Programas sociais eleitoreiros são agravantes
02 agosto 2014 às 11h49
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Observe o leitor que só falamos até aqui da Petrobrás, embora o setor elétrico, cuja administração foi entregue ao PMDB, isto é, a Sarney, Renan, Jader Barbalho, Romero Jucá e outros, também movimente recursos bilionários. Os ativos do setor petrolífero chegam a 520 bilhões de reais, e os do setor elétrico, a 150 bilhões de reais. Cinco por cento desses ativos (um montante modesto, para a voracidade dos aproveitadores), daria algo como 35 bilhões de reais. Valor modesto, repetimos, pois só em Pasadena, o TCU aponta 1,5 bilhão de reais e em Abreu e Lima, suspeita-se de 30 bilhões desviados. Mas deixemos barato: fique a terceira parcela em 35 bilhões.
A quarta parcela não é menos difícil de ser avaliada, estimada, ou, seja “chutada”, pelos esforçados avaliadores de desvios, nós inclusive. Mas para não deixar tarefa incompleta, sigamos em frente. As empresas financeiras do governo federal (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste, além de outras menores) movimentam um ativo de 2 trilhões de reais. Se a cifra é astronômica, aqui existem regras mais rígidas, e a fiscalização do Banco Central. O que significa que o roubo é mais difícil.
Por outro lado, quando ele ocorre, pode também ser astronômico. Se puxarmos pela memória, vem muita coisa. Muitas empresas “escolhidas” pelo governo Lula para serem exemplos empresariais acabaram explodindo no colo do BNDES, como as do Grupo X, de Eike Batista, e a Marfrig. A Caixa Econômica embarcou no Banco Panamericano, de Silvio Santos (só aqui foram 4 bilhões de reais desviados).
No mensalão, um dos canais de desvio passava pelo subterrâneo do Banco do Brasil, via Visanet, administrado pelo finório petista Henrique Pizzolato, hoje descansando numa prisão italiana. E outro tipo de desvio surge aqui, inteiramente de responsabilidade da cúpula do governo federal: financiamentos ditos sociais, na sua origem, mais que permitem, até sugerem o não cumprimento das obrigações, eleitoreiros que são. O Minha Casa, Minha Vida é o exemplo acabado, principalmente nas moradias mais baratas. O que deveria seguir o padrão de inadimplência normal do mercado (inferior a 2%) não o é: neste segmento de habitações quase totalmente subsidiadas, o calote está acima de 20% como demonstrou a revista “Veja” em setembro de 2013. Só esse montante, de difícil recuperação, chega aos 14 bilhões de reais.
Se, também aqui modestamente, levarmos em conta apenas o que surgiu nos escândalos, teremos uma quarta parcela de mais de 20 bilhões de reais. Mas fiquemos por aí. A soma das quatro parcelas que nos propusemos a muito grosseiramente estimar, chegaria então a 23+49+35+20= 127 bilhões. É um cálculo estimativo, aproximativo, reconhecemos, pois a corrupção, obviamente, recusa-se a ser medida com maior precisão. Mas não é, convenhamos também, uma estimativa desmedida, diante de tantos escândalos.
É considerável esse valor, perante nossos problemas? Dê o leitor a resposta, sabendo que em 2013 os gastos do governo federal foram: Segurança, 66 bilhões, Educação, 65 bilhões, Saúde, 31 bilhões, e Transportes, 19 bilhões. E todo o programa de governo de um presidenciável (Eduardo Campos) prevê um investimento de 125 bilhões de reais.