Para entender o que se esconde por trás da alegação de “discurso de ódio”
23 outubro 2015 às 09h37
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Seminário, com exposição do jornalista Pérsio Menezes, editor do blog Meu professor de História mentiu pra mim, e tendo como debatedor o jornalista Edmar Oliveira, será realizado nesta sexta
Na sexta-feira, 23, às 19 horas, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, será realizado o Seminário Integrador do Curso de Pós-Gradução Lato Sensu em Criminologia e Segurança Pública. O tema é: Discurso de ódio e liberdade de expressão. O expositor será o jornalista Pérsio Menezes, da Bahia, e o debatedor será o jornalista Edmar Oliveira, de Goiás. A entrada é franca.
O Jornal Opção transcreve, a pedido da professora Cláudia Helena, da UFG, o artigo “Para entender o que se esconde por trás da alegação de ‘discurso de ódio’ que atualmente pulula no Brasil para todos os lados que se olhe”. Na foto, Antonio Gramsci, filósofo italiano.
Para entender o que se esconde por trás da alegação de “discurso de ódio” que atualmente pulula no Brasil para todos os lados que se olhe
Pérsio Menezes
Está em curso no Brasil o expediente de acusar de “discurso de ódio” qualquer crítica ou objeção à agenda da ideologia de esquerda. Faz-se necessário, a quem quer que se arvore a julgar como e de que forma determinada afirmação pode de fato ser considerada discurso de ódio, conhecer os motivos pelos quais isso está acontecendo para que seja possível discernir se realmente se trata de incitação ou ódio ou se, no lugar disso, a pecha de “discurso de ódio” está sendo usada como tentativa de desqualificação das críticas ao consenso esquerdista que se estabeleceu no país. A inabilidade em saber diferenciar estas duas situações colocará aquele que julga na condição de “idiota útil”, a qual consiste em estar executando, sem sequer se dar conta, planos traçados por terceiros para alcançar determinados objetivos ideológicos bem diferentes daqueles que o executor acredita estar perseguindo.
Brasil. Um país que viveu muitos anos sem debate político
Entre os legados nefastos dos anos em que os militares estiveram no poder, sem dúvida o mais tenebroso deles foi a supressão do debate público sobre política. O senso comum acredita que, como a Revolução de 64 foi instaurada para conter a aproximação com o eixo-comunista da então Guerra-Fria, tratava-se então de um regime de direita que perseguiu a esquerda — por sua vez os militares tomavam essa alegação por verdadeira e portavam-se como se assim fosse. Não obstante, a realidade dos fatos é bem outra. Todo o período militar foi pautado pela mentalidade tecnocrática, a qual buscava os resultados das políticas públicas passando por cima da efetiva justaposição das ideias representadas por “esquerda” e “direita”. O debate público, que só pode existir pela justaposição dessas duas cosmovisões, foi silenciado. Naquele momento, isso parecia prejudicar igualmente tanto a esquerda quanto a direita. Não obstante, no decorrer do tempo, outro fenômeno se sobrepôs a essa supressão do embate ideológico.
No afã de não serem vistos como intransigentes, a alta cúpula do comando militar resolveu adotar aquilo que Golbery do Couto e Silva (foto ao lado) chamou de “Teoria da Panela de Pressão”. A ideia era mostrar que os militares estavam combatendo apenas a esquerda que queria se impor pela força, mas que aceitavam o debate democrático com os que estivessem dispostos a realiza-lo. Embora nem mesmo a sombra mais remota desse fato seja representada nos livros didáticos do Ministério da Educação, a verdade é que a ação do governo militar foi bem ambígua: ao mesmo tempo que perseguia os esquerdistas que queriam impor o socialismo à força, a exemplo de Carlos Marighella, favoreciam aos esquerdistas que queriam apenas divulgar pacificamente a ideias comuno-socialistas, a exemplo de Ênio Garcia, dono da maior editora comunista do Brasil, a “Civilização Brasileira”, a qual sobreviveu (segundo relato do próprio Ênio), durante os anos 60 e 70, apenas por conta das verbas que recebia do governo militar. Se de um lado os militares trocavam balas com os revolucionários, como foi o episódio da famosa Guerrilha do Araguaia, do outro facilitavam a divulgação de ideias de esquerda nos polos formadores de opinião. Um exemplo disso é o lauto fomento à estatal “Embrafilmes”, cuja produção evidencia o quão recheada de esquerdista estava.
