Biografia de Golbery do Couto e Silva vai sair com o título de “O Merlin do Planalto”
31 agosto 2024 às 19h00
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A melhor biografia — vá lá: micro-biografia — do general Golbery do Couto e Silva pode ser lida no livro “A Ditadura Derrotada — O Sacerdote e o Feiticeiro” (Intrínseca, 548 páginas), do jornalista e pesquisador Elio Gaspari.
O sacerdote é o presidente Ernesto Geisel. O feiticeiro é Golbery do Couto e Silva, o ministro-chefe da Casa Civil. O general foi uma espécie de eminência parda dos governos dos presidentes Castello Branco, Ernesto Geisel e, até 1981, João Figueiredo.
Golbery do Couto e Silva, um leitor extraordinário, pensou a Abertura de modo que os militares saíssem do poder sem grandes traumas. Foi muito atacado pela linha dura, mas a distensão e a Abertura que formulou acabaram por salvar a “pele” de muitos militares reacionários e adeptos da tortura e dos assassinatos de presos políticos.
Ernesto Geisel, que era inteligente e não um cabeça dura, encampou as ideias de Golbery do Couto e Silva. Os dois se davam bem.
Biografias e, até, hagiografias são úteis para o amplo entendimento de como um indivíduo por contribuir para mudar o curso da história de uma sociedade, quer dizer, de todos os indivíduos. Mesmo hagiografias podem colaborar para a ampliação do conhecimento de uma pessoa e do período em que viveu.
Filhos e netos podem escrever biografias exaustivas e sinceras sobre os parentes? O filho de Giangiacomo Feltrinelli escreveu um livro muito bom sobre o pai (que, por sinal, deu dinheiro para o guerrilheiro Carlos Marighella, do Brasil). No geral, porém, a louvação — o endeusamento — mais atrapalha do que permite a compreensão do personagem descrito.
Histórias exclusivas sobre o bruxo de Brasília
O cientista político Golbery do Couto Neto, de 54 anos, está escrevendo a biografia do avô, Golbery do Couto e Silva, revela a repórter Fernanda Pontes, na coluna de Ancelmo Gois, de “O Globo”. O título será “O Merlin do Planalto”.
“O título é uma referência às menções que a imprensa fazia ao se referir ao meu avô na época dos governos militares”, disse Golbery Neto ao “Globo”. “Na biografia vou contar histórias inéditas que eu tinha com meu avô, antes de sua morte, em 1987, além de sua trajetória política”, frisa.
Golbery Neto conta que está tentando colher um depoimento do presidente Lula da Silva a respeito do artífice intelectual da Abertura. O militar e o civil não se davam mal, tudo indica.