O filme “A Vida Invisível” é uma coprodução Brasil/Alemanha, com adaptação do romance A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, da escritora pernambucana, Martha Batalha. O livro e o filme expõem o machismo estrutural e sua interferência na vida feminina.

O longa é uma história dramática e verossímil enquanto possiblidade, com direção de Karim Aïnouz, produzido por Rodrigo Teixeira, assistência de Nina Kopko e pesquisa de Suzane Jardim.

No filme as irmãs Eurídice e Guida, personagens centrais da trama, são protagonizadas pelas atrizes Carol Duarte e Julia Stockle. O longa conta ainda em seu elenco com a participação de Gregório Duvivier, António Fonseca, Flávia Gusmão,  Nikolas Antunes e a participação especial do ícone das artes cênicas: Fernanda Montenegro.

Julia Stockler; Karim Aïnouz e Carol Duarte | Foto: Reprodução

A história é passada no Rio de Janeiro de 1950 e na narrativa Eurídice (Carol Duarte/Fernanda Montenegro) e Guida (Julia Stockler) são duas irmãs inseparáveis que moram com os pais em um lar conservador. Ambas têm um sonho: Eurídice o de se tornar uma pianista profissional e Guida de viver uma grande história de amor.

Eurídice e sua irmã, Guida perdem-se uma da outra. As diferenças as definem, mas não as antagonizam, bem pelo contrário. A tímida e acanhada Eurídice é uma virtuosa pianista cujos sonhos apontam à vontade de estudar num conservatório em Viena, na Áustria. Guida é expansiva, indócil, mulher à frente do seu tempo, de inquietude excepcional nos tradicionais anos 50.

Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) | Foto: Reprodução

A Vida Invisível é sobre mulheres lutando para existir em uma sociedade machista, construída sobre as bases, os anseios e as vontades dominantes. Eurídice e Guida vivem sob um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: uma decide fugir de casa com o namorado, enquanto a mais nova se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com um casamento sem amor.

Infelizmente, apesar de retratar o passado, é fácil enxergar acontecimentos semelhantes ainda na atualidade. Aliás, muito do que chama a atenção no filme é sua capacidade de retratar a realidade de mulheres com vozes e vontades silenciadas ao longo do tempo, inclusive o atual.

Para os amantes da música de concerto, Eurídice, uma das irmãs que sonha em ser pianista, faz prova de piano no histórico Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e, no decorrer do filme pode-se desfrutas da trilha sonora assinada pelo alemão Benedikt Schiefer e ainda ouvir trechos de obras de J. S. Bach Franz Schubert Frédéric Chopin; Franz Liszt; Edvard Grieg; até Fados interpretados pela portuguesa Amália Rodrigues.

Vale a pena ver o filme que teve sua estreia mundial em de maio de 2019 no Festival Cannes, sendo um dos premiados do Evento. Ao assistir esse longa, o expectador irá ver um trabalho excepcional de fotografia, direção de arte, som, montagem e uma trilha sonora exuberante.

Como a música é nosso principal objetivo, vamos ouvir uma das obras apresentadas em trechos de “vidas Invisíveis”. De Frédéric Chopin, estudo opus 10 n, 9 interpretado pela pianista ucraniana Valentina Lisita.

Observe a densidade de uma obra composta pelo polonês Chopin ainda na adolescência. Os estudos de Chopin não só introduziram um conjunto completamente inovador de desafios técnicos, mas marcou o pioneirismo ao se tornarem os primeiros “estudos” a integrar de maneira constante o repertório dos renomados pianistas ao redor do globo.