O silêncio vira monólogo
“Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: ‘Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista. E mais: considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata’.” Nelson Rodrigues
Tendo esse cenário em mente, é possível afirmar que, embora a esquerda não pudesse pronunciar-se publicamente de forma plena, por conta da censura imposta pelo regime militar, em relação à presença na cultura brasileira, os ideais e agendas de esquerda estavam bem protegidos, uma vez que aqueles em quem eles encarnavam estavam relativamente bem acomodados nos espaços sociais vigentes durante o governo militar. É verdade que os livros didáticos com o selo do Ministério da Educação tentam passar aos alunos a ideia de que o regime militar estava empenhado em esmagar no berço toda manifestação do pensamento esquerdista. Mas há farta documentação e relatos que provam justamente a brandura, a tolerância e até mesmo o enaltecimento com os quais os luminares do pensamento esquerdista eram tratados, tal qual pode ser conferido em obras como “Ideais Traídos”, de Sylvio Frota, “A Verdadeira História de Médici”, do general Agnaldo Del Nero Augusto, “O Outro Lado do Poder”, de Hugo de Abreu, “Castello Branco — O caminho para a presidência”, de John Dulles, e “Diálogo com Cordeiro de Farias”, de Aspásia Camargo e Walder de Goes.
Além de bem acomodados, os esquerdistas aboletados nas redações dos jornais seguiram suas carreiras e passaram a implementar uma política de ocupação de espaços. Em certa medida como revide à censura impostas pelos militares, estabeleceram eles próprios através de um certo “corporativismo ideológico”, uma outra censura que preconizava a tomada silenciosa de todos os assentos de redações, expulsando delas quem quer que ousasse se auto definir como “conservador”. Um exemplo claro dessa situação foi o que aconteceu com o jornalista e articulista Gustavo Corção (foto acima), o qual foi simplesmente expulso da imprensa por conta de seu caráter conservador.
É muito simples entender que o período militar foi péssimo para os ideais do “conservadorismo” e do “liberalismo econômico”. Os militares haviam prometido à população que derrubariam João Goulart e realizariam novas eleições em um prazo breve de alguns meses. Ficaram no poder por 25 anos. Assim, mesmo que a intervenção militar tivesse parecido em um primeiro momento como favorável aos ideais citados anteriormente, à medida que os anos passavam, o regime ia perdendo apoio até mesmo de quem tinha clamado pela intervenção. À essa altura, uma grande parcela da população — aquela não inteirada nos assuntos ou que se auto considera neutra — políticos já tinha desenvolvido completa ojeriza pelo regime. Assim, quem quer que se dissesse “conservador” era tido socialmente como atrelado à ditadura que apodrecia lentamente. Até que as ideias mesmas de “conservadorismo” e “direita” fossem finalmente vistas como responsáveis únicas pelo estado de coisas que se aplacava sobre o País.
Assim, se o ideal “conservador/liberal” fenecia aos olhos públicos pela mera associação com o regime cuja aceitação definhava dia após dia, a presença maciça de esquerdistas nas redações dos jornais, no sistema de ensino e demais polos formadores de opinião, não só ajudava no processo de deterioração daqueles ideais, como criava uma apologia subliminar às ideias de esquerda. Os docentes formavam turmas e turmas de alunos cuja totalidade do conhecimento do qual dispunham sobre “conservadorismo” e “liberalismo econômico” era aquelas imagens assustadoras que seus professores esquerdistas lhes haviam incutido durante cada um dos dias de todos os anos letivos. Uma vez adultos, plenamente convencidos que “conservadorismo” e “liberalismo” eram os outros nomes pelos quais se pode invocar Lúcifer, o processo se reiniciava para que as novas gerações se formassem em um ambiente geral ainda mais esquerdista do que a geração anterior.
Não bastasse essa guinada à esquerda que a cultura brasileira havia dado por conta dos militares, em uma espécie de tiro saindo pela culatra, à essa época, começava a se tornar extremamente popular no Brasil as ideias do pensador italiano Antonio Grasmci, as quais defendiam que havia outro método mais astuto (e, portanto, mais eficaz) do que a luta armada para conseguir alcançar os objetivos da esquerda. Esse método consistia em alterar completamente a mentalidade de um povo, até que a forma de pensar esquerdista se tornasse tão natural que esse povo chegaria ao ponto de clamar pelo socialismo sem nem mesmo se dar conta de que é isto que está fazendo. O gramscismo passou a ser a cereja do bolo que os militares bateram e assaram para a esquerda. O saldo final do período militar foi que o debate político havia sido silenciado, mas a aversão pelas ideias defendidas pela direita e entusiasmo por aquelas defendidas pela esquerda (até porque contavam com a aura dourada que banha tudo aquilo que é proibido e/ou perseguido) espalhavam-se como uma onda pelo horizonte da cultura brasileira, causando nela os efeitos de um tsunami.
