudança dessas?
Por isso o incentivo tem de continuar. Seria algo que, se tivesse uma solução razoável, poderia ser analisado. Mas, como não parece haver, já temos um caminho que dá certo, que é o dos incentivos.

Euler de França Belém — O ex-ministro Mangabeira Unger é respeitadíssimo nos Estados Unidos, considerado um grande pensador mesmo fora de Harvard, que é a base dele. No Brasil, ele é tratado até como alguém um tanto maluco. Como o sr. o classificaria?
Mantenho constante diálogo com ele. Mangabeira é uma das pessoas mais lúcidas e capazes com que eu já mantive contato, com espetacular capacidade de articulação e de formulação. Como você bem disse, no exterior, especialmente nos Estados Unidos, ele é referência em políticas públicas, principalmente as mais progressistas. Aqui, no Brasil, existe sim certo preconceito com ele, não sei exatamente o porquê, talvez por ele ter um jeito mais folclórico, por falar com sotaque. Ele teria tudo para não ser vítima de algo assim, mas acaba sofrendo mesmo com isso.

Veja um fato interessante que mostra o respeito que Mangabeira possui lá fora. A presidente Dilma Rousseff foi, há uns dois meses, aos EUA, para o encontro com o presidente Barack Obama. Ela chegou, se não me engano, em um sábado e no domingo tinha um perfil de Mangabeira Unger de duas páginas no “The New York Times”. E a presidente não o levou na missão com ele. Ora, Mangabeira seria talvez a pessoa do quadro de Dilma que mais conhecesse os Estados Unidos. Basta dizer que ele foi professor de Obama, que em seu livro citou Mangabeira como referência intelectual. Na terça-feira seguinte, mais duas páginas com ele, dessa vez no “Financial Times”. Na semana inteira que Dilma ficou por lá, ela não conseguiu esse espaço. É uma mostra do trânsito que ele tem por lá.

Um detalhe importante é que Man­ga­beira está entusiasmadíssimo com o consórcio Brasil Central [grupo formado pe­los governadores do Centro-Oeste, mais os dos Estados do Tocantins e de Ron­dônia]. Ele já garantiu que não abre mão de participar do projeto, até por ter sido um dos formuladores de tudo, e vai passar uma semana por mês no Brasil dedicando-se ao Brasil Central. Vai estar em nossa próxima reunião e estamos criando um conselho consultivo para que ele seja o presidente e nos ajude no projeto.

Cezar Santos — Essa ideia que se formou de Mangabeira Unger por aqui não se deve ao fato de ele ter ideias pouco ortodoxas, como a de tomar a água do Rio Amazonas para irrigar o Nordeste?
Essa tese, por exemplo, eu não conhecia. Os artigos de Mangabeira são de uma lucidez gritante, basta ler para perceber isso. Tudo que eu conheço de seu pensamento eu acho lúcido e realizável. O que não se pode deixar de dizer dele é que não é ousado. Ele se pauta pela ousadia, e eu pessoalmente gosto disso.

­Euler de França Belém — Como o sr. avalia o governo de Dilma Rousseff hoje? Ela continua e, se continua, vai tirar o Brasil da crise?
O que vejo no governo hoje é um grande isolamento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele tem clara dificuldade para implementar o que defende e a agenda de ajuste que trouxe não foi cumprida em nenhuma etapa. O ministro passa por um momento difícil, por não ter respaldo. Quem mais o ataca é o próprio partido de Dilma, especialmente pela figura do ex-presidente Lula. É muito complicado realizar algo em um ambiente completamente contrário ao que se pensa, por mais que Levy seja um homem capaz e conhecedor do mercado.
Não vejo um cenário em que ele consiga mais espaço. O ministro tentou um diálogo com o Congresso no início do ano e hoje já não tem isso mais. Vamos chegando, sim, em uma situação insustentável em relação ao que se comprometeu a fazer. Não é uma decisão que nos cabe, mas, se for para ele sair, que venha alguém com respaldo para fazer o que deve ser feito.

