O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o cartão de crédito deixará de existir em breve. Ele afirmou que o “open finance“, modalidade pela qual os clientes disponibilizam seus dados a diferentes instituições, deve acelerar o processo. Com isso, não haverá mais a necessidade de diversos aplicativos de bancos.

Ele prevê que até 2024 já esteja disponível uma moeda digital em que cada pessoa terá um aplicativo integrador que cuidará da vida financeira virtual e física no mesmo lugar. Além disso, ele ressaltou que o Pix já faz muitas questões relacionadas a pagamentos e soluciona problemas, inclusive oferecendo aos usuários compras através da modalidade de crédito.

Campos Neto também falou sobre uma possível regulação das criptomoedas no Brasil, para que haja mais transparência na maneira como são transacionadas, criadas e negociadas. “A gente tem que ter certeza de que as pessoas sabem o que estão comprando. A tarefa do regulador é essa da transparência. Ele não deveria entrar no campo de ‘eu acho que esse produto é bom para você ou não’, acho um pensamento anti-inovação. As pessoas, diante da informação, é que tem que tomar a decisão se é bom ou não”, disse Campos Neto.

Moeda digital

Campos Neto, admitiu que a greve dos servidores da instituição — encerrada no dia 5 julho — atrasou o desenvolvimento da moeda digital (CBDC) em estudo pela autoridade monetária. “Tivemos um pequeno atraso na CBDC por causa da greve, mas quero ver funcionando em 2024. Acho que dá para lançar isso”, afirmou, em palestra sobre “A regulamentação das criptomoedas no Brasil e no mundo”, promovida pelo Escritório Figueiredo & Velloso Advogados Associados.

O presidente do BC repetiu que tem feito um amplo debate com outros bancos centrais sobre a criação de moedas digitais, e alertou que, se cada país seguir por um modelo diferente de CBDC, os arranjos de pagamentos internacionais com esses ativos serão pouco eficientes.