Uma vez aniquilado o debate político, após a redemocratização, toda a vida política nacional passou a ser norteada exclusivamente pela atenção apenas às acusações de desvios de dinheiro público. O que mais uma vez favoreceu a esquerda, a qual jamais se enrubesceu em acusar o opositor exatamente daquilo que ela mesma está praticando. Durante a década de 90, o Partido dos Trabalhadores ocupava a oposição e clamava por moralidade e ética na política no momento mesmo em que cravavam no seio de Brasília os alicerces do que viria a se tornar o Mensalão. Ninguém conhece melhor o modus operandi do crime do que os próprios criminosos. E, assim, a grita petista pela moralidade — que nunca sonharam exercer — foi suficiente para alcançar o impeachment do presidente Fernando Collor (o qual, na época, não foi considerado golpe).
Já em 1994, com a eleição de Fernando Henrique, foi mais um item para a lista de fatores que favoreceram a esquerda alcançar o monopólio do discurso. O PSDB chegou ao poder executando toda a agenda da esquerda “pós-queda do muro de Berlim”, a qual já havia se dado conta que o Estado é um péssimo gestor de recursos. Esse partido passou então a realizar algumas privatizações ao mesmo tempo que executava (muitas vezes até mesmo usando o caixa oriundo da venda das estatais) todas as outras agendas da esquerda (quem começou a abrir a torneira das verbas estatais que transformaram o MST de um grupo de desdentados em uma organização paramilitar foi o próprio FHC). Já o Partido dos Trabalhadores, mais afeito ao marxismo leninista apresentava-se como oposição às privatizações, sendo assim a “esquerda por excelência”, ao passo que sobrava para o PSDB (um partido com as ligações mais profundas possíveis com o esquerdismo) a função de encarnar aquilo que passaria ser chamado no Brasil de “direita”.
A bipolaridade política entre o PT e o PSDB configurou com perfeição aquilo que Stálin havia chamado décadas antes de “Estratégia das Tesouras” (resumo breve dessa estratégia, caso o leitor não tenha ouvido falar dela: dois partidos de esquerda devem alcançar a hegemonia política de um país. Ambos com o mesmo objetivo, mas com uma divergência de métodos. Um desses dois partidos deve ter uma pequena abertura para a livre iniciativa. Esse será chamado pelo outro de “direita”. Uma vez isso sendo feito, a “direita da esquerda” passa a ocupar o espaço da “direita”, a qual será, assim, expulsa do espectro político daquele país. Não foi exatamente isso que aconteceu no Brasil?).
E foi nesse cenário preparado com pelo menos 30 anos de antecedência que o Partido dos Trabalhadores alcançou seu auge, com a eleição de Luís Inácio, em 2002. Chegando ao poder, o “Barba” (alcunha da época em que era informante dos militares) passou a executar o estratagema para o qual foi incumbido pela esquerda mundial (sobretudo aquela com sede em Havana): o de salvar o movimento socialista da lata de lixo da História. Sob os aplausos de um povo que tinha sido domesticado durante décadas por professores e meios de comunicação que entoavam discursos esquerdistas ad nauseum, favorecido pela estabilidade econômica alcançada a duras plenas pelo Plano Real (o qual o Partido dos Trabalhadores foi contrário desde o início) e também favorecido por uma queda mundial do preço do dólar (o que foi visto pelos ignorantes em economia como sendo uma valorização da moeda brasileira), o Brahma (alcunha que recebeu, já na qualidade de Presidente da República, dos empresários que faziam as negociatas escusas que agora são investigadas pela operação Lava Jato da Polícia Federal) passou a mandar gordos montantes para ditaduras comunistas africanas, para Cuba, passou a irrigar com gordas verbas estatais (já que os cofres, as reservas e a economia de uma maneira geral estavam organizadas) tanto movimentos ditos sociais (MST, CUT, UNE, etc) quanto todo um aparato midiático montado para fazer apologia do projeto petista.
Tudo parecia estar perfeito para a esquerda brasileira, não fosse um pequeno detalhe. Uma falha no estratagema geral: a despeito de terem alcançado o monopólio da construção de discurso nos meios de comunicação tradicionais e demais polos formadores de opinião, conforme havia sido preconizado por Antonio Gramsci, o projeto de engenharia social que a esquerda estava executando mui habilmente não havia levado em consideração que um novo meio de comunicação estava surgindo: a internet.
Um pequeno adendo nas questões da cibercultura
Graças às chamadas redes sociais, pela primeira vez na História desde Gutemberg, o domínio dos meios de comunicação não mais garantiria o pleno domínio do discurso social. Não cabe no escopo deste artigo enveredar profundamente pelos campos da cibercultura, mas em linhas gerais a questão é a seguinte: até a popularização da Internet, a comunicação de massa era feita de um ponto central irradiando-se para pontos periféricos. Ou seja, estavam claramente definidas as funções de “emissor do discurso público” e “receptor do discurso público”. Entre os primeiros estavam as pessoas que tinham lugares nos meios de comunicação (jornais impressos, televisão, rádio, cinema etc — aquilo que a esquerda chama de “mídia”). Já a “segunda classe” desse sistema linear de comunicação era ocupada por todos que não tinham esse beneplácito, ou seja, todo o bojo dos meros mortais anônimos.
