Alves de Mesquita utilizou o nome de “tango” para designar um tipo de música de teatro ligeiro, conhecida entre os franceses e espanhóis como “habanera” ou “havanera”

Henrique Alves de Mesquita (1830 – 1906) foi reconhecido historicamente como o criador da expressão “tango brasileiro” quando classificou uma de suas composições: “Olhos matadores”, parte de sua Opereta “Ali Babá e os quarenta Ladrões” em 1868.

Alves de Mesquita foi compositor, regente, trompetista e organista, professor, copista e comerciante. Em 1853, fundou o Liceu Copista Musical. Compunha peças por encomenda, copiava partituras, vendia instrumentos musicais e ministrava aulas.  Entre seus alunos destacam-se Joaquim Callado (1848 – 1880) e Anacleto de Medeiros (1866 – 1907).

Admirador das rodas de serestas e modinhas foi um dos músicos mais influentes em seu tempo, sendo muito admirado por músicos como Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935) e Ernesto Nazareth (1863 – 1934). Em seu catálogo de obras, numeroso e relevante, estão principalmente óperas, operetas e músicas ligeiras que fizeram, à época, grande sucesso.

Em 1872 foi nomeado professor de solfejo e princípio de harmonia no prestigiado Conservatório Musical do Rio de Janeiro, aposentando-se em 1904, já no então Instituto Nacional de Música, como professor de instrumentos de metal.

Segundo a publicação de Antônio José Augusto – Henrique Alves de Mesquita: da perola mais luminosa a poeira do esquecimento, “Henrique Alves de Mesquita, negro e filho de pais não casados, nasceu no Rio de Janeiro em 1830 e era o que historiadores convencionaram chamar ‘homem livre pobre’, indivíduos marginalizados numa sociedade marcada por relações profundamente desiguais, à mercê dos mandos e desmandos da polícia, do governo e das elites. Henrique teve, porém, um destino diferente. Em função de seu talento musical, que cedo demonstrou, foi agraciado com a maior distinção que um aluno poderia alcançar no Conservatório de Música, o prêmio de viagem, tornando-se o primeiro brasileiro a ser enviado ao exterior para realizar estudos musicais, mais precisamente ao Conservatório de Paris”.

Ouviremos do destacado músico, Henrique Alves de Mesquita, parte da Opereta “Ali Babá e os quarenta Ladrões” – interpretado pelos músicos Maurício Carrilho, violão; Toninho Carrasqueira, flauta e Luciana Rabello, clarinete Proveta e cavaquinho.

Observe a riqueza deste choro “primitivo” descrito como um “tango-habanera”.