Disputa pelo Senado traz debate sobre desigualdade de gênero na política

08 agosto 2022 às 17h52

COMPARTILHAR
Goiás tem nas eleições de 2022 nove candidatos ao Senado. Desse total, apenas duas são mulheres. Denise Carvalho é postulante pela coligação formada por PCdoB, seu partido, PT, PV e PSB; já Manu Jacob entra no páreo pela federação PSOL-Rede. O esperado é que, neste ano, o resultado da disputa nacional de outubro reflita melhor a presença da mulher na sociedade brasileira, especialmente no Congresso Nacional e nas Casas legislativas estaduais.
Apesar das políticas de incentivo, o Congresso Nacional ainda é pouco feminino: no Senado, há apenas 12 senadoras (15%) em um universo de 81 cadeiras. Na Câmara dos Deputados, dos 513 lugares, apenas 77 (14,8%) são ocupados por mulheres.
Na última campanha eleitoral, casos de candidaturas femininas laranjas foram evidenciados em pesquisa da das universidades estrangeiras University College London e James Madison University. Segundo o levantamento, 35% de todas as candidaturas de mulheres para a Câmara dos Deputados na eleição de 2018 não chegaram a alcançar 320 votos. Os números indicam que as candidatas sequer fizeram campanhas e levantaram a suspeita de que tenham sido usadas apenas para o cumprimento da lei de cotas.
Ao Jornal Opção, a candidata ao Senado Manu Jacob afirmou que a disputa pelo cargo traz debate sobre desigualdade de gênero na política. Ela atribui ao machismo e resquícios da sociedade escravocrata a pouca participação das mulheres no meio. “O jeito de fazer política em Goiás e no Brasil é conservador, machista, de raiz escravocrata. Não temo como ignorarmos a história do nosso estado”, diz. Apesar de todas as adversidades, ela celebra as conquistas. “Atualmente, podemos participar das eleições, sermos votadas. Precisamos reconhecer essas conquistas e lembrar que a maioria do eleitorado é feminino”.
Jacob destaca que o plano de candidatura é defender os trabalhadores, e não somente as mulheres. “A intenção não é só falar políticas só para mulheres. O nosso plano é defender a classe operarária de forma em geral, mas apresentar alternativas que viabilizam as mulheres chegarem ao poder. Isso passa por educação, segurança, saúde, enfim”, disse.
Para incentivar ainda mais a participação feminina na política, o Congresso Nacional promulgou em abril deste ano a Emenda Constitucional 117 (originária da PEC 18/21), que obriga os partidos políticos a destinar no mínimo 30% dos recursos públicos para campanha eleitoral às candidaturas femininas.
A distribuição deve ser proporcional ao número de candidatas. A cota vale tanto para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha – mais conhecido como Fundo Eleitoral – como para recursos do Fundo Partidário direcionados a campanhas. Os partidos também devem reservar no mínimo 30% do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão às mulheres.