Durante a última década do século passado (os já um quanto distantes “anos 90”), a popularização da Internet (nessa época ainda restrita a pesquisadores, estudantes universitários, “nerds” e aficionados por tecnologia) começou a se quebrar esse paradigma de comunicação de massa unidirecional. Nessa época, os estudiosos da cibercultura — notadamente a dupla Guattari e Deleuze (foto acima), além do também francês Pierry Levy — notaram que o território cibernético se assemelha a um rizoma. Esse é um termo da botânica que designa um formato específico de raiz, no qual os pontos que a compõem estão interconectados. Isso significa dizer que, na comunicação com base na Internet, no que se refere ao discurso público, não estão mais separadas as condições de “receptor” e “emissor”. Cada receptor que passa a integrar a rede é, pelo menos potencialmente, também um emissor de discurso; dependendo exclusivamente de sua capacidade de despertar a atenção dos outros “nódulos” que compõem o rizoma.
Essa revolução no campo da comunicação de massa se aprofundou ainda mais na década seguinte (2001-2011), quando o mundo assistiu ao surgimento das chamadas redes sociais, concomitantemente com a popularização de dispositivos que permitiam o levar a Internet no bolso (os chamados gadgets) e da expansão da infraestrutura necessária para que funcionem (rede 3G). Passando para a próxima década, a que se inicia em 2011, temos a popularização do Facebook e do Twitter no Brasil. A essa altura, quem quer que estivesse munido de telefone celular tornou-se, pelo menos potencialmente, capaz de exercer o papel de formador de opinião. Essas evoluções tecnológicas acabaram por enterrar o mundo no qual os “gate keepers” tinham o monopólio da construção do discurso.
Nesse ambiente, pessoas com pensamentos semelhantes passaram a poder recorrer ao recurso tecnológico para encontrar seus pares, independentemente da distância física. Todos os estudiosos da cibercultura advertiram que o contexto que estava sendo traçado desde a década de 90 era favorável para circulação das informações que eram sonegadas pelo chamado “mainstream”. E foi exatamente isso que aconteceu: as redes sociais e o aparato comunicacional em torno da informática (agora já completamente integrado ao cotidiano da quase totalidade da população) favoreceram, em nosso país, a um fenômeno muito curioso: o quê, no Brasil, era mais suprimido, mais sonegado, mais omitido pelos meios de comunicação de massa tradicionais? A resposta: o verdadeiro debate político, aquele que contrapõe a cosmovisão de esquerda (pautada pela crença de que o Estado não só tem condições, como também o dever de agir para instaurar o paraíso-celeste-na-terra) e a direita (que se coloca na função de desconfiar desse imperativo-categórico pelo qual a esquerda pensa e age). Todo o suporte tecnológico estava favorecendo o debate sobre informações negligenciadas pelo discurso público dominante. Começaram a surgir grupos de debates no Facebook e diversos “vloggers” passaram a manter canais no Youtube nos quais apresentavam uma construção de pensamento totalmente antagônica em relação a mantida pelo sistema de ensino e pelos meios de comunicação de massa tradicionais.
O meio, a mensagem e o “véi”
Em um cenário formatado através de tecnologias recém popularizadas, era de se pressupor que o destaque fosse para algum adolescente que as dominasse e as utilizasse como palco para a fama nacional. O que se passou foi o exato oposto disso. Nascido a 29 de abril de 1947, o já quase septuagenário jornalista Olavo de Carvalho (foto ao lado) tinha em seu currículo não só a autoria de diversos livros (destaque para “O Imbecil Coletivo”), como também passagens por meios de comunicação tais quais a revista “Bravo” e o maior jornal do país, a “Folha de São Paulo”. Sua relevância na qualidade de pensador já estava estabelecida, mas sua fama — em se tratando de um país cuja população foge da letra impressa como o diabo foge da cruz — era mediana, equivalente à de qualquer jornalista que assine artigos na chamada “grande mídia”. Foi só quando Olavo de Carvalho decidiu criar o programa “True Outspeak” que sua popularidade passou a crescer vertiginosamente. Dotado apenas de uma webcam amadora, de qualidade questionável, e da coragem para falar o que ninguém queria ouvir, Olavo passou a lançar na rede de vídeos Youtube, semanalmente, suas análises sobre a política nacional e internacional. A despeito da complexidade dos assuntos que abordava, e da profundidade com a qual o fazia, os programas eram caracterizados pelo uso de linguagem extremamente coloquial, sempre recheadas de tiradas humorísticas. O formato caiu no gosto do “povo”. A cada edição do “TOS”, sem recorrer à anúncios no intervalo da novela das 9, mas calcada apenas na propaganda boca-a-boca que propalava a lucidez ímpar o tom despachado do “véi”, o séquito do jornalista (os chamados “olavetes”) só cresceu até o dia em que ele decidiu descontinuar o programa.
