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“Deixo com vocês, meus amigos, a Rede Manchete de Televisão! Ela está no ar!” Assim Adolpho Bloch encerrou o seu discurso na noite do dia 5 de junho de 1983, quando sua emissora de televisão iniciava seus trabalhos. A partir daquele momento, Manchete não era apenas uma revista, mas uma rede de TV que prometia “uma programação do mais alto nível” e se intitulava como “a televisão do ano 2000”.

A Manchete sempre iniciou e encerrou sua programação diária com uma vinheta belíssima. O “M”, logotipo da emissora, sobrevoava os céus de São Paulo, Brasília, Recife e Porto Alegre até chegar no Rio de Janeiro e aterrisar no terraço do prédio das Editoras Bloch, que fica na Rua do Russel, em frente à Praia do Flamengo. Até hoje quando vejo essa vinheta no YouTube, eu me emociono. É que a Manchete fez parte da minha infância. Lembro de assistir junto com meu irmão os seriados japoneses Jiban, Jiraia, Changeman entre outros. Eu lembro também do meu pai assistindo futebol com a narração do Osmar Santos.

O YouTube pode até substituir a televisão em muitos aspectos, mas acredito que não consiga deixar as boas lembranças dos bons tempos da televisão. A telinha trazia emoções que ficaram guardadas em meu coração e a Rede Manchete foi responsável por muitas delas. O sinal aqui em Goiânia chegava pelo Canal 11 e retransmitia o sinal da TV Brasília. As propagandas eram todas da capital federal. Eu lembro de ver os endereços dos comércios com suas siglas norte e sul.

A Manchete deu muito trabalho para a Globo. Bloch conseguiu os direitos de transmissão do Carnaval do Rio de 1984, o primeiro da Marquês de Sapucaí, e em 1990, a novela Pantanal derrotou no IBOPE a emissora de Roberto Marinho. Mas, nem tudo são flores. Em meados dos anos 1990, a Manchete entrou em crise financeira, atrasou salários e teve a programação interrompida varias vezes pelos funcionários em greve.

A história iniciada na noite do dia 5 de junho de 1983, quando a Manchete entrava no ar com o Mundo Mágico, se encerrou em 1999. A emissora do ano 2000 acabou um ano antes. Mas como dói!