Marco Aurélio Vigário, do “Pop” (sexta-feira, 14), entrevistou muito bem Jorge Forbes. O psicanalista e psiquiatra diz que a psicanálise, depois de se atrasar, está tentando entender o novo mundo. Ao se fixar na heterodoxia freudiana, insistindo na tríade pai forte na família, chefe forte na empresa e um sentimento forte de pátria na sociedade civil — a ideia central do complexo de Édipo —, não percebeu, ao menos não de imediato, a vigência de um mundo novo, com “um pai relativizado, um chefe provisório e um mercado comum no lugar onde havia o sentimento de pátria”.

Hoje, frisa Jorge Forbes, a pessoa vai à análise “para saber de que maneira pode inventar um futuro. É muito mais uma análise para saber se a pessoa aguenta a consequência de suas escolhas do que a revelação de histórias escondidas. É uma mudança de 180 graus”.

Jorge Forbes diz que o momento é rico e afirma que a psicanálise “tem de fazer com que” as pessoas “vivam o seu tempo. E o tempo de hoje é interessantíssimo. É o tempo de um novo humanismo, um tempo em que a marca do homem é superior à marca da técnica”.

Adeus a Freud? Não, pois os clássicos não morrem, são eternamente inspiradores. Trata-se de um avanço, um reconhecimento de que os tempos e os homens mudam.