Governantes europeus se “preocupam” com a floresta amazônica, mas nada dizem sobre a Taiga siberiana. E por que não se falar dos problemas da Suécia?

Incêndio na Taiga siberiana | Foto: Reprodução

Em meio à desinformação promovida pela “grande imprensa”, os leitores do Jornal Opção recebem antes e melhor que os outros a verdade dos fatos. Um exemplo: os calotes anunciados na semana passada nos empréstimos feitos pelo BNDES a Cuba e Venezuela para obras nesses países já eram do conhecimento de nossos leitores há anos. Mais precisamente, nas datas mesmas em que foram feitos e anunciados, quando avisávamos que não seriam pagos.

Vamos levantar alguns fatos, esclarecendo o alarde que se faz sobre a nossa floresta amazônica. Quando se fala que a maior floresta do mundo está ameaçada, reside aí uma verdade, mas não nos diz respeito. Não é nossa floresta que está sob ameaça, embora haja uma grita geral em sentido contrário. Em primeiro lugar, a maior floresta do mundo não é a amazônica, com seus 5,5 milhões de quilômetros quadrados, mas a Taiga Boreal, com seus 17 milhões. Apenas a Taiga siberiana, que ocupa uma longa faixa ao norte do território russo, mede uma vez e meia a floresta amazônica. A taiga escandinava, que cobre parte dos territórios da Finlândia, da Noruega, da Suécia e ainda penetra na Rússia, tem área equivalente a mais de 2/3 da floresta amazônica Brasileira. A taiga canadense, sozinha, se estende por 3 milhões de quilômetros quadrados, mais de metade da Amazônia.

Todas essas florestas, que ocupam uma faixa mais ou menos contínua, entre os paralelos 50 e 60 graus do hemisfério norte, constituem a Taiga Boreal. São ricas em minerais, flora e fauna, e experimentam, elas sim, em maior ou menor grau, os efeitos da exploração econômica de seus países. E dos incêndios. E da poluição também, mas tudo sem os escândalos que fazem sobre nossas florestas tropicais.

Comecemos com os incêndios.

Incêndio em floresta da Suécia | Foto: Reprodução

Fez-se uma histeria com os focos de incêndio surgidos no Brasil no ano passado e neste ano, no Pantanal mato-grossense e na Amazônia. Todas as notícias surgidas foram no sentido de culpar o governo federal pelo que acontece, convenientemente esquecidos os órgãos noticiadores de que: 1) O presente ano foi excepcionalmente seco e quente; 2) Incêndios são uma constante, não só em nosso país, por combustão espontânea, raios ou descuidos, como na limpeza de roças, quando o fogo escapa ao controle. O que a imprensa não diz é que, apesar das condições desfavoráveis, tivemos no Brasil, em 2019, cerca de 30.000 focos de incêndio, número razoável na série histórica, mas que se tornaram enorme dor de cabeça para o governo federal, com acusações no estrangeiro de descaso, levadas o mais das vezes por maus brasileiros, servidores de ONGs suspeitas, artistas desmamados ou políticos da extrema esquerda.

Ninguém se lembrou de que na era petista o caso foi muito mais grave, e ocorreram, sob um lençol de silêncio, muito mais incêndios: em 2004, tivemos 43.000 focos de incêndio; em 2005, 63.000; em 2007, 46.000. Na Taiga siberiana, em 2019, foram observados 70.000 quilômetros quadrados de devastação por fogo. Ou seja, 7 milhões de hectares. Imaginem os leitores o calvário do presidente Bolsonaro se isso ocorresse em nossa Amazônia. Os excepcionais 30.000 quilômetros quadrados (3 milhões de hectares) queimados no Pantanal neste ano, totalmente espontâneos, já causam tantas acusações! E alguém culpou o presidente Putin pelos 7 milhões de hectares queimados? Ninguém se atreveu. Incêndios existem, pelos mais variados motivos, em todas as florestas do mundo, e são noticiados, seja em Portugal, seja nos EUA ou na Austrália, como fenômenos naturais, ainda que desastrosos. No Brasil passam a ser crimes de um homem só. E todos se esquecem que a floresta queimada se recompõe, ainda que hajam perdas a lamentar na fauna.

