Com muita personalidade e coragem, Elis foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como um instrumento na Ordem dos Músicos do Brasil. Sua presença de palco e qualidade da voz, aliadas a esta força interior, fizeram com que Elis Regina entrasse na história da Música Brasileira como uma das mais importantes cantoras e intérpretes que o Brasil já presenciou.

Inicialmente influenciada pelos cantores do rádio e descolada da Bossa Nova, Elis Regina foi a primeira grande artista a surgir dos festivais de música na década de sessenta. Participou do I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em 1965 com duas músicas.  Embora tenha ganhado o festival com a música “Arrastão” (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), dizia que sua favorita era “Por um amor maior” (Francis Hime e Rui Guerra).  Consagrada como a grande revelação do Festival, recebeu o convite para atuar na televisão no Programa  O Fino da Bossa   ao lado de Jair Rodrigues. 

Elis Regina cantou muitos gêneros, não tinha nenhum medo de mudar o rumo. Da MPB, passou pela afamada Bossa Nova, enveredou no Samba visitou o Rock e o Jazz. Imortalizou canções como Madalena, Águas de Março, Atrás da Porta, Como Nossos Pais, O Bêbado e o Equilibrista, Querelas do Brasil e tantas outras. 

Difícil mesmo tornou-se interpretar uma canção já gravada por Elis. Alguns compositores ficavam receosos de gravar suas próprias canções após Elis as ter interpretado, tão forte era a marca de seu registro. Após ouvir Elis cantando “Se eu quiser falar com Deus”  Gilberto Gil se perguntou: “Como é que eu vou cantar essa música agora?”.

Elis Regina e Tom Jobim | Foto: Reprodução

Com Tom Jobim e Chico Buarque, Elis teve histórias curiosas, foi reprovada por Tom e Vinicius de Moraes, em 1964, durante as audições para o disco Pobre Menina Rica. Tom Jobim a achava muito provinciana. Dez anos depois, gravaram juntos o disco “Elis & Tom”, histórico registro da MPB.

 Esse registro se transformou em um Documentário intitulado “Elis & Tom – Só Tinha de Ser Com Você”, atualmente disponível nas plataformas digitais. O filme mostra imagens de bastidores obtidas em um estúdio de Los Angeles durante a gravação do histórico álbum Elis & Tom entre fevereiro e março de 1974.   As imagens revelam o clima tenso entre os músicos reclusos no estúdio e o resultado final é surpreendente. 

Com Chico Buarque, a música “Atrás da porta”, gravada por Elis em 1972, ainda não estava finalizada e era apenas um rascunho quando foi ouvida por Roberto Menescal, seu produtor. Elis gravou apenas a parte inicial da letra, fazendo vocalises durante o resto da canção. O registro foi enviado a Chico Buarque, que a finalizou no mesmo momento.

Sempre destemida, ao longo de toda sua carreira, destacou-se por cantar também músicas de artistas ainda pouco conhecidos à época, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc e João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro.

Para quem quer conhecer mais sobre Elis Regina há o filme “ELIS” retratando a vida intensa da consagrada cantora desde sua chegada ao Rio de Janeiro aos 18 anos até o auge de seu sucesso, que romperam as fronteiras do Brasil. A grandiosa e meteórica ascensão na música, assim como o peso da fama, atribuída a uma vida pessoal atribulada, a perseguiram até sua prematura morte prestes a completar 37 anos.  

Elis, A Musical | Foto: Divulgação

Há também o musical em cartaz há 10 anos, repassando a vida e a obra de Elis Regina através de cenas que recriam momentos e canções que se tornaram marcantes na voz da cantora. Ao longo de mais de 50 números, o público se reencontra com clássicos eternizados na voz de Elis. 

Aqui, Ouviremos Maria, Maria”, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant. A canção fala sobre a força e a beleza das mulheres. 

Observe a voz inconfundível de Elis Regina, e, sua concepção cênica em relação ao conteúdo da letra.