Euler de França Belém — A ida de Henrique Meirelles [banqueiro e ex-presidente do Banco Central no governo Lula] para o lugar dele mudaria algo?
Meirelles já fez isso antes. Ele chegou ao governo federal em situação muito pior do que a de Levy, pois era banqueiro e tinha sido eleito deputado federal pelo PSDB goiano. Apesar disso, conseguiu ser o homem da estabilidade do governo durante todo o tempo em que esteve lá. Porém, é preciso ressaltar que ele tinha todo o respaldo de Lula, coisa que hoje Levy não tem do próprio Planalto — ou pelo menos só tem publicamente, não na prática.

Cezar Santos — Do jeito que a questão está colocada, fica parecendo que a crise ocorre por causa de Levy.
Não, a crise é muito maior do que ele. Levy apenas não tem conseguido fazer o que seria necessário para sair dela, mas não foi ele quem gerou essa crise. Eu já falei aqui no jornal que temos hoje um déficit de lideranças muito forte. Existe uma combinação de gestão administrativa e gestão política — algo em que o governador Marconi Perillo (PSDB) é mestre — para a qual Dilma tem se mostrado incapaz, os fatos mostram isso. Dessa forma, a gestão não consegue avançar. Como sair de uma crise sem liderança? Não sai.

Cezar Santos — O Brasil é muito complexo para a capacidade de Dilma?
Eu não diria que seja exatamente isso, até porque os problemas são muito óbvios. Talvez eu tenha uma visão simplista, mas os problemas estão colocados aí, temos apenas de ter condições de aplicar o remédio. É isso que Dilma não consegue fazer. Ela parece incapaz de fazer o que deve ser feito para o País avançar. A presidente é bem intencionada, tem legitimidade, foi eleita democraticamente, isso tudo deve ser levado em consideração. Mas ela tem dificuldade muito grande para combinar gestão política com gestão administrativa.

Frederico Vitor — O senador Aécio Neves (PSDB-MG), então, encarnaria essa liderança que falta hoje no Brasil?
Ele teria condições de vir com um discurso mais forte, de mudanças, até porque não foi o gerador da crise. Uma das dificuldades de Dilma é que a crise nasceu no colo dela, fica difícil para ela alterar o curso das coisas, para ter os enfrentamentos necessários, para propor ações inovadoras. Não restam dúvidas de que o senador Aécio teria muito mais habilidade política para conduzir esse processo. Quando foi governador de Minas Gerais, ele montou uma equipe técnica muito capaz para o Estado. Acredito, sim, que ele teria elementos para comandar melhor o País.

Frederico Vitor — O PSDB, como principal partido de oposição, fala em três nomes prováveis para a sucessão em 2018: além de Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador José Serra, também paulista. Um quarto nome que a gente poderia agregar seria o de Marconi Perillo. Setores do PSDB dizem que Aécio teria de voltar para Minas, já que perdeu em sua própria base para Dilma. O sr. acha que ele deveria mesmo voltar para seu Estado antes de tentar novo voo nacional?
Em Brasília, na semana passada, de figuras importantes — inclusive de ministros da presidente Dilma — eu ouvi o seguinte: que Aécio seria o candidato do PSDB, que Serra se candidataria pelo PMDB e Alckmin iria pelo PSB. Isso porque todos enxergam a oportunidade de assumir a liderança do País. Ou seja, esse cenário ainda vai se movimentar bastante. Devido à fraqueza que o governo demonstra faz com que todas as frentes queiram ir para a disputa. Se Dilma estivesse bem, faltariam concorrentes.

Frederico Vitor — E o ex-presidente Lula? Nós podemos considerá-lo carta fora do baralho? Ele perdeu seu prestígio político?
Não, ele é uma carta no baralho. Lula terá de fazer uma avaliação muito cuidadosa, com base em um momento futuro, para saber se ele tem condições de ser candidato. O PT, hoje, está muito deteriorado, o próprio Lula tem passado por um processo também de desgaste de imagem muito forte. Portanto, ele terá de avaliar bem isso. Mas, quanto a Lula, se virmos a política brasileira das últimas décadas e também olhá-la para o futuro, ele nunca será uma carta fora do baralho.