Quando se trata da exploração da floresta, a desinformação é ainda maior. Há exploração na Amazônia? Sim, legal e ilegal. A exploração legal obedece a critérios rígidos de preservação. A ilegal está sendo combatida pelo governo federal, na Operação Verde Brasil, chefiada pelo vice-presidente, o general Hamilton Mourão, cuja seriedade e competência não é posta em dúvida, nem pelos esquerdistas mais radicais, para quem ser militar já é pecado. Trata-se de tarefa enorme, e difícil, mas que está sendo cumprida. Madeireiras clandestinas têm sido desmontadas, garimpos ilegais são fechados e as ações estão se multiplicando. Ninguém, contudo, nem na imprensa internacional, tão encarniçada contra o Brasil, aborda com agressividade o que se passa na Taiga, em termos de exploração e devastação da floresta.

Greta Thunberg: a jovem ambientalista está muito preocupada com a Amazônia e pouco preocupada com seu próprio país, a Suécia? | Foto: Reprodução

No início do século 20, o consumo mundial de papel era cerca de 12 milhões de toneladas. Hoje está próximo dos 400 milhões. De onde vem a celulose para essa colossal produção? Grande parte vem da Taiga, onde a derrubada anual de árvores tem que ser enorme, para atender essa demanda. Basta perguntar quem são os grandes produtores e exportadores de papel. Entre os dez maiores estão Canadá, Finlândia, Suécia e Japão, todos com importantes florestas na Taiga, que são exploradas para a indústria, ainda que exista a reciclagem de papel usado e o replantio. A Suécia (nunca ouvi a ativista-mirim sueca Greta Thunberg se referir a isso) devasta, a cada ano, 1% de suas florestas na produção de papel e na extração de aço e cobre. Além disso, as outras indústrias, situadas na própria floresta ou em suas vizinhanças, são altamente poluentes. Na Rússia, na Taiga siberiana, a exploração mineral (carvão, ferro, ouro, diamantes, gás natural e etc.) é muito intensa, e o uso da madeira como combustível é generalizado. A indústria mineral, por razões econômicas, se processa nos próprios locais das extrações, isso é, em plena Taiga, com danos irreversíveis para o meio ambiente. Nenhuma ONG fala nada, até porque não há ONGs na Taiga siberiana. Há uma proibição expressa por parte do governo Putin. Já na nossa Amazônia, segundo as melhores estimativas, as ONGs são cerca de 16.000 (!), e no mais das vezes de origem ou de financiamento estrangeiro. O que fazem ali, em boa parte é um impenetrável mistério. E se alguém crê em suas boas intenções, é bom que se informe das nossas riquezas, principalmente do subsolo e fitoterápicas, passíveis de cobiça internacional.

Falemos um pouco da poluição das florestas. A nossa Amazônia é uma floresta não poluída, seja no que respeita aos rios e suas nascentes, seja no que respeita às próprias flora e fauna. As exceções, representadas por alguns garimpos furtivos, são mínimas. O mesmo não ocorre na Taiga. A Floresta Boreal, por sua própria localização, tem crescimento apenas nos meses de verão. Fica congelada na maior parte do ano. Ocorre que a poluição advinda da industrialização local vem prejudicando a incidência solar nestes meses de verão, diminuindo a fotossíntese e reduzindo o crescimento vegetal. O professor Alexandre Kirdyanov, da Universidade Federal da Sibéria, efetuou um estudo, tomando como amostra a floresta próxima à cidade de Norilsky, centro mineral siberiano (cobre, cromo, níquel e paládio). Parte da floresta está morrendo e não apenas pela redução da incidência de luz solar. As árvores mortas apresentavam alta concentração de metais e de enxofre, provenientes da poluição. O estudo mostra que está havendo uma redução da floresta desde os anos 1970, quando se intensificou a industrialização, e que parte do solo, próximo às concentrações industriais, também poluído, está impróprio para qualquer cultura vegetal. Mas o foco das atenções, as censuras da ONU, as críticas dos chefes de estado europeus se voltam apenas para nós e nossa Floresta Amazônica. Afinal, o gás de que a Europa precisa, para seu aquecimento, vem em grande parte da Rússia, bem como o papel e os metais de que sua indústria depende. Não convém para eles fazer algazarra com o que se passa na Taiga. Já com a floresta amazônica, é diferente. Até porque há, dentro mesmo do Brasil, muita gente que ajuda na desinformação.