Biografia revela que Otávio Lage não fechou Assembleia e que foi uma espécie de JK de Goiás
18 abril 2015 às 11h06
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“Otávio Lage — Empreendedor, Político, Inovador” (Editora Naves, 351 páginas), de Jales Naves, será lançado na quinta-feira, 23, às 19h, no Salão Dona Gercina Borges Teixeira, do Palácio das Esmeraldas, em Goiânia.
O livro do jornalista, que abre uma porta para novos estudos, específicos e gerais, resulta de uma pesquisa séria e desfaz mitos. Por exemplo: quando governador, o engenheiro Otávio Lage não fechou a Assembleia Legislativa (a informação equivocada deriva de um livro dos professores Itami Campos e Arédio Duarte e tem sido repetida por jornalistas). A “arte” deve ser atribuída aos militares.
Disseram a Jales Naves que Otávio Lage havia perseguido o desembargador aposentado Jalles Ferreira da Costa e o ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião de Oliveira Castro Filho quando começavam sua vida profissional. Os dois disseram ao pesquisador que jamais foram perseguidos pelo governador.
Outros, mais desinformados, chegaram a dizer que Otávio foi nomeado pelos militares, quando, na verdade, foi eleito pelo voto dos eleitores.
Jales Naves prova que, acima de tudo, Otávio Lage era um modernizador que entendeu bem seu tempo e, por isso, pôde modificá-lo — melhorando a vida dos goianos. Era, como nota o biógrafo, um estadista. Se fosse mais ideológico, no sentir de construir não apenas as obras, mas também uma explicação detida sobre o que fez, figuraria com mais peso na história goiana.
Aliados, até bem intencionados, diziam a Otávio Lage que era preciso construir obras faraônicas, para que fosse lembrado, mas o governador dizia que fundamental mesmo era investir em educação, energia (construiu a segunda etapa de Cachoeira Dourada) e transporte. Ao assumir o governo, em 1966, Goiânia tinha apenas três escolas públicas de ensino médio. Ele construiu dez. Goiás tinha 243 km de rodovias estaduais asfaltadas. O governador da UDN-Arena pavimentou 460 km e “triplicou a capacidade de geração de energia elétrica”.
O livro, muito bem escrito, parece, por ter sido encomendado pela família de Otávio Lage, uma hagiografia. Acredite: não é. Jales, se quiser, pode aprofundar a pesquisa e apresentá-la como dissertação de mestrado em alguma universidade. Um único senão, se posso dizer assim num país carente de exemplos positivos: Otávio Lage não deve ser tratado como herói, e sim como um modernizador, um visionário, na linhagem, quem sabe, de homens como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
A ditadura “morreu” há 30 anos. Portanto, os políticos que a apoiaram — mas não aquilo que eram excrescências —, como Otávio Lage, Leonino Caiado, Irapuan Costa Junior, precisam ser avaliados com base na justiça histórica, e não nas ideologias.