Fenaj clama por vacina para jornalistas. 169 profissionais morreram devido à Covid

06 maio 2021 às 11h18

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Os jornalistas estão na linha de frente da cobertura fatos, como o combate à pandemia, mas não foram incluídos no Plano Nacional de Imunização

Entre abril de 2020 e março de 2021, morreram 169 jornalistas brasileiros em decorrência de complicações derivadas da Covid-19. O levantamento é Federação Nacional dos Jornalistas. “O Brasil é o país com mais jornalistas vítimas de Covid-19 no mundo”, informa a Fenaj. São baixas de uma guerra muito estranha, diria um escritor.
Algumas empresas adotaram o critério de home-office para jornalistas com mais de 60 anos ou com comorbidades. Mas o grosso dos profissionais está na linha de frente, participando de coberturas em todo o país e, mesmo com o uso de máscara, correndo o risco de se contaminar e, inclusive, morrer. Mesmo mantendo contado com várias pessoas, inclusive negacionistas — que às vezes não usam máscara —, os jornalistas não figuram entre as categorias prioritárias para vacinação.

A Fenaj “busca apoio” para que jornalistas — os que atuam na linha de frente da cobertura — sejam incluídos “entre os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) de combate ao coronavírus”.

Com o objetivo de sensibilizar o Ministério da Saúde, a Fenaj e sindicatos de todo o país lançaram na terça-feira, 4, a campanha “Essencial é a informação!”. Segundo nota da Fenaj, “por meio de uma mobilização virtual nas redes sociais, as entidades vão buscar o apoio da categoria e da sociedade à reivindicação apresentada ao Ministério. Essa mesma mobilização poderá ajudar também na aprovação, no Congresso Nacional, de projetos de lei que tratam do PNI, para a categoria seja incluída”.

A Fenaj trabalha em duas frentes. Primeiro, “a apresentação de uma emenda ao PL da vacinação, quando a proposta chegar ao Senado, após aprovação na Câmara”; e segundo, “o apoio ao projeto de lei 1317/2021, do deputado Dagoberto Nogueira (PDT), que trata exclusivamente da vacinação dos profissionais jornalistas”. A direção do órgão de defesa dos jornalistas afirma que “a Fenaj tentou, sem sucesso, emendar o PL 1011/20 que prevê a inclusão de 16 categorias no PNI. Entretanto, ele pode ser emendado em sua tramitação no Senado. Além disso, o deputado Dagoberto Nogueira imediatamente apresentou o outro projeto de lei para contemplar a reivindicação da categoria”.

A Fenaj sublinha que, “desde o primeiro decreto sobre a pandemia (decreto 10.288, de 22 de março de 2020), a atividade jornalística é considerada serviço essencial, e que profissionais jornalistas estão expostos diariamente aos vírus, e que ainda que haja a recomendação que todas as atividades possíveis devam ser realizadas em teletrabalho, para a produção de notícias em telejornalismo, fotojornalismo e radiojornalismo é necessária a exposição desses profissionais de imprensa ao risco”.

A Fenaj e 31 sindicatos de jornalistas “tentaram a inserção dos jornalistas nos planos regionais de vacinação, com o envio de ofício às secretárias municipais e estaduais de Saúde, assim como às prefeituras e governos do Estado. A maioria dos pedidos foi negada, sob alegação de que as diretrizes são definidas pelo Ministério da Saúde, através do Plano Nacional de Imunização (PNI). Mesmo assim, em muitos Estados da Federação, a solicitação para a vacinação dos profissionais jornalistas avança nas assembleias legislativas”.

A Fenaj é presidida pela jornalista Maria José Braga, um dos mais qualificadas profissionais do país.