Euler de França Belém — O governador Marconi Perillo tem falado que a presidente Dilma é republicana. Isso é comprovado? Se ela é republicana, isso se dá em quais aspectos?
Acredito que isso se dá no ponto de vista do atendimento aos pleitos dos Estados e dos municípios sem ter um viés político partidário. Eu tive um exemplo claro disso que vivi ao lado do governador Marconi Perillo, quando eu era secretário da Educação. Naquele momento, o Estado de Goiás foi o que mais captou recursos no Brasil, mesmo governado pelo PSDB. Então, se o Ministério da Educação tivesse um viés político partidário, isso não teria ocorrido. Isso mostra no que o governador se baseia para citar que Dilma é mesmo republicana.
Euler de França Belém — E em relação a Marconi? Parece que há um movimento de esperança em torno dele, um fato novo. O sr. consegue enxergar isso?

Eu tenho andado com o governador Marconi Perillo em alguns lugares do Brasil e tem me chamado muito a atenção a adesão, o apoio que ele recebe em outros Estados. Se você participar de alguma reunião do Brasil Central, você percebe, claramente, a liderança que o governador Marconi representa neste processo, percebe como é uma figura reconhecida politicamente em cada um desses Estados. Recentemente, eu estive com o governador Marconi Perillo, participando de um grande evento em São Paulo, o Movimento Brasil Competitivo, onde, sem dúvida alguma, tínhamos oito governadores e ele foi o que com mais clareza colocou o caminho que o país deveria seguir. Foi muito reconhecido por isso.
Estive com ele, também recentemente, em Porto Alegre, em evento onde estava também o empresário Jorge Gerdau. Falamos também no Rio Grande do Sul das perspectivas do que ele tem feito em Goiás e do que poderia ser feito no Brasil. Então, o governador, pela história que tem, sendo um homem com pouco mais de 50 anos de idade e governador no quarto mandato, já tendo sido senador da República, deputado estadual e federal, tudo isso traz para o Brasil uma experiência politica e administrativa muito forte, que desperta muito interesse. Portanto, quanto a ser uma esperança, ele tem conseguido de forma natural. Ele tem uma boa aceitação, mas não existe uma articulação formada, um trabalho com este objetivo. Isso está surgindo, repito, de forma muito natural.

Cezar Santos — O sr. acredita que o governador está pronto para encarar um desafio nacional?
Não tenho a menor dúvida de que ele está pronto. Nós, que estamos com ele no dia a dia e o acompanhamos não só em Goiás, mas em outros lugares, já o percebemos em um patamar de liderança, de experiência com condições de ser um forte nome nacional e de — por que não? — liderar o país.

Euler de França Belém — Mas a tendência dele em 2018 ainda é de disputar o Senado?
Nós temos que olhar para hoje. Se fi­zermos isso, a circunstância que existe no PSDB, um partido do qual ele, de forma muito clara, diz não abrir mão de fazer parte, já existem pessoas que estão em um nível superior de prioridade. Mas essas coisas mudam. A política tem esta capacidade de alterar os cenários, as circunstâncias; o que posso ga­rantir é que ele é sempre lembrado como um nome nacional e isso não só em Goiás — eu tenho o testemunho do que ocorre em outros Estados por on­de tenho acompanhado o governador.

Euler de França Belém — O sr. é secretário de Gestão, não só de Plane­jamento. Não poderíamos deixar de lhe perguntar: quando o Estado conseguirá reorganizar o orçamento do pagamento do funcionalismo público?
A dificuldade do Estado, nesse sentido, é grande, pois a crise, como estamos percebendo, está se agravando. Nós conseguimos, praticamente, manter a arrecadação de ICMS, mas houve uma queda significativa no FPE [Fundo de Participação dos Estados]. Enfim, ainda não temos condições de estabelecer uma data. O que posso dizer é que a prioridade máxima do governador é fazer isso o mais breve possível, assim que o governo tenha condições.

Euler de França Belém — Mas para este ano não conseguirá?
Eu não falarei pelo resto do ano, mas hoje não conseguimos. Vive­mos um dia de cada vez. Conforme o cenário for se alterando e as medidas que tomamos derem resultados, por que não retomar isso? Mas eu não gostaria de estabelecer uma data, pois não temos isso de forma clara, hoje.

