Intérprete de variado repertório dedicou especial atenção à divulgação da música brasileira

Morreu, no último sábado, 18 de junho, preste a completar 90 anos, o pianista e professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes da USP Gilberto Tinetti (1932 – 2022).

Intérprete de variado repertório dedicou especial atenção à divulgação da música brasileira, principalmente dos compositores Camargo Guarnieri e Heitor Villa-Lobos.

Tinetti iniciou seus estudos de piano aos 10 anos, com Josephina De Felice. Mais tarde tornou-se aluno de Hans Bruch, que o apresentou a Magdalena Tagliaferro, com quem estudou em Paris, entre 1957 e 1959.

Na Europa venceu o Concurso da Academia Internacional de Verão do Mozarteum de Salzburgo, na Áustria, em 1970.

De volta ao Brasil, formou, em 1975, o TRIO BRASILEIRO com os músicos Erich Lehninger, no violino, Watson Clis, no violoncelo. O Trio foi condecorado como o melhor conjunto de câmara pelo Prêmio Carlos Gomes, 1999.

Entre os anos de 1980 e 2002 o pianista Tinetti foi professor do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Na ECA, onde formou diferentes gerações de artistas, ministrou aulas de piano e música de câmara.

Também, entre 1980 a 2002, Tinetti foi professor e diretor artístico do Seminário de Música Pró Arte de São Paulo, fundado por Hans-Joachim Koellreutter.

Sendo que em 1986 foi convidado pela direção da Cultura FM para apresentar a série “A Arte de Magdalena Tagliaferro”, em homenagem à sua professora que havia falecido naquele ano.

Posteriormente, em 1987, passou a integrar o quadro de apresentadores da Rádio, com o programa diário “Teclado” com séries semanais dedicadas a integral de obras para piano de relevantes compositores nacionais e estrangeiros.

Em 1996, o programa “Teclado” passa por algumas mudanças e é denominado “Pianíssimo”, atração que Gilberto Tinetti apresentou na Cultura FM até dezembro de 2019.

A notícia da morte de Tinetti gerou depoimentos emocionados e homenagens pelo Brasil a fora. Querido por seus pares, a morte de Tinetti deixa uma vazio na música brasileira.

Segundo o Diretor da Sala Cecília Meireles João Guilherme Ripper:
“a música brasileira perde a arte, técnica e elegância de Tinetti, um de nossos maiores intérpretes”.

O compositor Ronaldo Miranda disse: “Ele deixa uma legião de ex-alunos brilhantes, de Lilian Barretto a Antonio Vaz Lemes, além de incontáveis admiradores (…)”.

A pianista Olga Kiun se pronunciou: “Acabou mais uma linda e superprodutiva vida de grande músico e ser humano. Vai ser lembrado por muitos com amor”,

Ouviremos o Pianista brasileiro Gilberto Tinetti interpretando os 4 movimentos, das Bachianas Brasileiras Nº 4 de Heitor Villa-Lobos: 1º mov: Prelúdio 2º mov: Coral (Canto do Sertão) 3º mov: Aria (Cantiga) 4º mov: Dança (Miudinho) em uma Transmissão da Tv Cultura – Programa Clássicos gravado em 2000.

Observe! Tinetti em encontro com Villa-Lobos registra orientações interpretativas valiosas em relação a essa obra, como a valorização dos baixos em oitavas. Segundo o pianista, Villa-Lobos teria dito: “Aí está o Bach!”.