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A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA, na sigla em inglês) notificou a Ticketmaster sobre possíveis ações legais relacionadas à forma como foram comercializados os ingressos da aguardada turnê de reunião da banda Oasis. Segundo o órgão regulador, há indícios de que a empresa violou leis de proteção ao consumidor ao vender mais de 900 mil ingressos com práticas que podem ser consideradas enganosas.

O caso envolve suspeitas de preços inflacionados, falta de clareza na categorização de assentos e ausência de informações relevantes no momento da compra. Em especial, a CMA aponta que muitos fãs pagaram até £350 por ingressos que originalmente custavam cerca de £150, uma diferença que levanta preocupações quanto à transparência dos processos adotados pela Ticketmaster.

A investigação teve início em março, quando a autoridade identificou problemas no uso do rótulo “platinum” para determinados assentos, vendidos com valor significativamente maior que os ingressos padrão. Segundo a CMA, a empresa não informou adequadamente aos consumidores que esses lugares não ofereciam nenhum benefício adicional e, muitas vezes, estavam localizados nas mesmas áreas dos ingressos convencionais. Além disso, houve a identificação de duas categorias de ingressos para a área de pista — com valores distintos —, mas sem a devida distinção no site, o que dificultou a tomada de decisão pelos consumidores.

Outro ponto destacado pelo órgão britânico foi o caos enfrentado por milhares de fãs durante a venda online dos ingressos. Muitos relataram longas filas virtuais, mudanças inesperadas de preço e a percepção de que estavam sendo forçados a adquirir bilhetes mais caros por falta de clareza nas opções disponíveis.

Em resposta às preocupações levantadas, a Ticketmaster informou ter implementado algumas mudanças em seus processos. No entanto, a CMA declarou que as medidas adotadas foram “insuficientes” e que não houve compromisso firme da empresa em solucionar os problemas identificados. Em carta enviada a um comitê parlamentar, o órgão destacou que há um “desacordo fundamental” entre a Ticketmaster e os princípios legais de proteção ao consumidor britânico.

Apesar de não ter identificado o uso de “precificação dinâmica” — modelo em que os preços sobem em tempo real com base na demanda —, a CMA criticou a falta de informações claras e acessíveis no momento da compra. A entidade reiterou que a transparência na estrutura de preços é essencial para garantir a escolha informada por parte dos consumidores.

Diante da ausência de um acordo e da percepção de que a Ticketmaster não está cumprindo com suas obrigações legais, a CMA declarou estar pronta para iniciar um processo judicial, caso a empresa não demonstre, em tempo hábil, disposição para colaborar e corrigir as falhas apontadas. Ainda assim, o órgão reforçou que permanece aberto ao diálogo, buscando uma solução amigável.

A polêmica ocorre às vésperas do início da turnê, que começa nesta sexta-feira (4) em Cardiff, no País de Gales. O retorno de Noel e Liam Gallagher aos palcos após anos de desentendimentos tem gerado grande expectativa entre os fãs e deverá movimentar milhões de libras na indústria da música.

Procurada, a Ticketmaster ainda não se manifestou oficialmente sobre a possível ação judicial.