Com tarifaço, Trump só empurra mais China para o Brasil

16 fevereiro 2025 às 14h05

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Parece haver uma certa desorientação por parte dos “trumpistas” brasileiros sobre como se portar diante das recentes iniciativas do presidente dos Estados Unidos. Antes bradando palavras de ordem e usando bonés com os famosos dizeres “Make America great again”, os tupiniquins que pensam ser ianques agora parecem confusos: devem ou não continuar elogiando bravamente Donald Trump diante do tarifaço de importação anunciado pelo presidente, e que terá impacto direto nos países do BRICS?
Trump já formalizou a tarifa de 25% sobre o aço e alumínio e ameaçou o BRICS – grupo econômico hoje composto por 10 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos – com tarifas de 100% caso resolvam “brincar com o dólar”, uma vez que o grupo já há algum tempo discute a possibilidade da adoção de moeda própria para transações comerciais, num processo de “desdolarização”.
Mas o tragicômico disso tudo é que, com a taxação desenfreada de Trump, iniciativa que o “laranjão” brande no ar como uma faca, o mais provável é que o Brasil se aproxime ainda mais do comércio chinês (os “comunistas” tão temidos e odiados pelo bolsonarismo e Cia.).
Empresários do ramo siderúrgico brasileiro têm anunciado um temor de que a postura de Trump viabilize uma “inundação” de produtos siderúrgicos da China – também alvo de taxação americana – no país. O presidente do Instituto Aço, Marco Polo Lopes, foi um dos que manifestaram preocupação com os efeitos da escalada protecionista de Trump.
“Toda vez que você fecha um grande mercado de maneira global, evidente que a primeira consequência é a possibilidade de desvio de comércio”, disse, em entrevista à CNN. “Esse mundo está de cabeça para baixo, vai piorar em função das decisões tomadas pelo governo americano”, alertou.
Como efeito, indústrias siderúrgicas do Brasil já iniciam uma pressão para que o governo federal também taxe, em 25%, o aço chinês como uma forma de compensação do ‘tarifaço’ de Trump, justamente para proteger a indústria brasileira.
Quem não se lembra do vídeo viralizado em que Eduardo Bolsonaro se atrapalha todo durante uma entrevista à uma TV norte-americana e, ao esquecer as palavras em inglês, solta um “Caralho, deu branco!”? E olhem que o rapaz chegou a pleitear o cargo de embaixador do Brasil nos EUA durante o governo de seu pai. Pois é. Uma reação semelhante – desconcertada, confusa e atônita – agora pode ser vista entre aqueles que antes diziam “Trump, save Brazil!”.