Assim, Olavo funcionou como um “elemento catalizador” acelerou a reação que já se desenhava: a retomada do debate público sobre POLÍTICA. A forma direta na qual Olavo construía seu discurso chamou a atenção sobretudo de jovens, que a essa altura estavam cansados da impostação de voz e da afetação com a qual seus professores narravam a “repressão nos anos de chumbo”, o caráter nefasto dos Estados Unidos se negarem a realizar negócios com uma certa ditadura sanguinolenta que se aplacou sobre determinada ilha caribenha e as glórias míticas do esquerdismo enquanto cosmologia. Os livros e materiais que Olavo indicava entre um impropério e outro passaram a ser lidos por um número considerável de internautas (fato que, por si só, pode constar como argumento para a uma possível futura canonização de Olavo, afinal fazer o brasileiro ler é um milagre mais difícil do que abrir as águas do Mar Vermelho).
A jornada da intelectualidade havia sido transformada pelo mestre em uma aventura divertida e empolgante. Com isso, cada um dos que dela participavam começaram a produzir páginas, blogs e perfis em redes sociais para compartilhar as próprias descobertas e interagir com seus pares dispersos na imensidão do território brasileiro. Cabe aqui citar, além do blog “Meu professor de História mentiu pra mim”, entre tantos outros que haverão de me perdoar a descortesia de não listá-los para que o presente texto não se estenda em demasiado, páginas do Facebook que também foram pioneiras, como “Bolsonaro Zueiro” e “Este é um idiota útil”, o blog “Ceticismo Político”, assinado por Luciano Ayan e o Reaçonaria, do qual um dos autores, Flávio Morgenstern, posteriormente assinaria contrato com a Editora Record e lançaria a obra “Por Trás da Máscara”, na qual expõe as entranhas do movimento Black Bloc e das manifestações de junho de 2013. O fato é que estava sendo constituída, no “underground” da cultura brasileira, à revelia dos “donos do discurso público”, uma massa de pessoas cuja formação intelectual permitia enxergar claramente o mar de mentiras e embustes no qual elas mesmas haviam sido criadas.
Recapitulando: conforme foi explicado, usando as estratégias traçadas por Stálin e por Gramsci, a esquerda brasileira substituiu o debate político por mera disputa de cargos e, quando muito, acusações de corrupção de uma parte à outra, ficando de fora do debate público pautas como “o Estado deve ter poder de passar por cima dos pais na educação dos filhos?”, “o Estado deve ter poder de suprimir o direito que cada cidadão tem de se defender?”, “o Estado deve ter poder para se imiscuir nas negociações econômicas entre seres adultos, livres e vacinados?”; em suma, uma vez suprimida a discussão de qual deve ser o tamanho do Estado, parte-se do pressuposto que o Estado é uma entidade onipotente e, assim, está configurada uma ditadura moderna, que não precisa de tanques nas ruas para garantir o poder, mas apenas controlar o que pode e o que não pode ser pensado (quem leu vai recordar da obra 1984, o escritor inglês George Orwell). Esse debate, porém, foi resgatado graças às redes sociais e com a luxuosa ajuda do jornalista, escritor, ensaísta, filósofo, Olavo de Carvalho, que atuou como catalizador de um fenômeno cultural que um dia espero que seja investigado com profundidade por sociólogos e demais estudiosos das Ciências Humanas.
A esquerda perde o monopólio da construção de narrativas. O choro é livre.
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo…”. Abraham Lincoln
Chegamos finalmente a 2013. A propaganda petista na TV anunciava (ameaçava?) um tal “grande salto” através do qual a elite do Partido dos Trabalhadores pretendia conduzir (empurrar?) o Brasil a uma nova realidade, sem deixar muito claro o que exatamente seria essa mudança e sem explicar de que forma ela se daria. Mas a popularidade da “presidenta” Dilma ainda era alta e o Partido se organizava nos bastidores para promover um “plebiscito constituinte” que lhes permitiria rasgar a Carta Magna e escrever outra ao seu bel prazer. Hordas de militantes (esquerdistas) foram convocadas para demonstrar publicamente a hegemonia que a esquerda havia alcançado no pensamento do povo brasileiro. As ruas foram tomadas pelo povo, mas, para surpresa da esquerda, entre os cartazes com desenhos da foice cruzada com o martelo e entre as camisas vermelhas, imiscuíram-se pessoas que portavam cartazes que diziam “menos Marx mais Mises” e se vestiam de verde-e-amarelo. A esquerda não tinha se dado conta, acreditava estar no domínio total da situação, mas um trabalho havia sito feito, à revelia dos donos do poder, o povo havia sido despertado do sono induzido pelo canto de sereia que era o projeto gramsciano de engenharia social. Um belo dia a esquerda se deu conta de que não estava mais sozinha. O debate político nacional finalmente contava com um contraponto. Reinavam as trevas, mas no meio delas o Logos disse “que haja o dissenso”.