Euler de França Belém — Como está sendo o pagamento?
Até dia 30 de um mês pagamos uma faixa de salário, até R$ 3,5 mil, e, depois, até o décimo dia do mês, o restante.

Cezar Santos — O partido já definiu se terá candidato em Goiânia para a sucessão municipal do próximo ano ou isso ficará para articulações de base?
Não existe uma definição com relação à candidatura de prefeito pelo PSD. O nosso presidente em Goiás, Vilmar Rocha, entende que é muito importante que lançássemos um candidato e o partido tem no­mes para isso, políticos fortes em Goi­ânia, mas nós decidimos que não é uma decisão que vai ocorrer esse ano. Isso foi fruto de uma conversa que tive recentemente com Vilmar e o ministro Gilberto Kassab [presidente nacional do PSD]. Nós decidimos que não iremos descartar de for­ma alguma a possibilidade, até porque Goiânia é a capital, a cidade de maior peso político do nosso Es­tado, mas a decisão de ter candidato acontecerá um pouco mais à frente.

Cezar Santos — Nas demais cidades goianas, como está o quadro?
Nós temos candidaturas já definidas em outras cidades. Por exemplo, em Rio Verde, com o deputado Heuler Cruvinel. Também em Luziânia, com Cristóvão Tormin. Enfim, temos outros municípios importantes em que já temos candidatos. Mas em Goiânia, a decisão é de aguardar o ano eleitoral.

Euler de França Belém — O ano de 2018 está mais longe ainda, mas as articulações já estão avançando. A senadora Lúcia Vânia (PSB) trabalhou e controla dois partidos (o outro é o PPS); Wilder Morais está no PP e pode partir para uma reeleição ao Senado. Já Vilmar Rocha sempre diz que não disputará nada em 2018, a não ser o governo ou o Senado. Qual sua posição? O sr. chegou a dizer que apoiaria o projeto de Vilmar Rocha para senador.
O PSD é um partido que na base do governo estadual tem seu peso e é respeitado por isso. Nós temos uma bancada respeitada, forte na Assembleia Legislativa; temos dois deputados federais, ocupamos espaços importantes do governo, temos prefeitos importantes no Estado e é legítimo o pleito em relação a estarmos na chapa majoritária. Nosso lugar de preferência na chapa majoritária é a candidatura ao Senado, pois entendemos que Vilmar Rocha pode e vai representar muito bem nosso Estado no Senado federal e fortalecerá o papel de nosso grupo político. Mas, mais do que isso, fortalece nosso estado. Então, o espaço que nós entendemos que é pertinente ao PSD de forma legítima, inclusive, é a candidatura ao Senado.

Euler de França Belém — Para 2016, o PSDB já tem um candidato pré-alinhavado. Aliás, nem é só um: tem o deputado Alexandre Baldy, o presidente da Agetop [Agência Goiana de Transporte e Obras], Jayme Rincón, e outro deputado, Fábio Sousa. O sr. sempre demonstrou certa simpatia pela candidatura do Jayme. Por qual motivo?
Eu sempre tive uma relação muito próxima com o Jayme, mes­mo antes da vida pública, inclusive, e reconheço sua capacidade como gestor. Hoje, com o vice-governador José Eliton (PSDB) fui à região noroeste de Goiânia inaugurar uma unidade do Vapt Vupt. Passamos por viadutos que foram executados pela Agetop na gestão de Jayme. Pas­samos também por um hospital de urgências [Hugol] que saiu do papel pela Agetop também na gestão dele. Então, ele já mostrou uma capacidade de realização muito grande. E é dessa capacidade de gestão, de realizar, que Goiânia precisa. Portanto, eu tenho simpatia, sim, ao nome de Jayme para prefeito. Mas, ressalto, vou participar dessa discussão dentro do meu partido. É preciso deixar claro que essa não é a posição do PSD, mas minha posição pes­soal, uma simpatia que eu tenho pelo trabalho que Jayme faz. Assim como também tenho boa amizade e simpatia pelo projeto que Luiz Bittencourt (PTB) tem colocado à mesa para discutir Goiânia. Gosto da forma como ele está fazendo esse processo, tentando uma abordagem de mais planejamento, de mais soluções de que Goiânia precisa. Então, eu os citaria como os dois mais fortes nomes à candidatura a pre­feito, embora haja outros nomes como Fábio Sousa, Waldir Soares e outros.

