Ensino a distância democratiza a educação superior, diz especialista da UFG
11 dezembro 2023 às 13h00
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Presente no sistema de ensino brasileiro desde 1996, o ensino a distância (EaD) ganhou popularidade durante o isolamento social da pandemia da Covid-19. Entretanto, se por um lado, a modalidade ganhou o gosto dos brasileiros pela praticidade e flexibilidade, por outro, é criticado pela possibilidade de reduzir a qualidade. Fato é que para alguns estudantes, a educação a distância — especialmente em municípios longínquos do Brasil — o formato pode ser a única porta de entrada ao ensino superior, além de promover a inclusão social.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a modalidade cresceu 474% durante a última década no país. Em 2021, em plena pandemia, o cursos EaD atingiram cerca de 3,7 milhões de alunos matriculados. Ao mesmo tempo, o presencial teve uma redução de 16,5% nos últimos dez anos.
Enquanto a modalidade demonstra demanda, a oferta também busca acompanhar e os cursos EaD oferecidos em meados dos anos 2000 soltou de dez mais três mil atualmente. Para o diretor do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede da Universidade Federal de Goiás (Ciar/UFG), Wagner Bandeira, o EaD democratiza o ensino.
“O fato de permitir maior flexibilidade nos horários, assim como a possibilidade de acesso a elas sem deslocamento, isso torna o acesso mais abrangente. Isso afeta a população mais carente, sem condições de conciliar as atividades acadêmicas com o trabalho para sustento próprio e, não poucas vezes, de sua família”, explica Bandeira.
O EaD também pode ser considerado até mais interessante em alguns do que o presencial, segundo o diretor do Ciar/UFG. “A modalidade traz consigo a demanda por metodologias diferenciadas, que priorizam a autonomia do estudante. Isso permite explorar tecnologias digitais para a educação como games, vídeos interativos, podcasts, etc”, pontua.
Outro fato levantado por ele foi a acessibilidade, com a possibilidade de matérias didáticos com ferramentas que permitam o uso por pessoas com diversas deficiências. Entretanto, Bandeira conta que há ainda obstáculos que ainda precisam ser aprimorados dentro da modalidade, principalmente envolvem o acesso às tecnologias envolvidas.
“O acesso à Internet de qualidade, assim como a dispositivos computacionais adequados, além de um baixo índice de letramento informacional dificultam bastante. Outro obstáculo importante é a própria capacitação do corpo docente e da estruturação de tutores qualificados para desenvolverem as competências necessárias”, destaca.
Já a respeito da qualidade, o especialista aponta que os problemas na implementação no EaD não definidos pela modalidade, mas pela política educação da instituição em questão. Ele conta que não há queda na qualidade do ensino se todos os critérios forem atendidos. Além de ressaltar que a mesma situação pode ocorrer no ensino presencial.
Sobre os cursos considerados mais complexos, como medicina, ele ressalta que o EaD prevê momentos de encontros presenciais para estágios, práticas profissionais e de laboratório, entre outras atividades. Já no caso das licenciaturas, ele ressalta que inúmeros egressos da UFG estão tendo grandes carreiras profissionais.
A respeito da recente portaria do Ministério da Educação (MEC) que suspende diversos cursos EaD, o diretor concorda coma medida. Entretanto, ainda ressalta que é algo provisório de 90 dias para uma avaliação. Ele também alerta que a modalidade ainda possui muitos desafios pela frente, mas que não pode descartar os avanços.