Nelson Rodrigues, o notável reaça da pátria das chuteiras

23 agosto 2023 às 10h31

COMPARTILHAR
De 1958 até 1970, a seleção brasileira de futebol alcançou o ápice, a glória. A única que conquistou três títulos mundiais. Pelé, Garrincha, Zagallo, Didi, Vavá goleando e entortando os adversários. Além da beleza do futebol apresentado, tudo isso escrito sob o olhar de Nelson Rodrigues. Ele não analisava a tática, a posse de bola, os erros de passe até porque a miopia o impedia, mas ele conseguia ver o que os olhares técnicos não conseguiam ver como as intervenções de Sobrenatural de Almeida.
Nelson nasceu em 23 de agosto de 1912, em Recife, mas foi criado no Rio de Janeiro. Ele trabalhou no jornal “A Manhã”, que pertencia a seu pai, Mário Rodrigues. Ele e o irmão Mário Filho escreviam sobre futebol. O nome do irmão batiza o Maracanã. Mas Nelson não escrevia apenas sobre futebol. Ele foi um dos grandes dramaturgos escrevendo peças de teatro como “Vestido de Noiva”, Toda Nudez Será Castigada”, “Beijo no Asfalto”. Nelson também escreveu “A Vida Como Ela É”, que fez muito sucesso ao ser encenada no “Fantástico”, em meados dos anos 1990.
Nos anos 1970, Nelson Rodrigues participou da “Grande Resenha Esportiva Facit”, a primeira mesa redonda futebolística da televisão brasileira. Ele, Fluminense apaixonado, dividia bancada com o botafoguense João Saldanha. “O videoteipe é burro”, ele dizia.
Nelson foi crítico da esquerda e dos religiosos que participavam das manifestações contra a ditadura civil-militar. Ele os chamava de “padres de passeata”. Fumante ao extremo, ele era visto andando pelas ruas da Zona Sul carioca com um cigarro na mão.
O genial dramaturgo aproveitava os intervalos de um texto e outro nas redações dos jornais que trabalhava para escrever suas peças teatrais. No final dos anos 1970, ele concedeu uma entrevista para Otto Lara Resende, na TV Globo, ficando conhecida a sua frase: “Jovens, envelheçam!”. Nelson Rodrigues morreu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro.