O Jornal Nacional conseguiu unir “o Brasil através da notícia”
01 setembro 2023 às 21h48
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Cid Moreira estava em um posto de gasolina abastecendo o carro quando uma senhora o reconheceu e foi conversar com ele:
— O senhor poderia ler as notícias mais rápido.
— Por quê?
— Pra começar logo a novela.
Cid Moreira foi a voz e o rosto do “Jornal Nacional” por 27 anos, de 1969 a 1996. Ele apresentou o telejornal em sua estreia, no dia 1º de setembro de 1969, dividindo bancada com Hilton Gomes. A Rede Globo investiu para valer no “Jornal Nacional”. Naquela época, o jornalismo da emissora estava sob o comando de Armando Nogueira e Alice-Maria. O primeiro slogan do jornal era “Unindo o Brasil através da notícia”.
O “Jornal Nacional estreou em um momento delicado da ditadura. O então presidente Costa e Silva foi afastado para tratamento de saúde e uma Junta Militar governava o país. Em tempos de AI-5 e censura, obter informações do governo era um problema. Os brasileiros tomaram gosto pelo telejornal que, em pouco tempo, se tornou líder de audiência, se informando com o que se podia informar.
Na década de 1970, a televisão mudou muito com a imagem colorida e os satélites facilitando a difusão da notícia. A Rede Globo publicou em 1984, quando o “Jornal Nacional” completou 15 anos, um livro muito bom que conta a sua história e essas mudanças tecnológicas em suas edições. O designer Hans Donner caprichou na vinheta de abertura e o Padrão Globo de Qualidade se impôs.
Engana-se quem pensa que o nome do jornal se deve ao patrocínio do Banco Nacional. Armando Nogueira fez questão de separar a publicidade do jornalismo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A publicidade era separada da redação, mas quem patrocinava pensava no alcance do jornal e da novela das 8 que entrava logo em seguida. Tinha senhora que via o Cid Moreira esperando começar mais um capítulo da novela. Os reclames do plim plim tinham muito a lucrar.