O ‘Pop Star’ Ludwig van Beethoven
23 janeiro 2024 às 15h43
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Considerado um dos pilares da música ocidental, Beethoven é, sem dúvida, o Pop Star dos compositores chamados “eruditos”. Suas obras são mais executadas do que as de qualquer outro músico clássico. Suas Sinfonias e Sonatas estão no ouvido das pessoas que nem sabem que o admiram.
O compositor alemão tinha um gênio difícil, gradativamente agravado pela perda da audição. Ludwig morreu completamente surdo, apesar disto, ajudou a criar o mito do “artista como herói” e é considerado um patrimônio de toda a humanidade.
Beethoven foi um dos primeiros compositores da história a buscar independência, tanto das regras composicionais como enquanto indivíduo criativo. Em cada forma musical em que atuou, conseguiu não somente solidificar as tradições do passado, como propor transformações estruturais que influenciaram as gerações posteriores em todos os níveis estéticos.
“O resumo de sua obra é a liberdade – a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida”.
Paul Bekker
Beethoven via na música a máxima expressão da liberdade. Além de sua contribuição musical, o compositor compartilhava profunda simpatia pelos princípios humanitários da Revolução Francesa, enxergando em Napoleão Bonaparte o verdadeiro representante desses ideais.
No entanto, a autoproclamação de Napoleão como imperador trouxe decepção ao coração de Beethoven. A cerimônia singular, na qual Napoleão se coroou, contrariando convenções e demonstrando que seu título era autodenominado, deixou o compositor alemão desiludido e enfurecido. A Terceira Sinfonia de Beethoven, inicialmente dedicada a Napoleão, teve sua dedicatória rasurada e substituída por “Sinfonia Heroica”.
Ouviremos a Sinfonia Heroica n. 3 em mi bemol maior, opus 55 de Ludwig van Beethoven, interpretada pela Orquestra “West-Eastern Divan” sob a regência de Daniel Barenboim, um dos fundadores dessa notável orquestra. Criada em 1999, a “West-Eastern Divan” reúne jovens músicos do Oriente Médio, promovendo o diálogo e a paz entre judeus e não judeus na região. O nome da orquestra é inspirado na obra lírica de Goethe, “O Divã Ocidental-Oriental” (West-östlicher Divan, 1819), que busca conciliar a rica tradição poética árabe com elementos da moderna subjetividade europeia.
Ao apreciar a Sinfonia Heroica, observe o magistral uso de blocos sonoros maciços, uma técnica comum na obra de Beethoven. O compositor manipula com precisão os ataques, a densidade, a potência e os contrastes entre os timbres, consciente de sua eficácia sobre os ouvintes. Essa sinfonia é um testemunho da genialidade de Beethoven e sua capacidade de transmitir emoção e significado através da linguagem universal da música.