Afinal, o mundo está ou não em guerra contra o Islã?
21 fevereiro 2015 às 10h30
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Políticos ocidentais insistem em classificar como “ideologia maldita” o que, na verdade, se trata de terrorismo jihadista
Arte, blasfêmia e liberdade de expressão. Eram esses os temas discutidos no seminário em Copenhagen que terminou em tragédia na semana passada, quando um jovem de 22 anos, de origem palestina e com uma ficha policial bem extensa, atirou mais de 40 vezes dentro de um Café na capital da Dinamarca, matando o diretor de cinema Finn Norgaard, de 55 anos, e ferindo vários. Meia hora depois, o terrorista atravessou praticamente a cidade inteira, armado, e, na frente de uma sinagoga, abriu fogo novamente. Um membro da comunidade judaica local, que naquele dia prestava serviço comunitário de proteção ao templo judeu, morreu trabalhando.
Logo depois do ataque, a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning Schmidt, declarou: “Não estamos no meio de uma batalha entre Islã e Ocidente. Esta não é uma guerra entre muçulmanos e não muçulmanos, mas, sim, um conflito entre valores baseados na liberdade individual contra uma ideologia maldita”. O discurso da premiê dinamarquesa é um eco da teoria rasa que o presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, tenta vender para o mundo: a de que os fundamentalistas islâmicos que estão tocando terror nos quatro cantos do planeta são, na verdade, apenas “extremistas violentos” e que o Islã não tem nada a ver com isso. Um discurso vazio que beira ao delírio.
Na verdade, em um vasto território, que inclui o Iraque, a Síria, o Afeganistão, Paquistão e o Iêmen, que o ocidente já está em guerra, ou bem próximo disso, juntamente com o mundo muçulmano, numa missão complicada de erradicar a metástase provocada por um movimento islamita que tem como base o ódio e o horror, e que quer destruir o que conhecemos por civilização ocidental.
Classificar este movimento, cuja maior manifestação é o grupo Estado Islâmico, como apenas uma “ideologia maldita”, como se referiu a líder dinamarquesa, é como qualificar o surgimento do nazismo apenas como uma reação da Alemanha pela humilhação sofrida durante a Primeira Guerra Mundial: o que não deixa de ser verdade, mas completamente inadequado.
Há uma tentativa dos políticos ocidentais de emplacar o discurso de que não há desavenças entre o Islã e o Ocidente. Mas negar o óbvio não é o bastante para conter a fúria islâmica, principalmente nos países citados acima, onde milhões de muçulmanos pensam o contrário.
O diretor de cinema Finn Nogaard foi assassinado pouco mais de uma década depois da morte brutal de outro diretor, Theo Van Gogh, em Amsterdã. Na época ele havia filmado um documentário que criticava o tratamento que o Islã dava às mulheres.
A guerra dos islamitas é contra a liberdade de expressão, de consciência, de imprensa, da blasfêmia e até sexual, que são algumas das características comuns de democracias, mas vistas pelos “visionários” de um novo Califado como sinais da degradação humana e, por isso, devem ser eliminados.
Não os provoque com caricaturas do profeta Maomé. Respeite o Islã, uma religião de paz praticada por mais de 1 bilhão de pessoas, é o que muitos dizem. Mas qual foi a “provocação” de Dan Uzan, o segurança judeu que protegia a sinagoga em Copenhagen?
O Islã é uma religião que permitou o surgimento de movimentos políticos multifacetados cujo objetivo é o poder. Nos últimos 13 anos, desde os ataques da Al Qaeda contra os Estados Unidos, trens explodiram em Madri, um ônibus e um vagão do metrô de Londres foram pelos ares, jornalistas foram decapitados, a redação de um jornal na França, o “Charlie Hebdo”, foi chacinada, judeus foram executados em Paris, na Bélgica e agora na Dinamarca. E isso não foi o “serviço” de uma “ideologia maldita” como insistem os políticos europeus e a Casa Branca, mas, sim, terrorismo jihadista.