Aliados de Bolsonaro e Lula analisam manifestações do 7 de Setembro
08 setembro 2022 às 11h57
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O bicentenário da Independência do Brasil transformou-se em um grande comício da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro (PL). Mais uma vez, o presidente da República utilizou elementos de caráter nacional e tradicionalmente agregadores da população brasileira para fabricar uma grande celebração de sua própria figura. Sob a chamada “pela última vez”, o 7 de Setembro foi marcado por manifestações pró-Bolsonaro, que reuniram multidões em municípios espalhados pelo Brasil. Políticos ligados a ele e ao ex-presidente Lula (PT) entrevistados pelo Jornal Opção avaliam os atos desta quarta-feira.
Bolsonarista, o empresário e candidato a deputado federal Gustavo Gayer (PL), afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que o número de participantes durante os atos desta quarta-feira, tanto na capital goiana quanto em Brasília, superaram as expectativas do grupo.
“No caso de Goiânia, que foram só 3 dias de convocação, nos surpreendeu bastante, e a de Brasília, que já tinha um tempo, foi além ainda. A participação popular foi maravilhosa”, elogia.
Apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecer a frente nas pesquisas de intenção de votos, Gayer garante que os atos revelaram a verdadeira preferência do eleitorado brasileiro. “Dificilmente essas pesquisas têm um reflexo de fato na sociedade. Elas funcionam como tentativa para moldar a opinião pública, mas elas revelam ao contrário. O 7 de Setembro mostrou que esses números não são verdadeiros”.
Sobre o tom mais agressivo que Bolsonaro adotou em 2021 contra o Congresso Nacional e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e já nesse ano mais ameno, Gayer garante que o presidente está disposto a “jogar dentro das quatro linhas da atual Constituição”. “Em momento algum ele se indispôs quanto a isso. Ao pesar o tom em algumas palavras, foi dentro da legalidade. Entendemos que não houve tentativa de romper isso. As ações dele sempre foram moderadas, tanto do ano passado, quanto deste ano”.
Os números da pesquisa Genial/Quaest desta quarta-feira, 7, revelam que os indecisos somam 5%, enquanto os brancos, nulos e os que não vão votar são 4%. O candidato a deputado federal acredita que um dos efeitos das manifestações foi o de conseguir atrair votos desse público. “Aqueles que estão indecisos com certeza viram que o governo federal é forte, popular e próspero e por essas qualidades acreditamos que Bolsonaro deve chamar atenção desse grupo para reverter em voto para ele”.
Além do teor ideológico que as manifestações políticas carregam, elas também promovem fomento a economia local. Para Gustavo Gayer, os comerciantes da região se beneficiaram com os protestos favoráveis ao presidente. “Comércio da região foi abastecido: hotéis, postos de gasolina, restaurantes, vendedores ambulantes, enfim. Movimenta demais a economia. É um movimento gigante”, comemora.
Por outro lado
Já para o professor e candidato a deputado estadual Luis Cesar Bueno (PT), a direita e a extrema direita seguem todo o ritual estabelecido pelo fascismo alemão. “A direita mistura a campanha política e a ideologia dentro de uma concepção de falso patriotismo, que estimula a violência para defender o país. Esse modelo de usar os símbolos da pátria, da ideologia, das mentiras estabelecidas pelas fake news, foram os mesmos adotados por Benito Mussolini e Adolf Hittler, que foram derrotados em todo o mundo. Bolsonaro é o último dos moicanos do extremismo violento que ainda existe no globo terrestre”.
Ele acredita que após a derrota do ex-presidente americano Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro se enfraqueceu, sem alcançar visibilidade internacional. “Hoje a elite brasileira se ressurge com um discurso atrasado, mas ela vai ser contida pela modernidade, defensores da Amazônia, da democracia, da cultura e civilização”.
Bueno critica o uso de elementos de caráter nacional da comemoração do bicentenário da Independência para a campanha de Bolsonaro. “Bolsonaro usou o aparelho do Estado para fazer campanha política. O Poder Judiciário vai reagir. É a mesma coisa de lotar o estádio por um jogo do Vasco contra o Flamengo e usar aquela multidão para fazer política e querer mostrar força popular. Foi o mesmo sentido com as manifestações de 7 de Setembro. É uma tradição popular ir ao desfile. Nós fomos criados com essa cultura”.
Apesar de a popularidade de Bolsonaro ter sido demonstrada nos atos desta quarta-feira, o petista prevê que o ex-presidente Lula deve ganhar as eleições já no primeiro turno. “Não vai ser um fascista retórico à época de Hittler que vai fazer essa Constituição não prosperar. Fascismo não passará e o ex-presidente Lula vai ganhar as eleições já no primeiro turno”, defende.