Uma das principais propostas de Javier Milei, eleito para presidir a Argentina nos próximos quatro anos, é a dolarização da economia do país, substituindo o peso pelo dólar como moeda oficial. O intuito é combater a inflação, que ultrapassa os 100% nos últimos 12 meses. Entretanto, o impacto dessa mudança seria significativo tanto para os argentinos quanto para os brasileiros.

Caso a dolarização seja implementada, a moeda oficial na Argentina passaria a ser o dólar. Atualmente, embora seja permitido manter contas de poupança em dólares e a moeda americana seja usada como referência, o peso é a moeda corrente. Por exemplo, as transações imobiliárias são realizadas em dólar, mas o pagamento deve ser efetuado em pesos. Muitos argentinos poupam em dólares, seja em contas bancárias ou mantendo dinheiro em espécie.

Com a perda da moeda própria, o governo argentino não teria mais a capacidade de fixar a taxa básica de juros, passando a seguir as decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Isso implicaria que, em caso de problemas econômicos domésticos, não seria possível reduzir as taxas de juros para estimular a economia. Além disso, se o Fed decidir aumentar as taxas de juros devido a questões internas dos EUA, a economia argentina seria afetada, mesmo que esteja estagnada.

E para o Brasil?

Para o Brasil, se a estabilização do país vizinho ocorrer, a demanda por bens e serviços brasileiros poderia aumentar ou, no mínimo, parar de declinar. Operacionalmente, a mudança de moeda teria pouca influência, já que as transações entre os dois países são geralmente realizadas em dólar.

Quanto à Argentina se tornar mais acessível para os turistas brasileiros, isso dependeria da taxa de câmbio utilizada na conversão e do total de dinheiro em circulação. No entanto, a tendência é que os preços em dólar permaneçam pelo menos tão baixos quanto estão atualmente.

A aprovação da dolarização exigiria a aprovação do Congresso argentino, mas Milei enfrentaria desafios para obter maioria, conforme indicado pelos resultados das primárias, que apontam que o partido de Milei teria 15% dos deputados federais e 11% dos senadores, segundo a consultoria 1816.

Com informações do jornal O Globo.

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