O principal jogador do time do Vila Nova é sua esfuziante torcida. Ela decide partidas
03 novembro 2015 às 11h15
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Ao contrário da torcida do Goiás, que é light e quase glacial, a do Vila Nova é dionisíaca
O que o Vila Nova tem de melhor não é o time. É a torcida, seu 12º jogador — o 13º é, às vezes, o técnico. Nos jogos dos reds do Cerrado há duas batalhas: uma em campo e outra fora. O mais animado é, em geral, o da arquibancada e, mesmo, o das cadeiras (até o torcedor das cadeiras é animado).
Não há time em Goiás que tenha uma torcida tão aguerrida e vibrante quanto o Vila Nova. Costuma-se dizer que o vilanovense tem prazer com vitórias e derrotas. O que importa é torcer. Mesmo sofrendo com campanhas ruins, não abandona os estádios e defende seu objeto de desejo não raro com certa fúria e, digamos, volúpia.
Por que a torcida do Vila Nova é tão diferente, esfuziante, dionisíaca e fiel? Sociólogos, antropólogos e especialistas em futebol, como Elder Dias, Marcelo Heleno, Marco Lemos, Iúri Rincón, Fagner Pinho e Hélio Torres, por certo terão condições de, algum dia, apresentar ideias elaboradas a respeito.
Em termos de torcida, o Vila Nova é o jogo narrado pelo rádio, com sua emoção à flor da pele; o Goiás, com sua contenção light, é o jogo narrado pela televisão, sensaborão.
O Goiás está mal e, por isso, sua torcida — sempre uma meia-torcida, exceto o professor Arnaldo Bastos, o jornalista Elder Dias e mais alguns, que não perdem um jogo — não comparece em peso no Serra Dourada. No domingo, na vitória de 2 a 1 contra o Internacional, compareceram 6.420 torcedores (parte, ainda que menor, do Inter de Porto Alegre), com renda de R$ 61.330,00. É muito pouco para um jogo da Série A do Brasileirão.
Na vitória do Vila Nova sobre o Brasil de Pelotas, um time de segunda linha do Rio Grande do Sul — nos pênaltis —, 25.500 pessoas compareceram ao estádio (pouquíssimos do time gaúcho), com renda de R$ 207.500,00 (mais do que o triplo do faturamento do jogo do Goiás).
O Vila Nova pode ser campão da série C — vai jogar duas partidas contra o Londrina, do Paraná — e vai disputar o Campeonato Brasileiro da Série B em 2016. Não é pouco. Mas sua torcida já é campeã incontestável.