O stalinismo caboclo afia o discurso para desarmar população mas não os bandidos
09 maio 2015 às 09h50
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Volta à baila a questão do “desarmamento da burguesia”, com a tramitação do Projeto de Lei n° 3722/2012, do bravo deputado Rogério Peninha, na Câmara dos Deputados.
Relembremos alguns fatos:
1) No final do ano passado, coincidindo com o final da legislatura, o PT e o governo federal, com grande esforço, conseguiram que não fosse votado o projeto do deputado Peninha, embora fosse ele o detentor do maior apoio popular entre os projetos, sobre os mais variados assuntos, em trâmite no Congresso. Contava-se com a não reeleição do deputado, o que seria a morte do projeto. Mas o parlamentar, felizmente, para quem preza a liberdade e o direito sagrado da legítima defesa, foi eleito mais uma vez, e bem eleito. Com isso, fez voltar seu projeto à pauta.
2) Longe de revogar o Estatuto do Desarmamento (o que, para o bem do País, já deveria ter sido feito), o projeto de que falamos defende apenas algumas modificações em exigências absurdas dele constantes (como a renovação, extremamente, difícil, cara e burocrática, a cada três anos, dos registros de armas) e atenuar a discricionariedade e a prepotência com que autoridades negam, hoje, o direito do cidadão brasileiro de adquirir e em alguns casos, ainda que poucos e justos, de portar sua arma. Note-se que hoje, mesmo legal, esse direito é sistematicamente negado pelo governo petista.
3) Pela condição atual do Estatuto, o cidadão, por mais honesto que seja, se por infelicidade se esquecer de renovar seu registro de arma, passa a ser um fora da lei, e é tratado, como já aconteceu várias vezes, como bandido, podendo amargar uma absurda e revoltante prisão.
4) A despeito de apenas introduzir modificações limitadas e racionais no Estatuto, petistas e assemelhados lutam encarniçadamente para derrotar o projeto, e contam com a ajuda da imprensa de uma maneira geral, cujas redações continuam simpáticas ao governo federal, apesar da incompetência e desonestidade deste. Destaca-se, por extraordinária, a cobertura da Rede Globo, francamente contra o projeto do deputado Peninha; o que não é, porém, novidade: a Globo já havia há tempos adotado essa atitude desarmamentista.
Todo o marxismo nacional já se movimenta, na tentativa de afundar o projeto do deputado Peninha. Afinal, é um tema caro para o stalinismo caboclo desarmar a população. Muito mais acalentado do que desarmar os bandidos. Afinal, uma população insatisfeita com os rumos do “bolivarianismo” nacional deve ser mantida totalmente inerme, já bastando sua manifestação via das panelas, que não há como coibir. Mas não duvidem. Possível fosse, eles já teriam proibido as panelas.
Diria mesmo que o único tema equivalente ao desarmamento, nos sonhos dos “comissários” nacionais, é o da censura à imprensa, já tentado várias vezes, mas ao contrário do desarmamento, outras tantas vezes frustrado. Como o leitor, seus familiares, e quase todos os de nossas relações pertencemos à odiada classe média, ou burguesia, no dizer dos filósofos petistas tipo Marilena Chaui, somos, ipso facto, componentes das “classes opressoras”, enquanto os assaltantes e traficantes pertencem às pobres “classes oprimidas”, a quem nunca o capitalismo deu qualquer chance na vida. A esses sábios não interessa saber porquê esses marginais não buscaram ou buscam uma atividade honesta. Afinal, isso não interessa ao projeto de “hegemonia” do PT. Dilma já tentava, na semana passada, esquecida de que é ateia, socorro da Igreja Católica para barrar dois projetos: o do deputado Peninha e o que altera a maioridade penal. E não nos esqueçamos: Fernando Henrique Cardoso e a cúpula do PSDB a apoiam em ambas as coisas.
Há, embora não sejam claros os objetivos, um grande interesse de alguns setores externos no desarmamento dos brasileiros. ONGs brasileiras, como a Viva Rio e a Sou da Paz, nunca esconderam que recebiam gordas verbas de fora para tentar nos desarmar aqui dentro. Em particular, esse véu de mistério sempre se estendeu sobre grandes entidades, que, inexplicavelmente, defendem os projetos da esquerda e muitas vezes da esquerda mais radical, dos países do Terceiro Mundo, embora aparentemente não tenham nenhuma razão para fazê-lo, como são os casos da Fundação Ford e das empresas do especulador internacional George Soros. O que não se pode negar é que sempre houve, da parte dessas entidades estranhas a nossos problemas internos, um derramamento enorme de dinheiro diretamente nessa questão do desarmamento.