Após entender que não era mais a dona do quarteirão, a esquerda também foi obrigada a aceitar que seu discurso estava naufragando no mundo virtual. A massa que foi induzida pelos bate-papos em redes sociais, agora estava munida de algumas coisinhas que incomodam a esquerda profundamente: dados, fatos e argumentos. Os perfis em redes sociais, tais quais a página oficial do Partido dos Trabalhados, a da deputada Maria do Rosário, do deputado Jean Wyllys, de arremedos de intelectuais tais quais Gregório Duvivier, de subcelebridades que endossam a ditadura petista em troca de alguns tostões que lhes mantenham o padrão de vida que suas carreiras não mais são capazes de manter (tais quais Tico Santa Cruz e Daniela Mercury) passaram a receber objeções e críticas.
O esquerdismo sobrevive da ocultação de evidências
“A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.” João 1:5
No embate político entre esquerda e direita, uma questão se expõe evidente: a esquerda nunca teve a realidade factual a seu lado, tendo ela sempre precisado recorrer a toda sorte de embustes para provar o contrário do que estava evidente à luz clara da razão. A cosmovisão da esquerda é como a feminilidade de um travesti. Um travesti precisa se valer de substâncias que bloquem a produção dos hormônios masculinos, se a injeção dessas substâncias for descontinuada, naturalmente as características sexuais masculinas voltam a aparecer. Assim também é a cosmovisão da esquerda. Para manter a população favorável à agenda da esquerda, a elite política esquerdista precisa bloquear o acesso à informação, aos dados factuais. Não é à toa que em todos os países nos quais a esquerda governa, os meios de comunicação são controlados pelo governo para que as pessoas possas entrar em contato apenas com o que interessa ao regime. Repetindo: não basta apenas ter a supremacia da produção de narrativas. É preciso controlá-la completamente, estabelecer uma hegemonia absoluta, não permitir nenhum acesso a nenhum contraponto, alcançar a completa supressão do dissenso.
A sabedoria popular apregoa que a mentira tem perna curta. A mentira e a verdade são como as trevas e a luz. Não existe absolutamente nada que as trevas possam fazer para prejudicar a luz, mas, ao contrário, a mais tênue réstia de luz é suficiente para neutralizar as trevas. Esse é o motivo pelo qual a esquerda não aceita o debate. O debate pressupõe a justaposição e consequente comparação entre versões antagônicas dos fatos. Se a esquerda permitir aceitar o debate, estará assinando sua sentença de morte. Se a esquerda permitir o acesso ao discurso contrário, se for dada oportunidade de que as pessoas conheçam o que defende a esquerda e o que defende a direita, se ambos os discursos forem comparados à luz da razão, quem os comparar não vai demorar a se dar conta de todos as falácias, maracutaias, malabarismos semânticos e demais tipos de embustes nos quais a esquerda se sustenta.
É assim desde sempre. Karl Marx tinha a tese de que o livre mercado aumentaria a desigualdade econômica, segundo ele os ricos enriqueceriam e os pobres empobreceriam até o patamar da miséria, na qual seriam mantidos pelos detentores dos meios de produção. No afã de comprovar sua tese, recorreu aos dados dos relatórios anuais do Parlamento da Inglaterra, os famosos Blue Books. Ocorre que após estudar esses relatórios, constatou que, ao contrário do que ele estava dizendo, a condição social da classe operária tinha melhorado muito mais do que a dos detentores dos meios de produção, o que na verdade se configurava como uma redução da desigualdade. Como os dados que ele tinha em mãos não corroboravam com a tese o que fez o herói da esquerda? Ele fez o que a esquerda faz desde então: ele falsificou dados. Inventou dados da cabeça dele, em conformidade com a tese que queria provar e os publicou no compêndio de lorotas que leva o nome de “O Capital” (vide “Marx as Politician”, de David, F. Felix).
