O papel das mulheres na gestão das empresas e à frente do empreendedorismo vem ganhando cada vez mais destaque no mercado brasileiro. Funções que até poucos anos atrás eram desempenhadas por homens estão sendo conduzidas por mulheres visionárias e empreendedoras. Um dos setores que vem sendo transformado é o agronegócio brasileiro e as mulheres assumem um papel fundamental para garantir um mercado cada vez mais produtivo e diversificado.

Pesquisa realizada em outubro do ano passado pelo Agroligadas, com o apoio da Corteva Agriscience, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e Sicredi aponta que 79% das mulheres entrevistadas avaliam que a participação feminina no agronegócio atualmente é consideravelmente melhor que há 10 anos. O estudo entrevistou quase 410 mulheres e apontou que 69% delas são empreendedoras, ou seja, proprietárias ou arrendatárias da propriedade rural.

É possível identificar que o cenário só tende a melhorar com a participação ainda maior de mulheres atuando no agronegócio, já que na mesma pesquisa 93% das entrevistadas disseram ter orgulho do que fazem na condução dos negócios em suas propriedades rurais. Apesar disso 64% indicaram que ainda percebem a desigualdade de gênero bastante presente em todo o setor.

São muitas as mulheres ocupando cada vez mais espaço no mercado de trabalho e assumindo o protagonismo de suas carreiras. Para garantir a representatividade delas em suas fazendas nos quatro cantos do Brasil, o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que será realizado nos dias 26 e 27 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, elegeu embaixadoras com a missão de alavancar a participação de empreendedoras de todas as regiões do País.

Região Centro-Oeste

Com uma história de vida bastante intensa, hoje Sônia Bonato faz toda a gestão de sua propriedade. Sua representatividade no mercado conquistou feitos que fazem a diferença, como ser a primeira mulher a integrar comissões no Sindicato Rural de Ipameri e uma das primeiras a assumir uma diretoria dentro da Aprosoja. No Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, Sônia foi escolhida embaixadora para representar toda a região Centro-Oeste do Brasil.

Ao Jornal Opção, a empreendedora destaca que a participação feminina na condução dos negócios nas propriedades rurais vem crescendo cada vez mais. “E o Congresso veio justamente para fomentar ainda mais a presença das mulheres no campo. Como uma das embaixadoras venho notando o aumento do interesse de diversas mulheres em participar, já que durante os encontros são debatidas as principais tendências do setor”.

Sônia ressalta a peculiaridade do olhar feminino para a condução dos trabalhos rurais. “Temos um olhar bastante diferenciado principalmente no que diz respeito aos detalhes na gestão dentro das propriedades rurais. Conduzimos os negócios com enorme foco para as questões sociais e ambientais, e isso é fundamental para garantirmos nossa produtividade”.

Biografia

A vida de Sônia foi marcada por muitas dificuldades. Entre um trabalho e outro, precisou conciliar as atividades para cuidar de sua mãe, que adoeceu e precisou ficar internada por mais de 20 dias antes de vir a falecer. Sua trajetória conta ainda com trabalhos que começou a desempenhar como vendedora.

Usou de suas habilidades em fazer contas de cabeça para conquistar espaço em diversos estabelecimentos comerciais da cidade, como mercadinhos de bairro, quitandas, lojas de peças para carros e motos, concessionárias de veículos e até lojas de móveis.

Já com sua família constituída, o marido de Sônia recebeu como herança uma fazenda no interior do estado de São Paulo. Sônia não teve dúvidas e viu naquele imóvel uma oportunidade de mudarem de vida. O casal então vendeu a propriedade e adquiriu uma outra fazenda no município de Ipameri.

Assim que se estabeleceram por lá compraram alguns equipamentos agrícolas e doze cabeças de gado. Aos poucos os negócios foram prosperando e hoje eles plantam soja e milho na propriedade para a produção de silagem, além de criarem sessenta cabeças de gado da raça Brahman.