Aos que se esforçam para tentar convencer os “companheiros” das desvantagens do desarmamento, com argumentos sólidos e estatísticas verdadeiras, vai nosso aviso: não percam tempo. A questão não é de lógica, é de ideologia. Os esquerdistas que têm um pouco de discernimento e defendem o desarmamento como ferramenta de combate à violência, sabem muito bem que estão brandindo falsos argumentos. Estão à vista de todos os resultados da política adotada nestes últimos dez anos.
Só com muito cinismo e muitas falsas ou distorcidas estatísticas para afirmar que o Estatuto do Desarmamento trouxe algum benefício, por mínimo que seja, para quem é honesto, correto, trabalhador. Os relatos dos assaltados, e todos nós conhecemos alguém próximo (quando não nós próprios) que sofreu esse abuso, mostram a confiança, a tranquilidade, o menoscabo com que agem hoje os bandidos, certos de que suas vítimas terão sido desarmadas pelo governo e será seguro depená-las.
Entre os mistérios dessa campanha estão inseridos os programas da Globo defendendo o desarmamento. As razões da gigante da comunicação são tão impenetráveis quanto os das entidades estrangeiras como a Fundação Ford. Mas suas manifestações são de uma parcialidade e uma dedicação a toda prova. O programa Globo News mostrou no mês passado uma reportagem focalizando uma loja fajuta em Nova York, patrocinada por uma dessas ONGs suspeitas, cuja finalidade era fazer com que um pretenso comprador de uma arma desistisse de fazê-lo.
O programa terminava com um apelo ao desarmamento, criticando o número exagerado (no entender da emissora) de armas em mãos dos cidadãos americanos, como um absurdo, potencialmente gerador de violência. Faltou a honestidade de um fecho indiscutível: embora os americanos estejam muitas vezes mais armados que os brasileiros, a violência por lá é cerca de seis vezes menor, por grupo de cem mil habitantes, do que por aqui.
A revista “Época”, do mesmo grupo empresarial, em seu número 881, do final do mês passado, trouxe uma reportagem abrigando uma entrevista do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, a favor do desarme, e do filósofo Denis Rosenfield, contra. Mas o editorial da revista quebra o pretenso equilíbrio, ao defender violentamente o desarmamento, com estatísticas sem confiabilidade e argumentos inconsistentes, e quase infantis.
Quem tiver acesso à reportagem verá a pobreza dos argumentos de José Mariano Beltrame, diante dos de Denis Rosenfield. Não é de se estranhar. Beltrame é de inspirar pena. É um cidadão honesto, mas que não tem noção do que faz. Há oito anos à frente da Secretaria de Segurança carioca, só vê a violência aumentar. A bela cidade é uma das mais inseguras do mundo, onde, mesmo nos bairros mais ricos e privilegiados, assaltos, arrastões e venda de drogas subiram a níveis assustadores. É uma das poucas metrópoles do mundo onde a marginalidade domina extensas áreas urbanas.
A política vitrine de Beltrame, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que a superficialidade carioca apontava no seu início como solução de todos os problemas de violência, mostrou-se, com o passar do tempo, apenas uma medida cara e inócua, que funcionou somente como jogada eleitoreira, resultando ao final em policiais acuados nas favelas, muitas vezes atacados e mortos, sem que houvesse desmantelamento de quadrilhas, prisão de bandidos, diminuição no tráfico ou queda no número de ocorrências violentas.
Beltrame em sua fala, defendendo o desarmamento do cidadão, se jacta das armas apreendidas, e fala até em fuzis e metralhadoras, na sua candura esquecido que essas armas nada têm a ver com as pessoas comuns, que só têm acesso a armas de pequeno calibre. Conta como grande feito ter recolhido os fuzis da Polícia Militar, para evitar disparos perigosos. Chega a ser ridícula a não percepção de que, assim, só conseguiu deixar a sua polícia ainda mais que já era, inferiorizada em relação aos traficantes super-armados que dominam os morros cariocas e estão se lixando para as UPPs. Deveria ter recolhido, isso sim, os fuzis do tráfico, mas cadê poder? Parecem uns pândegos, esses desarmamentistas, mas não o são. Zombam de nossos direitos. Brincam com nossas vidas.