Cia das Letras lança em outubro biografia de Oswald de Andrade escrita por Lira Neto
07 abril 2024 às 00h01
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Lira Neto é um dos mais qualificados biógrafos patropis. Ele vasculhou a vida do presidente Castello Branco, da cantora Maysa e do presidente Getúlio Vargas. As biografias são excepcionais por dois motivos. Primeiro, pela pesquisa rigorosa, com a divulgação de fatos novos a respeito de pessoas muito conhecidas (Castello Branco talvez seja menos devassado). Segundo, pela escrita fluente, próxima da literária.
Espera-se, de sua lavra, os novos volumes sobre o samba — torcendo para que a editora Companhia das Letras e o autor mantenham o projeto — e a biografia de Luiz Gonzaga, quem sabe o artista do povão mais popular do país.
Oswald era tão 350 quanto Mário de Andrade
O próprio Lira Neto, no X, anunciou que, daqui a poucos meses, em outubro, sairá a biografia de Oswald de Andrade com a chancela da Companhia das Letras.
Oswald de Andrade já foi biografado, é certo. Mas os leitores certamente julgarão como bem-vinda uma pesquisa menos acadêmica (os acadêmicos se apropriaram do poeta, prosador e agitador cultural) sobre um dos reis da Semana de Arte Moderna.
Fica-se com a impressão de que a figura imponente e revolucionária de Oswald de Andrade, bon vivant de família rica, se sobrepõe à do bardo e prosador. Sem deixar o lado mundano do criador — que é mesmo interessante — é preciso, por assim dizer, devolver Oswald de Andrade à literatura. Retiradas as camadas de folclore, se isto é possível, talvez ressurja o grande escritor que é — talvez não tão gigante quanto querem os concretistas, mas, ainda assim, imenso.