75 anos do compositor Ronaldo Miranda

02 maio 2023 às 15h58

COMPARTILHAR
Acima, vemos os membros fundadores da Academia Brasileira de Música, julho de 1945, ano em que a ABM foi criada. De pé, da esquerda para a direita: Florêncio de Almeida Lima, Radamés Gnattali, Andrade Muricy, Eurico Nogueira França, Fructuoso Vianna, não-identificado, Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, não-identificado, Lorenzo Fernandez, e não-identificado. Sentados, da esquerda para a direita: João Octaviano Gonçalves, João Batista Julião, Heitor Villa-Lobos, João Itiberê da Cunha, e Octavio Bevilacqua.

O compositor carioca iniciou sua carreira aos 18 anos atuando no departamento de relações públicas do Jornal do Brasil (JB). Por indicação do compositor Edino Krieger (1928 – 2022), Miranda, assumiu a editoria de música, e desempenhou importante papel de crítico musical enquanto cursava Música na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em entrevista para o “Festival de Música Contemporânea Brasileira” que o homenageou em 2016, o compositor afirmou: “a crítica musical abriu a minha cabeça”. Foi atuando como crítico musical que Miranda rompeu com os padrões rígidos absorvidos pela academia, se aproximando de novas linguagens e texturas sonoras que marcariam sua pluralidade.
As obras de Ronaldo Miranda compreendem desde música solo, coral, de câmara, até orquestra, banda sinfônica e ópera, diversificando suas composições para os mais distintos instrumentos e combinações, reforçando, assim, sua magnitude composicional.
Foi a partir da década de 1970, quando obteve o 1º Prêmio no Concurso de Composição para a “II Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Sala Cecília Meireles”, que intensificou o seu trabalho como compositor.
Foi selecionado para representar o Brasil na Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO, em Paris, recebeu inúmeros prêmios em Concursos Nacionais de Composição e também o Troféu Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro. A Associação de Críticos de Arte de São Paulo (APCA) considerou suas “Variações Sinfônicas” a melhor obra orquestral de 1982.

Ainda na década de 1980, escreve importantes obras de seu repertório musical como “Concertino para piano e orquestra de cordas” e dá início à composição da ópera Dom Casmurro, de Machado de Assis, que se desdobrou em sua tese de doutoramento defendida no departamento de Artes Cênicas da USP, instituição no qual foi professor.
Dentre suas oito obras concertantes, escritas até o presente momento, Ronaldo dedicou duas para piano solista: “Concerto para Piano e Orquestra” (1983) e “Concertino para Piano e Orquestra de Cordas” (1986).
“Sob a regência de Eleazar de Carvalho, o concerto da OSESP, no Teatro Cultura Artística, marcava a estreia do Concerto para Piano e Orquestra, de Ronaldo Miranda, que teve o autor como solista. A obra estava à altura da ocasião, representando uma leitura moderna do gênero concerto para piano: música contemporânea sem pretensões ao vanguardismo, que recapitula, em linguagem pessoal, um Bartók ou até um Shostakovich, e que cumpre uma função básica da música: atingir esteticamente o público e os próprios instrumentistas”.
Luiz Paulo Horta, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19/5/1983.

Vida longa a esse mestre da composição!
Ouviremos a obra para violão solo, “Appassionata”, do compositor Ronaldo Miranda em uma gravação do americano Matt Palmer. Segundo Felipe Gonçalves de Rezende, “Appassionata” foi uma encomenda do violonista Turíbio Santos (1943).
“(…) composta para violão em 1984”. Durante a etapa composicional, Turíbio pôde estabelecer uma relação compositor/intérprete, auxiliando no processo criativo de Ronaldo, até a obra ser finalizada. No entanto, a Appassionata não foi estreada pelo violonista brasileiro, (…). a obra ficou inédita por 12 anos até ser estreada por Fábio Zanon, em 1996. Anos mais tarde, Fábio foi encarregado de realizar a revisão da primeira edição da obra, através da editora norte-americana Orphèe Editions, registrando diferenças em relação ao manuscrito.