O apresentador da Band Ricardo Eugênio Boechat morreu em 2019, num acidente de helicóptero, aos 66 anos. Agora, em 2023, há desdobramentos da história, a partir de uma decisão judicial. (Uma curiosidade: o jornalista nasceu em Buenos Aires.)

Convidado a dar uma palestra pela indústria farmacêutica Libbs Farmacêutica, no Hotel Royal Palm Plaza, na cidade de Campinas, Ricardo Boechat voltava para São Paulo quando o helicóptero caiu em cima de uma carreta, na Rodovia Anhanguera. O jornalista e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram.

Paula e Rafael Boechat: filhos de Ricardo Boechat | Foto: Reprodução

Os filhos de Ricardo Boechat — Paula e Rafael Boechat — acionaram judicialmente a Libbs Farmacêutica, alegando que a empresa não cumpriu “a obrigação contratual de garantir transporte seguro do jornalista” (o trecho entre aspas é do Portal dos Jornalistas).

A ação deixa evidente que a empresa responsável pelo helicóptero “não tinha autorização da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] para realizar transporte de passageiros”.

Alcebíades Athayde Junior é presidente da Libbs Farmacêutica | Foto: Libbs

Os advogados da família Boechat sustentam que “a queda do helicóptero foi causada por uma combinação de fatores: contratação de empresa e aeronave não autorizadas ao transporte de passageiros; falhas de manutenção do helicóptero; erros de avaliação por parte do condutor. Todos esses fatos somados foram causas determinantes da morte de Ricardo Boechat”.

No lugar de assumir sua responsabilidade, ao menos alguma responsabilidade, a Libbs Farmacêutica contestou a tese dos advogados dos filhos de Ricardo Boechat. A empresa alega que não teve a ver com o transporte do jornalista e que nem mesmo contratou a operadora do helicóptero. Na sua versão, a organização do evento foi de responsabilidade exclusiva da empresa Zum Brasil.

Numa percepção precisa do que ocorreu, o juiz Dimitrios Zarvos Varellis rejeitou a argumentação da Libbs Farmacêutica. O magistrado sublinhou que, “a partir do momento em que assumiu a responsabilidade pelo transporte do jornalista, a empresa tinha a obrigação de se certificar de melhor escolha possível da transportadora, o que não ocorreu” (o trecho entre aspas é do Portal dos Jornalistas). Em sua decisão, o juiz assinalou: “A empresa é uma gigante da área farmacêutica nacional, e, portanto, tinha totais condições de acompanhar mais de perto o processo de contratação da transportadora”.

Libbs Farmacêutica: uma empresa conceituada no mercado | Foto: Libbs

Se a Libbs Farmacêutica não tivesse solicitado a palestra de Ricardo Boechat, o acidente não teria acontecido e o jornalista estaria vivo. Então, não há como excluir a responsabilidade da fabricante de medicamentos (a oitava maior do país).

A Libbs Farmacêutica pode, se quiser, recorrer da decisão judicial que exige que pague 1,2 milhão de reais aos dois filhos de Ricardo Boechat. De acordo com a Wikipédia, a empresa (conceituada no mercado) faturou — em 2018 — 1,5 bilhão de reais. Ela é presidida por Alcebíades Athayde Junior.