Euler de França Belém — E quanto aos deputados estaduais Francisco Júnior e ao Virmondes Cruvinel, de seu partido?
Virmondes tem uma história de liderança política forte em Goiânia, é um político moderno, teve uma votação muito grande na última eleição em Goiânia. Júnior também tem uma militância forte na cidade, em que foi vereador e presidente da Câmara. Como deputado estadual, é um grande especialista na cidade e, portanto, o vejo com grandes condições e capacidade técnica de exercer esse papel de prefeito. Ainda assim, o PSD está em espera. Nós ainda discutiremos essas possibilidades no próximo ano.

Euler de França Belém — A saúde sempre foi uma pauta problemática para o Estado. De repente, a impressão que se tem é de que isso deixou de ser ocorrer. O sr. está na Secretaria de Gestão e Plane­jamento, mas percebe essa mudança na saúde? E ela pode acontecer também na educação?
Em qualquer hospital estadual em que adentrarmos hoje se perceberá uma mudança positiva muito forte — isso em relação à qualidade dos atendimentos, às soluções que são colocadas, a equipamentos etc. Tudo isso ocorreu porque o governador Marconi Perillo teve coragem de romper com um modelo que vinha dando errado, com a proposta das OSs [organizações sociais] que se consolidou em todos os hospitais. Existe hoje um controle rígido por parte do governo e isso é referência em diversos lugares. Eu presenciei o governador do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB) mandando uma equipe para Goiás para conhecer nosso modelo de gestão de saúde; a mesma coisa com Reinaldo Azambuja (PSDB), do Mato Grosso do Sul, e também com Marcelo Miranda (PMDB), governador do Tocantins. De forma idêntica, isso ocorreu com Renan Filho (PMDB), de Alagoas.

Todos eles queriam querendo ver e conhecer esse modelo que deu certo. Penso que o mesmo caminho pode ser seguido na educação. Nós somos o Estado que mais avançou em qualidade educacional — e eu repito sempre que isso não é a mi­nha opinião: são os dados do Ideb [Índice de Desen­volvimento do Ensino Básico] e do MEC [Mi­nis­tério da Educação] que demonstram. Nós temos condições de avançar muito mais com um modelo mais ágil, mais inteligente, com um sistema que faça com que o Estado consiga entregar de forma mais rápida a educação de qualidade. Esse é um desafio a que o governador Marconi tem dado muita atenção.

Euler de França Belém — O governador Marconi ambiciona ser presidente do Consórcio Brasil Central?
Não existe uma definição quanto a isso, mas existe um caminho natural para que isso aconteça pelo que o governador representa hoje. Ele é, dentre todos esses governadores, o que tem mais experiência. Também foi ele quem começou esse movimento: os demais governadores atenderam a um chamado dele nesse sentido. Então, é muito natural que ele seja o presidente, mas nós saberemos apenas no dia 10 de novembro, quando haverá uma reunião em Brasília para definir quem presidirá o consórcio. É natural que Marconi seja o presidente, mas ainda não é certo.

Euler de França Belém — Qual é seu projeto político?
Costumo falar que gosto de ocupar os lugares políticos onde eu possa gerar mais impactos positivos na sociedade. Então, hoje não estou como deputado, mas sim como secretário, porque entendo que assim consigo contribuir mais com meu Estado e com a sociedade de uma forma geral. Tendo isso como perspectiva, quero ocupar mais espaços onde eu possa ter impacto cada vez mais positivo na sociedade, mas isso não pode ser maior do que um projeto de um grupo, do que um projeto de base formulado e construído de que eu faça parte. Então, não tenho ambição de ocupar esse ou aquele cargo. Eu quero continuar ocupando espaços onde eu possa fazer mais pela sociedade.