Morre o diretor português Manoel de Oliveira, de 106 anos. Ele filmou parte de poema de Camões
02 abril 2015 às 12h43
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O cineasta português Manoel de Oliveira morreu na quinta-feira, 2, aos 106 anos, na cidade do Porto, em Portugal. Era o mais longevo diretor da história da chamada sétima arte.
Manoel de Oliveira era cineasta desde 1927 e, mesmo com 106 anos e doente, continuava interessado em filmar e articulando novos projetos. Era um dínamo.
Sua estreia como diretor se deu com o documentário “O Pintor e a Cidade”. Ele tinha 23 anos.
Com 32 longas-metragens no currículo, Manoel de Oliveira era o mais respeitado diretor de cinema de Portugal e dos mais importantes da Europa. Era uma referência em termos de quantidade e, sobretudo, de qualidade cinematográfica. Ele tinha um grande conhecimento literário e, por isso, adaptava muito bem filmes baseados em textos de escritores. “O Velho do Restelo”, seu último filme, de 2014, é baseado no poema “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, o mais importante poeta português, ao lado de Fernando Pessoa.
Entrevistado pelo jornal português “Diário de Notícias”, o cineasta disse que a morte não o amedrontada. “Do sofrimento, sim, a morte não”, frisou Manoel de Oliveira, sugerindo que não tinha medo da morte. “E agora, pensando melhor, realmente, quando se morre, solta-se o espírito. O espírito é como o ar que sai. E o espírito sai e junta-se. Ao sair, perde a personalidade, onde está o bem e todo o mal, liberta-se desse bem e mal e junta-se ao absoluto, que é a configuração do espírito, o absoluto. É Deus”, acrescentou.
Uma das características de Manoel de Oliveira era sua capacidade de produzir, e com qualidade. Em 1985, pelo filme “O Sapato de Cetim”, ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza. Em Cannes, com o filme “A Carta”, levou o prêmio do júri.
Manoel de Oliveira, um artista múltiplo, trabalhou como ator nos filmes “Fátima Milagrosa”, “A Canção de Lisboa”, “Conversa Acabada”, “Cinématon #102” e “Lisbon Story” (de Wim Wenders).
Alguns filmes de Manoel de Oliveira
“Aniki Bóbó”(1942). A obra-prima do cineasta é baseada no congtro “Os Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas (1908 -1976).
“Benilde ou A Virgem Mãe” (1975). Baseado numa peça de teatro de teatro de José Régio.
“Non, ou a Vã Glória de Mandar” (1990). É um filme épico.
“Vale Abraão” (1993). É tido como um de seus filmes delicados e belos.
“O Convento” (1995). As estrelas são Com Catherine Deneuve e John Malkovich. Inspirado (sem rigidez) em “Fausto”, de Goethe.
“Um Filme Falado” (2003). Catherine Deneuve e John Malkovich são os protagonistas.
“Belle Toujours” (2006). Baseado em “A Bela da Tarde”, de Luis Buñuel.
“Singularidades de uma Rapariga Loura” (2009). Baseado num conto de Eça de Queiroz.
“O Estranho Caso de Angélica” (2010).
“O Velho do Restelo” (2014). Baseado em Camões.