Karl Marx simplesmente esperou que ninguém conferisse os números, que a palavra dele fosse tomada como verdade apriorística e o engodo sobreviveria. Mais exemplos podem ser citados. Quem nunca escutou falar da sanguinolência do regime militar brasileiro? Das atrocidades cometidas por milhares, talvez milhões, de jovens estudantes inocentes que lutavam por mais igualdade? Pois bem, com o fortalecimento do debate político causado pelas redes sociais, toda essa lorota que os professores esquerdistas repetem diariamente em milhões de salas de aula Brasil afora vai por água abaixo. Em 25 anos de regime militar, morreram, segundo dados levantados pela Comissão da Verdade (percebam que estou usando propositalmente a fonte que tem todo interesse que esses números sejam o maior possível. A esquerda solta fogos e dá pulinhos de alegria cada vez que uma morte e/ou desaparecimento é acrescida a essa soma) 434 pessoas (incluídos aí os 210 desaparecidos). Vamos comparar esses números com os da ditadura cubana, que era o modelo o qual os terroristas brasileiros queriam impor à força? Somente nos dois primeiros anos da revolução foram 90.000 mortes. É um número 207 vezes maior, sendo que a população cubana na época era ¼ da brasileira. Fazendo uma conta rápida, chegamos à conclusão que a esquerda alega que pedir a volta do regime militar no Brasil é incorrer em “discurso de ódio”, no momento mesmo em que endossa a ditadura militar cubana que foi pelo menos 800 vezes mais letal do que a “ditadura” brasileira. Há ainda mais duas questões a serem consideradas a respeito dessa comparação: 01) os militares brasileiros alvejaram majoritariamente terroristas que morreram com armas nas mãos, trocando tiros com soldados. Pode haver um ou outro caso de um inocente que tenha morrido sem culpa no cartório, mas são as exceções. Em Cuba a situação foi exatamente a contrária: a quase totalidade dos mostos era da população civil inocente, os poucos não-civis que foram mortos foram os ex-companheiros mortos em disputas por poder internas da revolução. Aliás, é bom frisar que se pegarmos apenas os cubanos que morreram em disputas internas, esse número já ultrapassa de longe os 434 mortos do regime militar brasileiro, o que prova que ninguém mata mais comunista do que os próprios comunistas. 02) entre esses 90.000 cubanos mortos estão apenas aqueles que morreram para que fosse instalado o regime (aquilo que os comunistas chamam de “expurgos”) para contabilizar a real letalidade da ditadura cubana precisaríamos colocar na conta os que morreram (e ainda morrem) por causa da inabilidade da economia planificada em produzir alimentos, agasalhos, abrigo e remédio para a população e os mortos que morreram tentando escapar do paraíso-terrestre igualitário, tendo sido afogados ou comidos por tubarões no caminho para Miami.
Os dados relativos à fraude de Karl Marx e os que estabelecem uma comparação entre a ditadura militar brasileira e a ditadura comunista cubana não serão encontrados em nenhum livro da bibliografia do méqui (maneira jocosa como a sigla do Ministério da Educação, MEC, era grafada no blog “Meu professor de História mentiu pra mim”), nem aparecerão em nenhuma matéria da mídia mainstream (aboletada até a tampa de esquerdistas), mas quem quer que frequente um grupo sério de debate político no Facebook sabe que o caso de Marx foi abordado no livro “Marx as politician”, de David, F. Felix (quem não tiver acesso ao livro e se contentar com um mero artigo, sugiro o “8 Facts Communists Hide About Marx”) e os números relativos à revolução cubana estão presentes na obra “Livro Negro da Revolução Cubana”, do economista Armando M. Lago, presidente da Câmara Ibero-Americana de Comércio e consultor do Stanford Research Institute, que fez um profundo recenseamento das vítimas da ditadura castrista durante décadas e publicou o resultado de seus estudos em 2004 (outras fontes confiáveis o blog da jornalista Graça Salgueiro, que há anos também se dedica a um trabalho semelhante [notalatina.blogspot.com] e o sítio “Net for Cuba” [www.netforcuba.org ]. Gostaria de citar também o artigo “Chile X Cuba – Comparando as Ditaduras”, publicado no blog do jornalista Roberto Barricelli, o qual compara números da ditadura de Fidel Castro com a ditadura de Pinochet).
Entra em cena o “hate speach”
“Toda a propaganda de guerra, toda a gritaria, as mentiras e o ódio, vêm invariavelmente das pessoas que não estão lutando.” George Orwell
Assustada com a perda da hegemonia da construção de narrativas, sentindo-se acuada com as objeções que passaram a questionar seu discurso, e sabendo que se entrasse em um embate com os opositores ela perderia, a esquerda hoje trabalha para neutralizar o que ela chama de “recrudescimento do conservadorismo”, mas que na verdade nada mais é do que o fenômeno do povo se libertando dos grilhões aos quais a esquerda lhe manteve sob o jugo durante décadas. E qual a melhor maneira de realizar essa neutralização? Simples: é preciso fazer aqueles que ainda estão sob efeito do transe que antipatizem os que já se libertaram. Assim, a esquerda passou a associar a pecha de “discurso de ódio” a qualquer crítica que se realize contra ela. Esse é o motivo pelo qual essa expressão “discurso de ódio” entrou em moda de repente na mídia mainstream e na fala dos luminares da esquerda. Para onde quer que se olhe, lá estará um esquerdista se dizendo “vítima de discurso de ódio” ou, quando não é possível vitimizar a si mesmo, afirmando que “o recrudescimento do conservadorismo burguês frente às conquistas do partido dos trabalhadores para os mais necessitados está despertando nessa mesma burguesia o discurso de ódio em relação aos agentes desse avanço popular”.
