União e Reconstrução: uma promessa derrubada pelo Congresso

31 maio 2024 às 16h26

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A reeleição do presidente Lula trouxe uma promessa que ressoou profundamente entre os seus eleitores e que virou o mote publicitário do governo: Brasil, união e reconstrução. Entretanto, sobra ódio destilado de ambas as partes nas redes sociais. Inclusive, casos de famílias que se dividiram por discussões políticas.
O que acaba removido do campo de visão da população pela polarização é que ambas as partes defendem o que acham melhor para o futuro. Apesar das divergências, o objetivo deveria ser um debate para construir melhores possibilidades para o Brasil. Mesmo assim, o que vemos hoje passou para algo mais pessoal, como fãclubes alucinados como torcidas de futebol.
Claro, é preciso destacar que em um país como o Brasil, muitas pessoas não tem o conhecimento necessário para essas distinções. Sequer sabem que algumas “opiniões” e “manifestações” são crimes. Por isso, em um cenário de polarização política e desafios econômicos, a mensagem de Lula e Alckmin trabalhando juntos pela reconstrução construiu uma expectativa.
Seus eleitores sonham que serão capazes de pavimentar o caminho para um governo focado em restaurar a confiança nas instituições e promover um desenvolvimento inclusivo. Mas, com quase um ano e meio de governo, o que acontece é uma série de derrotas no Congresso Nacional.
Congresso Nacional
Esse cenário ganha destaque em dois casos: a proibição das “saídinhas” e a tipificação de crimes contra o Estado Democrático de Direito. A segunda derrota, no caso, demonstra como os aliados do ex-presidente Bolsonaro continuam com maioria no Congresso. E a votação foi expressiva, com 317 votos pela manutenção do veto do ex-presidente, 4 abstenções e 139 votos contrários.
Foi vetada a alteração no crime de “comunicação enganosa em massa”, ou seja, a multa foi removida para quem “promover ou financiar, pessoalmente ou por interposta pessoa, mediante uso de expediente não fornecido diretamente pelo provedor de aplicação de mensagem privada, campanha ou iniciativa para disseminar fatos que sabe inverídicos, e que sejam capazes de comprometer a higidez do processo eleitoral”.
A base governista tem números desfavoráveis na Câmara e no Senado, por isso Lula buscou formar uma base de apoio ampla. Ele optou por compartilhar os ministérios com partidos de centro e direita, como União Brasil, PSD e MDB. Cada uma dessas legendas tinha três ministros atuando na Esplanada. Em seguida, o presidente abriu espaço também para o PP e para o Republicanos.
O histórico de votações do Congresso Nacional demonstra a fragilidade da sustentação de Lula, pois com esses mesmos números seria possível votar por um impeachment, por exemplo. No caso da votação das saídinhas, destaca-se também as “traições” dos partidos que ocupam a esplanada. Principalmente o União Brasil, onde 58 deputados votaram pela derrubada do veto presidencial, apenas a ex-ministra do Turismo, Daniela Carneiro (RJ) apoiou Lula.
E as críticas, fundamentadas ou não, da oposição são constantes e ferrenhas. Inclusive, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) , após a votação em relação às “saidinhas” recebeu amplo destaque. Ele afirmou que porque o Governo Federal “planta ódio”, iria seguir “levando derrotas”. Entre acusações clássicas dos conservadores, o senador também disse que o Governo Federal “planta vingança e irresponsábilidade”, e quer destruir “vida, valores e princípios do povo brasileiro”.
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