Não raro, a auto vitimização vem da parte de pessoas para as quais fica extremamente feio a autoproclamação de discurso de ódio. É o caso, por exemplo, de Tico Santa Cruz (foto ao lado), vocalista de uma banda de roque adolescente, que passou a aproveitar a popularidade que tem entre o público pré-púbere para fazer apologia das ideias de esquerda, do regime petista e — por que não? — aproveitar para embolsar uns trocados oriundos da Lei Rouanet. Há anos o senhor T.S.C. mantém um perfil no Facebook no qual ele expõe todo o arcabouço intelectual que ele não tem em colocações as mais esdrúxulas e descabidas possíveis sobre a situação e sobre acontecimentos políticos do cotidiano do país. Quando entre os comentários passaram a surgir questionamentos e refutações à fala dele, passou a fazer postagens em texto e em vídeo se dizendo vítima desse tal “discurso de ódio oriundo da extrema direita enraivecida em ter que sentar ao lado de pobre no avião e bla-bla-blá”. Ocorre que o moço em questão possui em seu currículo um episódio no qual, durante um show, por causa de algum problema técnico no equipamento de som, ele passa a ameaçar de morte o técnico de som responsável pelo equipamento, dizendo que daria uma ordem para que a multidão o linchasse. Em outro episódio, ele discute com um fã (ele em cima, o fã embaixo do palco) e passa a dirigir impropérios e cusparadas ao desafeto, ignorando a covardia que é xingar alguém na situação na qual ele é uma figura pública relativamente conhecida, está em cima de um palco, com um microfone na mão e a outra parte é um mero alguém na multidão. Ambos os episódios foram registrados em vídeo por terceiros e podem ser facilmente encontrados no Youtube, mas a facilidade com que a hipocrisia do cidadão pode ser desmontada não é maior do que a pachorra dele para se vitimizar no afã de colher louros políticos.
Outro episódio tragicômico recente foi quando a página do MST fez postagens dizendo que o tal Movimento dos Trabalhadores-que-nunca-trabalharam Sem Terra estava sendo vítima de discurso de ódio. Sim! O mesmo MST que ainda esse ano invadiu um laboratório de pesquisas genéticas e destruiu o fruto de longos 15 anos de uma equipe de pesquisadores, o mesmo MST que tem por praxe invadir fazendas, destruir benfeitorias, ameaçar cidadãos pacíficos com facões e enxadas. Esses anjinhos indefesos sentem-se no direito de embarcar no oba-oba do “discurso de ódio” e posar de vítimas, virando as costas para um vasto currículo público e notório de uma sequência infinita de crimes os mais atrozes. Mas nenhum episódio foi mais sui generis do que o programa televisivo do governo no qual a presidente Dilma alega que “o Brasil está assistindo um clima de crescimento de preconceitos e intolerâncias”, aproveitando para expressar “repúdio a toda forma de ódio contra quem quer ou o que quer que seja” e lembrando que “uma sociedade que se pretende civilizada deve aprender a conviver com as diferenças e tolerar as divergências culturais e de pensamento”. Sim! A mesma Dilma que na década de 60 integrou grupos terroristas cujas ações vitimaram centenas de inocentes.
Conclusão
Após décadas de hegemonia da construção do discurso, a esquerda perdeu essa condição por não ter levado em consideração a internet. Agora, diante do novo cenário no qual não mais reina sozinha, a esquerda aponta para as vozes dissonantes e acusa “discurso de ódio!” com o objetivo de tentar desqualificar as críticas com as quais passou anos sem precisar lidar. Não! O Brasil não está vivendo nenhum surto de discurso de ódio, mas o que acontece é exatamente o contrário. Há em curso no Brasil um surto de lucidez, uma força motriz reestabelecendo a situação normal de qualquer democracia: o debate — sem o qual não é possível comparar ideias. No momento em que vivemos, é importante repetir sempre: é uma obrigação moral que se aplaca sobre qualquer pessoa que se considere minimamente instruída que, diante de uma alegação de “discurso de ódio” seja capaz de se desviar das reações condicionadas às quais tentam induzir as “palavras-gatilho” e busque identificar quanto de “ódio” realmente há na mensagem que está sendo acusada e em que medida trata-se apenas de uma falsa imputação cujo objetivo é o estelionato intelectual que visa retornar à condição de não debate, retornar à mesma situação de “pensamento” monolítico, do qual saímos à duras penas.
O escopo da conversa do dia 23 de outubro contempla a análise juntos algumas mensagens que foram acusadas de serem manifestações de discurso de ódio, para treinarmos nossa capacidade de julgamento nessas situações.
Pérsio Menezes, jornalista, é editor do blog “Meu professor de História mentiu pra mim”. O artigo foi transcrito do blog.